Jornalista questiona engajamento de clubes brasileiros em causas sociais; entenda

Enquanto o futebol brasileiro sofre com um caso de acusação de racismo, feita pelo volante Edenilson, do Internacional, contra o lateral português Rafael Ramos, do Corinthians, Eduardo Tironi questiona o fato de que as questões que envolvem os clubes sejam colocadas na frente da discussão sobre questões sociais importantes como a luta contra o racismo e contra a homofobia.

Em declaração no site UOL News Esporte, o jornalista cita a manifestação dos clubes de futebol nesta terça-feira, que foi o Dia Internacional de Combate à Homofobia e a maneira como os clubes colocaram questões de rivalidade acima da própria causa. O Corinthians, por exemplo, ignorou a cor verde ao utilizar a bandeira do arco-íris, que é um dos símbolos da luta contra a Homofobia, e o Palmeiras, que em uma publicação usou somente o verde.

Veja o que disse o jornalista

“Eu sempre acho que essas coisas, os clubes lamentavelmente no Brasil abraçam até a página 3, a gente teve ontem o Dia Mundial contra o Preconceito LGBTQIA+ e aí os clubes postaram nas suas redes sociais porque isso dá aquela melhorada na imagem, é muito bacana e tal, e aí o Corinthians posta a bandeira do arco-íris sem verde porque o verde é do Palmeiras, o Palmeiras posta uma mensagem só com verde porque verde é a cor do Palmeiras. Aí não tem mensagem, aí você está focado exatamente no clubismo e esquece a questão de preconceito homofóbico”

E completou dizendo:

“É por isso que eu acho também que os clubes precisam abraçar essa coisa de uma maneira mais firme e não só de maneira protocolar”

Eduado Tironi diz que no próprio caso do racismo denunciado por Edenilson, muitos torcedores defendem Rafael Ramos ou o condenam antes mesmo da resolução do caso pensando somente nos interesses do próprio clube.

“Nesse caso de racismo do jogo do Corinthians contra o Internacional, no fim das contas a discussão ficou uma discussão ‘meu time tem razão’ ou ‘meu time não tem razão’. Claro que ninguém sabe o que aconteceu ainda, tem que ser apurado”, disse o jornalista.

“Clubes, torcida, entidades precisam entrar mais firme nessa questão contra o preconceito racial ou homofóbico, é sempre tudo muito suave, muito até a página 3 e quando envolve clube, o clubismo toma conta, eu acho isso lamentável”, completou Tironi.