“O Brasil está 20 anos atrás da Europa no cenário competitivo de FIFA” diz Rodrigo Fiora, da SPQR
O CEO da SPQR, Rodrigo Fiora, falou ao Torcedores sobre o cenário competitivo brasileiro de FIFA
Rodrigo Fiora com jogadores brasileiro durante a Fut Champions Cup 1 do FIFA 19, na Romênia (Créditos: Esportsrank)
Não é novidade para ninguém o sucesso que a série FIFA faz no Brasil. A EA Sports conseguiu captar a paixão do brasileiro pelo futebol e transformou o país em um dos seus principais mercados consumidores. Segundo dados divulgados na WB Games Summer, até agosto de 2019, foram vendidas mais de 6 milhões de cópias do game por aqui. Tudo isso sem contar os números do FIFA 20, mais um sucesso de vendas, não só no Brasil, como no mundo todo.
Se pelo lado casual as coisas vão bem, o investimento no cenário competitivo do Brasil ainda engatinha. Não existem muitas equipes virtuais, e os clubes reais ainda relutam muito em entrar nesse tipo de mercado. Com uma baixa movimentação neste meio, existem poucas equipes brasileiras realmente relevantes nos torneios de FIFA.
Recentemente o Cruzeiro lançou um time de eSports, porém com investimento majoritariamente de terceiros. A Netshoes entrou no mercado em 2017, criando a NSE, e continua no cenário. Entretanto, existem vários casos de equipes que ‘fecham as portas’ no meio do caminho. A Arte Virtual, por exemplo,participou do mundial de clubes do FIFA 18 e não conseguiu manter suas atividades.
É até contraditória essa situação. Como um mercado consumidor tão forte, não consegue desenvolver um cenário competitivo de alto nível? Além disso, não conseguir criar uma liga virtual doméstica, ou ter algum qualify sendo disputado por aqui?
RODRIGO FIORA E O PROJETO SPQR
Rodrigo Fioravante é o fundador da SPQR, equipe brasileira que surgiu em 2018 e berço de alguns grandes nomes da atualidade. Entre os revelados estão Paulo Neto, do Atlanta United, Victor ‘Tore’, do Ajax e SennadoBone, atualmente no Cruzeiro.

Josaci ‘SennadoBone’, Rodrigo Fiora, e Paulo Neto durante as seletivas para eNations 2019 (Foto: Reprodução/Instagram)
Fioravante, em entrevista ao Torcedores, deu sua opinião sobre o cenário competitivo no Brasil e comparou com a Europa. “Nós estamos uns 20 anos atrás da Europa no cenário competitivo de FIFA. Aqui falta um calendário de verdade. Nós não temos isso. Um Pro Player que queira planejar sua temporada aqui, não consegue.”
Ele também citou a falta de investimento e de licenciamento da EA. “Acho que falta investimento por parte das empresas no Brasil. Mas isso também tem referência com a falta de comunicação e organização da EA Sports.” É bom lembrar que o Brasil não tem uma liga virtual com o ‘selo’ da EA desde 2017. Até Malta tem uma liga nacional de FIFA.
Recentemente, foi anunciada a KOEL Clubs. Uma competição independente que reúne 12 clubes. Entre eles, alguns de muito renome, como Sporting, Wolves e a própria SPQR. Rodrigo Fiora elogiou a iniciativa, mas lembrou que é um torneio que serve só para treinamento. “É uma boa iniciativa, serve para movimentar o mercado, para treinamento, mas não é oficial. O ideal é que tivéssemos um torneio da EA por aqui”.
SOBRA QUALIDADE, FALTA OPORTUNIDADE
Mesmo sem muito suporte, vários jogadores brasileiros têm se destacado no cenário do FIFA. Em fevereiro, Zezinho venceu a Fut Champions Cup 4, em Paris. Ele foi o primeiro brasileiro à vencer um mundialito, mas é frequente a presença de Pro Players do Brasil nas fases finais de torneios.
Fifilza, do Wolves, foi vice-campeão geral na Fut Champions Cup 1 do FIFA 20. Na temporada anterior, Pedro Resende já tinha batido na trave ao também ser vice-campeão geral na Fut Champions Cup 3, perdendo para Nicolas99fc.
Atualmente o Brasil é, junto com a Inglaterra, o país com mais jogadores na zona de classificação para a FIFA eWorld Cup. São sete Pro Players dentro do top 16 no Ranking Global Series: Resende, SpiderKong, Vini e Gabriel PN no Xbox; Zezinho, Fifilza e Paulo Neto no PS4.

Zezinho bateu o campeão mundial de 2018, MsDossary, na final da FCC 4 (Foto: Reprodução/Twitter)
ÊXODO DE TALENTOS
Dos sete citados, cinco atuam por equipes estrangeiras. Apenas Vini, da NSE, e Gabriel PN da R10 Team ainda não foram atuar lá fora. Com um bom investimento, talvez todos esses estivessem jogando em solo brasileiro, fortalecendo e movimentando o cenário nacional.
O gaúcho Miguel ‘SpiderKong’, atualmente na Roma, confirmou que o principal problema daqui é a falta de dinheiro e não de qualidade. “A maior diferença é o dinheiro mesmo. Caso tivéssemos isso aqui, as equipes brasileiras fariam um trabalho tão bom quanto as grandes de fora. Eu ja joguei pela NSE, por exemplo, e sei que eles têm profissionais de muita qualidade. Só falta o investimento financeiro”.
Rodrigo Fiora também lembrou da quantidade de jogadores que temos no Brasil e falou sobre as Seletivas SPQR. “Nós recebemos várias mensagens, todos os dias, perguntando como entrar na SPQR. Por isso, decidimos criar as seletivas. A intenção é dar chances aos bons jogadores que temos por aqui. São mais de 110 participantes nesta primeira edição”. A fase de mata-mata das seletivas começou no começou em fevereiro e deve ter o seu término em março, assim revelando mais dois novos talentos do FIFA brasileiro.
O título de Zezinho, do Benfica, talvez sirva como incentivo para que esse cenário brasileiro evolua cada vez mais. Se mesmo sem tanta infraestrutura, o Brasil tem, neste momento, o maior número de jogadores classificados para a Copa do Mundo, imagina com dinheiro e apoio?
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