Home Mídia Esportiva Nadador Daniel Dias conta sobre planos futuros e adiamento das paraolimpíadas

Nadador Daniel Dias conta sobre planos futuros e adiamento das paraolimpíadas

Pequim, 2008. O Brasil conquistava 47 medalhas nas paraolimpíadas, sendo 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Mas um atleta chamou atenção naqueles jogos, e que ninguém imaginaria que se tornaria o maior atleta paralímpico do Brasil, o estreante Daniel Dias.

Felipe Silva
Fala pessoal! Meu nome é Felipe Silva, tenho 19 anos e sou estudante de jornalismo. Sou apaixonado por esportes e principalmente futebol, a coisa que mais amo na vida. Busco realizar meus sonhos na área e aprender cada dia mais com meus colegas de profissão, cujo tanto admiro. Estou aberto a qualquer coisa, seja um bate papo, sugestão e crítica. Um grande abraço!

Na madrugada do dia 24 de maio de 1988, em Campinas, nasceu Daniel de Faria Dias, com má formação congênita dos membros superiores e perna direita. Paulo, pai de Daniel, contou em um texto publicado no site do atleta como foi aquela madruga do nascimento do filho. “Quando Daniel nasceu chorei muito sem saber o porquê. Mais tarde fomos comunicados que nosso filho era um garoto que não tinha os pés e nem as mãos.

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Choramos muito e pedimos forças a Deus. Quando pudemos nos levantar e ir ao seu encontro, aqueles corredores da Santa Casa pareciam não ter fim. Ao nos encontrarmos frente ao Daniel e passar a mão em sua pele ele sorriu. Jamais esqueceremos aquele momento emocionante”, relata Paulo.

 

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Mas o tempo passou, e Daniel criou uma paixão pela natação no começo dos anos 2000, quando pequeno, se atentava as conquistas do então nadador Clodoaldo Silva, um dos maiores atletas paralímpicos da história do Brasil. Em 2006 Daniel disputou pela primeira vez um campeonato mundial, na África do Sul. Na ocasião, conquistou três medalhas de ouro e duas de prata. Dois anos depois foi a vez de brilhar nas paraolimpíadas de Tóquio, conquistando nove medalhas, sendo quatro de ouro, quatro de prata e uma de bronze. Nada mal para um estreante, né?

 

Mas Daniel não parou por aí. Nas olimpíadas seguintes de Londres-2012 e Rio-2016, o brasileiro se tornou o maior medalhista paralímpico de natação de todos os tempos, com 24 medalhas.

 

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Tive a honra de bater um papo com o maior atleta paralímpico do Brasil, e ele pode contar um pouco da sua vida e de sua trajetória no esporte.

 

 

Como foi a sua infância? Sofreu algum tipo de preconceito por conta de suas limitações?

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– Tive uma infância relativamente normal. Brinquei com meus amigos e primos de tudo. Mas confesso que sofri preconceito sim quando entrei na escola infelizmente.

 

Como foi o primeiro contato com a natação? O que te fez interessar pela modalidade?

– Eu assisti ao Clodoaldo Silva ganhando medalhas para o Brasil nas Paraolimpíadas de Atenas em 2004 e só então descobri o esporte paralímpico. Logo na sequência comecei as minhas aulas de natação.

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O que te fez perceber que você estava no caminho certo e que era a natação que você queria levar pra vida?

– Acredito que tenha sido na minha primeira competição, em 2005. Um campeonato brasileiro onde ganhei minha primeira medalha, uma de bronze. Me senti realizado e soube que queria continuar a nadar.

 

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Para um atleta chegar as olimpíadas é um caminho árduo e de muito esforço. Pode contar como foi o trajeto até a sua primeira paraolimpíada?

– Foi tudo bem rápido e natural. Comecei a competir em 2005. Em 2006 eu já estava disputando meu primeiro Mundial e logo chegou Pequim 2008 onde eu ganhei nove medalhas. Com muito treino e dedicação nós conseguimos realizar nossos sonhos. Eu tinha acabado de assistir Atenas 2004 pela televisão, e já estava vivendo Pequim 2008 ali.

 

Como é ser tratado como um dos maiores atletas da natação da história?

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– É um privilégio muito grande. Fico muito feliz com o reconhecimento de todos. É uma grande alegria na verdade poder inspirar pessoas a seguirem os seus sonhos seja dentro ou fora das piscinas.

 

 

As paraolimpíadas de 2020 foram adiadas para o ano que vem. No que isso te afeta e como é lidar com essa situação pela primeira vez?

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– Foi tudo tão inesperado, não? Mas fiquei aliviado com o adiamento, estava preocupado com a segurança de todos. Enquanto atleta refiz meu planejamento técnico com minha equipe multidisciplinar e estarei pronto para dar o melhor de mim no momento dos Jogos.

 

Há algo que ainda te falta na carreira? E por último, deixe uma mensagem para aqueles que sonham em ser atletas, mas ainda lhes faltam um incentivo.

– Creio que não. Já sou realizado de muitas maneiras. Só quero cada vez mais ser melhor que ontem. Sempre busco a melhor versão de mim mesmo. Aos atletas eu digo para que sigam firmes em seus propósitos. Que não desanimem diante das dificuldades, porque elas vão aparecer mesmo. Lembrem-se sempre do motivo pelo qual começaram a jornada e vislumbrem o final feliz porque valerá a pena todo esforço do treino. E treinem! É no treino que se ganha a medalha.

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