Seleção Feminina Sub-17 repete boa atuação coletiva e aplica sonora goleada sobre uma Venezuela pouco competitiva
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a última partida do Brasil na fase de grupos do Sul-Americano e as escolhas de Simone Jatobá
Adriano Fontes / CBF
A Seleção Feminina encerrou sua participação na fase de grupos do Campeonato Sul-Americano Sub-17 com 100% de aproveitamento. Foram quatro vitórias em quatro rodadas, com 21 gols marcados (média de incríveis 5,25 por jogo) e nenhum sofrido. Já classificada para o quadrangular final (que classifica três equipes para a Copa do Mundo Sub-17 na Índia), o escrete de Simone Jatobá voltou a mostrar sua força diante de uma frágil e pouco competitiva Venezuela nesta quinta-feira (10) com mais uma goleada para a coleção de bons resultados. Os 6 a 0 em cima da “Vinotinto” também serviu para que a treinadora brasileira pudesse dar minutos a outras jogadoras e consolidar seu esquema de jogo. Os destaques individuais da partida vão para Jhonson (autora de dois gols), Duda Calazans, Carol e Dudinha. Mais uma bela atuação coletiva brasileira.
Mais uma vitória pra conta! 💚💛
Com gols da Jhonson (duas vezes), Flavinha, Carol, Rhaissa e Dudinha, a #SeleçãoFeminina Sub-17 venceu a Venezuela por 6×0 e garantiu o 100% na fase de grupos!
O primeiro jogo do quadrangular final será no domingo, dia 13! 👊 pic.twitter.com/J31k17UTe5
— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) March 10, 2022
Um dos pontos mais trabalhados por Simone Jatobá nessa fase de grupos do Sul-Americano Sub-17 é a intensidade da sua equipe. Conforme já mencionado várias vezes por este colunista, essa palavrinha mágica tão usada nos nossos dias atuais faz referência a times que pensam e executam suas funções de maneira rápida e precisa. A Seleção Feminina tem um plano de jogo muito bem baseado num 4-2-3-1 (embora a equipe tenha se organizado num 4-3-3 em determinados momentos da goleada sobre a Venezuela) e sabe muito bem o que fazer, como fazer e quando fazer com e sem a bola. E para que o jogo do escrete canarinho tenha fluidez, é preciso manter o ritmo e a concentração em níveis bem altos.
Na partida desta quinta-feira (10), Simone Jatobá deu chances para jogadoras como Luiza e Duda Calazans, Yasmin e Flavinha. A disposição do time em campo pouco mudou. A Seleção Feminina alternava momentos de pressão mais alta com um bloco mais médio de marcação (mais ou menos na altura do meio-campo). Tudo para que o trio ofensivo do escrete canarinho tivesse espaço para explorar a fragilidade defensiva da Venezuela. Jhonson abriu o placar aos quatro minutos e Flavinha aumentou no minuto seguinte sempre em jogadas de profundidade e passes precisos. Como o que originou a penalidade em cima da camisa 9 e o gol de Carol, o terceiro da vitória brasileira em cima da “Vinotinto”.

Dudinha recua, abre o corredor e faz o lançamento para Jhonson às costas da última linha da Venezuela. A penalidade originou o terceiro gol brasileiro. Imagens: Reprodução / SPORTV
Se a equipe de Simone Jatobá se organizava num 4-2-3-1 (ou até mesmo num 4-3-3 dependendo do posicionamento de Ana Júlia ou Duda Calazans no meio-campo), em fase defensiva, o escrete canarinho se fechava com duas linhas com quatro jogadoras bem compactadas. Além de fechar o espaço de circulação das venezuelanas, esse posicionamento também facilita a transição ofensiva assim que a posse é retomada pelas jogadoras brasileiras. Aos 39 minutos da primeira etapa, o Brasil já vencia por quatro a zero (Jhonson fez o segundo dela na partida após belíssimo cruzamento de Dudinha do lado direito de ataque). E a centroavante brasileira só não balançou as redes mais uma vez porque foi flagrada em impedimento duvidoso após Duda Calazans saltar para a pressão, roubar a bola e acionar Carol e Jhonson na intermediária de ataque.

Duda Calazans salta para a pressão, Jhonson e Carol tabelam e a camisa 9 sai na cara do gol. A ordem na Seleção Feminina é abrir espaços e atacá-los sempre. Imagens: Reprodução / SPORTV
Assim como aconteceu em outras partidas do Sul-Americano Sub-17, a Seleção Feminina diminuiu um pouco o ritmo no segundo tempo depois da alta intensidade apresentada nos primeiros 45 minutos. Como consequência disso, a Venezuela começou a se lançar (um pouco) mais ao ataque na tentativa de um golzinho de honra. E ele quase veio após passe mal feito de Ana Júlia para Yasmin na frente da área brasileira aos 17 minutos da segunda etapa. Apostol roubou a bola e partiu na direção do gol, mas a goleira Leilane fez grande defesa na única vez em que foi exigida na partida. Por mais que a Seleção Feminina não tenha sido lá tão testada na fase de grupos do Sul-Americano, vale lembrar que a própria Simone Jatobá falou em concentração alta várias vezes na competição. Esse lance é um bom exemplo do que não deve ser feito. Ainda mais em “jogos grandes”.

Yasmin perde a bola na frente da área e Apostol só para na grande defesa de Leilane. Faltou concentração nas jogadoras brasileiras para fazer a saída de bola. Imagens: Reprodução / SPORTV
Rhaissa fez o quinto no lance seguinte à defesa de Leilane e Dudinha fez o sexto após belo lançamento de Lara pelo lado direito. Os 6 a 0 sobre a Venezuela garantiram a campanha perfeita para a Seleção Feminina na fase de grupos e aumentou bastante a confiança da equipe de Simone Jatobá. A vaga na Copa do Mundo Sub-17 parece estar bem próxima, é verdade. No entanto, os jogos contra Chile, Paraguai e Colômbia (sendo este último o adversário mais forte da equipe brasileira na competição) vão exigir muito mais do escrete canarinho em termos de concentração, intensidade e consistência. O nível técnico será bem mais alto do que aquele visto na fase de grupos do Sul-Americano. E é exatamente por isso que qualquer deslize (como o da animação acima) pode ser fatal. Mesmo para a forte Seleção Feminina. É preciso abrir o olho.
O Brasil enfrenta o Chile neste domingo (13), às 18h30. Três dias depois (no dia 16 de março), o escrete comandado por Simone Jatobá encara o Paraguai também às 18h30. Já a esperada partida contra a Colômbia (um dos países da América do Sul que mais tem evoluído no futebol feminino) está marcada para o sábado (19), às 20h30. É bem difícil não acreditar na classificação da Seleção Feminina para a Copa do Mundo Sub-17. Mas todo cuidado será pouco a partir do próximo final de semana.


