
Crédito: Divulgação - Federação Paulista de Futebol
Começo hoje o desafio de escrever para o Torcedores a coluna sobre o futebol do interior do eixo Rio-SP.
Gostaria, primeiramente, de fazer um agradecimento especial ao Renan Prates, parceiro dos tempos de Portal Terra, e ao Endrigo Chiri, que entendeu minha paixão pelos clubes interioranos e proporcionou esta oportunidade, a qual me sinto deveras honrado.
Quero, neste espaço, debruçar sobre o que acontece nos interiores dos clubes do interior. Compreender, a fundo, qual a enfermidade que minou e segue minando tantos clubes tradicionais do nosso futebol. Por ora, começo de estudo, lembro que a implantação da Lei Pelé, no final dos anos 90, foi um divisor de águas, quando a legislação sobre o passe de jogadores foi mudada.
Só que o que era para ser só bom, uma carta de alforria ao trabalhador, teve um efeito colateral extremamente danoso. Antes, os clubes detinham o ‘passe’ dos atletas, um instrumento jurídico que atrelava o jogador à agremiação. Sem contrato ou até sem salário, trocar de clube, só negociando com o ‘detentor dos direitos federativos’. Dureza para o ‘pé-de-obra’, mas garantia de receita para os clubes reveladores. Aí sim havia sentido em investir na base, lapidar, colocar na vitrine, para depois então colher os frutos e encher o bolso.
O resultado da suposta profissionalização, do ‘fim da ditadura dos clubes’, fez surgir uma figura muitas vezes – quase sempre – nefasta: o empresário privado, sempre de olho na oportunidade de fazer grana fácil ponteando a relação direta entre atleta e clube comprador. O jogador virou mercadoria e os clubes ricos passaram a ficar cada vez mais ricos. Os grandões da elite do futebol nacional se adaptaram e agradeceram, os europeus vibraram, mas os clubes pequenos… minguaram.
O futebol brasileiro não parou por isso, nem a revelação de atletas, que se produziu por outras vias, mas é claro que a identidade do futebol canarinho sofreu um baque com toda esta transformação. A pergunta, aparentemente exagerada, é: será que o sucateamento de uma penca de clubes do interior não tem relação com o fato de o Brasil não sentir o gostinho de uma Copa do Mundo há 17 anos? Com a perda da nossa identidade? O mundo muda, as relações de trabalho evoluem, mas é sempre bom olhar para a base da pirâmide e procurar o que pode ser melhorado, o que avançou, mas deixou sequelas. Ainda dá para consertar.
Pretendo, portanto, abrir este debate com o nobre leitor do Torcedores. Aprofundar o que está acontecendo de bom e de ruim nos clubes do interior. Conversar com jogadores, técnicos, dirigentes, membros da imprensa, analisar o que está se passando pela mente de toda essa gente. Para se ter uma ideia, você sabe quantos clubes disputam as quatro divisões do futebol paulista? Oitenta e nove. Destes, 63 são do interior – sem contar Grande São Paulo e litoral.
Todos os clubes que disputam o ‘profissional’ são obrigados pela Federação Paulista de Futebol a disputar pelo menos um dos três níveis das categorias de base: a dobradinha Sub 11 e 13, a dupla Sub 15 e 17 ou o Sub 20, que tem 1ª e 2ª divisões. O resumo desta ópera é que os 63 clubes ‘caipiras’ produzem 198 equipes de base, movimentando cerca de 4 mil garotos atrás do sonho de se tornar jogador profissional. Ainda tem as comissões técnicas, as equipes de arbitragem, os funcionários dos clubes, os familiares de todos… é muita gente envolvida. Este universo precisa ser olhado mais de perto, com mais atenção e carinho, porque ele é a raiz do esporte que amamos e, provavelmente, uma das chaves para a recuperação da identidade do futebol brasileiro.
Vamos em frente nesta empreitada, estão todos convidados a enxergar os bastidores do futebol do interior com outros olhos, agora também voltados para o futebol feminino. Vida longa à nossa parceria!
2ª divisão do Rio
Esta semana tivemos a definição dos dois caçulas que irão disputar a primeira divisão em 2020. O Friburguense superou o Goytacaz nos dois jogos de semifinal e será o quarto representante do interior na elite fluminense – os outros serão Volta Redonda, Resende e Americano de Campos. O tradicional América também garantiu o acesso ao superar o Bonsucesso na outra semi.
Neste sábado (5), às 15h, o Friburguense recebe o América no Eduardo Guinle pela primeira final. A finalíssima será no outro sábado (12), em Moça Bonita.
O regulamento do Campeonato Carioca é incrível. Um time pode cair e subir no mesmo ano, caso do ‘Ameriquinha’ do José Trajano. O Goytacaz de Campos caiu, mas não levantou.
Copa Paulista
Só restam oito clubes na competição, que dá ao campeão o direito de escolha entre uma vaga na Copa do Brasil de 2020 ou a Série D de 2020 – o vice-campeão fica com a vaga que sobra.
Pelo Grupo 1, XV de Piracicaba e Comercial de Ribeirão Preto têm 4 pontos, EC São Bernardo 2 e Linense 0. Pelo 2, São Caetano e Mirassol somam 4 pontos, Ferroviária 3 e Santo André 0.
Programão é ir a Piracicaba neste sábado (5), almoçar na Rua do Porto e, depois, às 17h, ir ao Barão de Serra Negra ver o XV encarar o Comercial. Antes, às 15h, a Ferroviária visita o São Caetano no ABC.
No domingo (6), às 10h, o Mirassol recebe o Santo André no José Maria de Campos Maia. Simultaneamente, o Linense visita o EC São Bernardo no Estádio 1º de Maio, local em que o ex-presidente Lula fazia seus discursos nas greves dos trabalhadores no início da década de 80.
Vale observar ainda que o EC São Bernardo não é o São Bernardo FC, o ‘Tigre’, que está na A2. Este São Bernardo é o autêntico Bernô, mais velho, preto e branco e que tem como mascote um cachorro da raça São Bernardo.
Os dois melhores de cada grupo avançam à semifinal.
4ª divisão de SP
Final de semana de definição dos semifinalistas. Os dois melhores da competição sobem para a A3 de 2020.
Nesta sexta (4), em Marília, num autêntico clássico do interior, o MAC bateu o São José por 2 a 0 e carimbou o seu passaporte para a semi.
No sábado (5), às 16h, o Paulista recebe o Assisense em Jundiaí e deve confirmar sua vaga após vencer em Assis por 2 a 0.
Domingo (6), às 10h, Fernandópolis vai ferver com o Fefecê recebendo o Rio Branco de Americana. No jogo de ida, vitória do Rio Branco por 2 a 1. Ao mesmo tempo, em Guarulhos, a Francana tentará o milagre de reverter a vantagem do Flamengo local, que venceu em Franca por 2 a 0.
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