Home Futebol Vitória sobre o Red Bull Bragantino indica necessidade de ajustes na Ferroviária; confira a análise

Vitória sobre o Red Bull Bragantino indica necessidade de ajustes na Ferroviária; confira a análise

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação das equipes comandadas por Roberta Batista e Rosana Augusto no jogo disputado neste sábado (12)

Por Luiz Ferreira em 13/03/2022 19:00 - Atualizado há 4 anos

Jonatan Dutra / Ferroviária SA

A Ferroviária foi tema de análise antes do início do Brasileirão Feminino aqui mesmo neste espaço no início do ano por conta da ótima atuação na janela de transferências. As contratações de nomes como Eudmilla, Yngrid, Faby Gauto e várias outras ótimas jogadoras indicava o desejo das Guerreiras Grenás de competir num nível ainda mais alto. A equipe de Roberta Batista começou bem o Brasileirão Feminino com vitórias sobre a ESMAC e sobre o Red Bull Bragantino da lenda Rosana Augusto. No entanto, o triunfo sobre o Massa Bruta deixou bem claro para este que escreve que a Ferroviária ainda necessita de ajustes finos em todos os setores. Primeiro por conta do entrosamento (que só virá com o tempo). E depois por conta da necessidade de se dar ritmo às suas principais jogadoras.

O panorama costuma ser o mesmo em todo início de ano. Ainda que a Supercopa Feminina seja uma boa ideia para abrir a temporada do futebol feminino brasileiro, é sempre preciso lembrar que algumas equipes estão fazendo seu segundo jogo em 2022 e que algumas das ideias passadas pelos treinadores e treinadoras ainda estão sendo assimiladas pelas atletas. É o caso da Ferroviária e dos reforços que chegaram por lá. Roberta Batista já deixou clara a sua preferência pelo 4-3-3/4-1-4-1 e montou sua equipe dentro dessa formação com Rafa Andrade e Yngrid armando o jogo e encostando no trio ofensivo formado por Larhy, Mylena Carioca e Suzane. Mais atrás, Luana protegia a última linha de defesa.

Só que o Red Bull Bragantino manteve a postura agressiva, com marcação alta e muita pressão na portadora da bola (exatamente como nos bons primeiros minutos da derrota para o Corinthians). Inicialmente, Rosana Augusto apostou num 3-5-2 de muita movimentação ofensiva (com Luana e Ariel infernizando a vida de Ana Alice e Camila) e as ótimas chegadas de Lay e Joyce pelos lados do campo. Estas eram responsáveis por abrir o campo e permitir que Lelê, Raquel e Mylena pudessem atacar o espaço que aparecia na intermediária ofensiva. A impressão que ficava era a de que a Ferroviária encontrava muita dificuldade para entender essa movimentação das suas adversárias. E Luciana salvou a equipe com boas defesas mais uma vez.

Ferroviaria vs Red Bull Bragantino - Football tactics and formations

Formação inicial das duas equipes em Jarinu. Roberta Batista acomodou suas jogadoras num 4-3-3 mais nítido e Rosana Augusto apostou no 3-5-2 e na movimentação constante na frente.

A primeira etapa nos mostrou um Red Bull Bragantino muito mais insinuante e muito mais perigoso nas tramas ofensivas. Primeiro por conta da altíssima intensidade nas trocas de passe e na pressão na portadora da bola (pontos fortemente defendidos por Rosana Augusto). O 3-5-2 poderia se transformar também num 4-3-3 ou até mesmo num 4-2-4 com o avanço de Taba para o meio-campo dependendo da necessidade da equipe na partida. O início de partida ruim de Luana, Yngrid e Rafa Mineira (que chegou a desperdiçar uma penalidade no segundo tempo) facilitou muito a vida do Massa Bruta. E para piorar a situação das Guerreiras Grenás, Carol Tavares teve que deixar o jogo logo aos 15 minutos por conta de lesão sofrida numa dividida com Joyce. O Bragantino fazia tudo certo. Faltava só acertar o pé nas conclusões a gol e vencer a sempre decisiva Luciana.

Rosana Augusto apostou num 3-5-2 de muita amplitude com as subidas de Lay e Joyce para o ataque e com Ariel e Luana empurrando a defesa afeana para trás. A Ferroviária demorou para encontrar seu jogo no primeiro tempo. Foto: Reprodução / YouTube / Red Bull Bragantino

Embora já tenha conseguido equilibrar a partida no final do primeiro tempo, a Ferroviária começou a dominar mais as ações no campo após o intervalo, com as entradas de Victória Liss, Aline Milene, Fany Gauto e Eudmilla. Com mais qualidade no passe e mais velocidade no terço final, as Guerreiras Grenás foram tomando conta dos espaços e conseguia levar perigo ao gol de Karol Alves mesmo jogando com suas linhas um pouco mais baixas do que as das suas adversárias. Agora era a vez do Red Bull Bragantino sofrer um pouco com a intensidade e a movimentação às costas da defesa. Exatamente como aconteceu no único gol da partida deste sábado (12). Aline Milene recebe ainda na linha do meio-campo e faz o passe no espaço que Eudmilla atacou. A camisa 13 carregou a bola, entrou na área e chutou cruzado. Belo gol.

Aline Milene entrou no segundo tempo e melhorou a produção ofensiva da Ferroviária. Jogando mais recuada, a experiente camisa 7 deu encontrou Eudmilla se lançando no meio das zagueiras do Bragantino no lance do único gol da partida. Foto: Reprodução / YouTube / Red Bull Bragantino

É verdade que o mais importante de tudo são os resultados. E eles nos mostram uma Ferroviária mais intensa e insinuante nas tramas ofensivas. No entanto, a sensação que ficou da vitória sobre o Red Bull Bragantino foi a de que a equipe de Roberta Batista superou a de Rosana Augusto na base do preparo físico e das peças disponíveis no banco de reservas. Ponto esse que reforça a tese de que a diretoria afeana vem investindo forte para fazer as Guerreiras Grenás subirem de patamar. No entanto, está claro para este que escreve que o escrete de Araraquara ainda precisa de tempo para o melhor entrosamento e para os ajustes que se fazem necessários em todos os setores. Embora tenha melhorado de desempenho no segundo tempo, a volante Luana foi muito mal nos primeiros 45 minutos. Ela e todo o sistema defensivo da Ferroviária.

Difícil não ver Fany Gauto jogando ao lado de Yngrid no meio-campo num futuro próximo. E dependendo do contexto, Aline Milene pode ser útil jogando mais recuada, como a “camisa 10” que joga atrás das atacantes ou até como “falsa nove”. Certo é que, apesar dos ajustes necessários, a Ferroviária de Roberta Batista tem ótimas alternativas no elenco. E isso é importantíssimo para quem deseja subir de patamar e conquistar grandes coisas no futebol feminino.

EM EVOLUÇÃO - Bastidores e melhores momentos do jogo contra a Ferroviária, pelo Brasileiro Feminino
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