Após fazer história em Pequim, Nicole Silveira projeta chegar ao pódio nos próximos Jogos Olímpicos de Inverno
Nicole Silveira foi a 13ª no skeleton, o segundo melhor resultado de uma atleta do Brasil na história de todas as Olimpíadas de Inverno
Divulgação / Instagram Nicole Silveira
A edição 2022 dos Jogos Olímpicos de Inverno foi marcada por um desempenho histórico de Nicole Silveira. Em sua primeira participação olímpica no skeleton, a atleta encerrou a competição na 13ª colocação geral. Antes dela, o melhor resultado tinha sido obtido com Isabel Clark, 9ª colocada no snowboard em Turim 2006.
O crescimento de Nicole em quatro anos é surpreendente. Tanto que neste ano ela já tinha feito história na disputa da Copa América, onde ela foi campeã conquistando três medalhas de ouro consecutivas. E os voos, ou melhor dizendo, descidas da atleta, prometem ser mais ambiciosos.
Em entrevista exclusiva para o Torcedores.com, Nicole Silveira comentou sobre sua experiência na China, meta para os Jogos Olímpicos de 2026 e sobre como difundir a modalidade no Brasil.
Torcedores.com – Como foi sua experiência na China?
Nicole Silveira – Eu fui para a China em outubro para um evento teste e tive oportunidade de conhecer a pista, mas não fiquei na Vila Olímpica. Conhecer a Vila foi algo diferente, nunca tinha participado de nada parecido.
A pista é única, não existe nenhuma outro no mundo igual. Toda fechada, com curvas que não vê em outros lugares. A infraestrutura foi muito bonita, no meio das montanhas. A Vila em si, parecia que você estava no filme do Mulan. Foi uma experiência muito incrível, conviver com outros atletas olímpicos e poder me chamar de atleta olímpica.
T – Como foi a reação das rivais por conta dos seus resultados recentes?
NS – Ano passado participei da Copa do Mundo, a primeira vez numa competição que é o nível mais alto que posso participar. Eu não sentia que merecia estar lá, não achava que estava neste nível.
Do início da temporada para o final teve essa evolução e chega neste ano eu usei a experiência que consegui na Copa do Mundo para disputar a Copa América e consegui esses resultados. No final das Copas Américas tinha gente falando que tinha medo de entrar na Copa do Mundo, porque eu ia estar lá para ser competitiva. Deu para ver que tinha um outro aspecto de respeito, os times maiores já sabiam que estavam lá, me respeitando e me vendo como uma atleta de alto nível. Foi bom para minha confiança e para o resto do mundo ver que estou lá para competir.
T – Quais os principais desafios para praticar o skeleton?
NS – A parte física de corrida e ter acesso aos equipamentos são as maiores dificuldades. Mas vamos ter uma pista de push no Brasil, que poderá ser usada tanto para bobsled como para o skeleton. Mas o custo de uma temporada é algo sério. Viajar para as disputas, equipamentos, testar lâminas diferentes, é algo que impacta.
T – É possível sonhar com medalhas nos próximos Jogos Olímpicos?
NS – Vendo o desempenho dos últimos três anos, se eu continuar tendo essa mesma evolução, com certeza me vejo no pódio. Pelo menos no Top-5. Eu aprendi muito na China. Sei que vou levar isso para a Copa do Mundo, para a próxima temporada. E espero chegar em pelo menos em um pódio.
T – O que precisa ser feito no Brasil para que possamos deixar de se apenas o “país do futebol” e mostrar força em outras modalidades?
NS – Eu acho que no começo é isso que vocês estão fazendo, a divulgação do esporte. Ninguém sabia o que era o skeleton antes. Mostrar para o Brasil que tem outras modalidades e com potencial competitivo. Não quero ser a única, quero ajudar no crescimento do esporte do Brasil.
Mas precisamos de pessoas para nos ajudar na divulgação e que queiram investir no crescimento, em algo diferente do futebol.

