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Internazionale conquista a Copa da Itália com méritos, intensidade e emoção para dar e vender

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória sobre a Juventus de Massimiliano Allegri e as escolhas de Simone Inzaghi

Por Luiz Ferreira em 12/05/2022 11:23 - Atualizado há 1 mês

Internazionale conquista a Copa da Itália com méritos, intensidade e emoção para dar e vender

A Internazionale superou a Juventus e conquistou a oitava Copa da Itália da sua riquíssima num jogo completamente imprevisível e cheio de variáveis. É possível dizer que a partida desta quarta-feira (11) foi uma bela amostra da imprevisibilidade do velho e rude esporte bretão e de como ele não se deixa controlar. Não somente pelas duas viradas que aconteceram nos cento e vinte minutos de partida no Estádio Olímpico de Roma, mas por todo o conjunto da obra. Por outro lado, o time comandado por Simone Inzaghi tem todos os méritos na construção do resultado (e na conquista de mais um título) porque soube como se adaptar melhor aos cenários que iam sendo construídos durante a decisão na capital italiana. Superar a Juventus de Massimiliano Allegri não é tarefa fácil. É por isso que a Copa da Itália 2021/22 está em ótimas mãos.

Também é preciso dizer que o gol marcado por Barella logo aos seis minutos condicionou todas as ações da primeira etapa. Aliás, é interessante como todo o lance mostra uma das características marcantes da Internazionale de Simone Inzaghi: a intensidade na movimentação e na ocupação dos espaços. Todo o time avança e arrasta a defesa da Juventus para trás enquanto o camisa 23 sai da esquerda para dentro, ajeita o corpo e acerta um belo chute no canto esquerdo do goleiro Mattia Perin. Esse mecanismo para bagunçar as linhas do seu forte adversário foi visto várias e várias vezes durante todo o jogo no Olímpico de Roma. Ainda que os movimentos não fossem executados da melhor maneira em determinados momentos.

No entanto, ao invés de “La Vecchia Signora” se desesperar, o que se viu em campo foi exatamente o contrário. O time comandado por Massimiliano Allegri assimilou o golpe, reorganizou suas linhas e partiu para tentar o empate. Bernardeschi e Cuadrado voltavam pelos lados para fechar a segunda linha e liberavam Dybala e Vlahovic para circular por toda a intermediária. Mais atrás, Rabiot organizava a saída de bola e Zakaria infiltrava mais e procurava o espaço entre as linhas da Internazionale. Tudo para tentar encontrar um mínimo espaço no meio da linha de cinco jogadores montada por Simone Inzaghi na frente da área do ótimo goleiro Handanovic e garantir o resultado na grande final da Copa da Itália.

Formações iniciais das duas equipes no Estádio Olímpico de Roma. Simone Inzaghi manteve seu 5-3-2 mais nítido na Internazionale e Massimiliano Allegri apostou num 4-4-2/4-2-4 numa Juventus mais móvel e muito intensa no ataque.

Vale destacar aqui que a Juventus foi mais intensa e criou mais chances de gol no primeiro tempo do que a Inter. Tudo por conta da maneira como o escrete de Turim manipulava os espaços entre as linhas do 5-3-2 de Simone Inzaghi. Cuadrado aparecia por fora, Danilo abria o campo, Vlahovic arrastava a marcação e os demais jogadores se distribuíam nos buracos abertos entre a defesa e o meio-campo nerazzurri. Se Dybala recuava até a intermediária, Zakaria avançava e se alinhava com os pontas. Não foi por acaso que Handanovic fez duas grandes defesas nos primeiros 45 minutos de partida e foi um dos principais responsáveis pela vitória parcial da Internazionale. Mesmo organizada e bem coordenada, a equipe de Milão sofria horrores com a intensidade do escrete comandado por Massimiliano Allegri.

A Internazionale sofreu com a movimentação constante do sistema ofensivo da Juventus. Embora o 5-3-2 de Simone Inzaghi estivesse organizado, o time de Massimiliano Allegri conseguia manipular os espaços. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

A vantagem da Inter no placar acabou aos quatro minutos da segunda etapa, momento em que Handanovic não segurou chute forte da entrada da área desferido pelo brasileiro Alex Sandro. A essa altura, o time de Massimiliano Allegri já jogava com Morata no ataque e Cuadrado recuado para a lateral-direita por conta da lesão de Danilo no finalzinho do primeiro tempo. Dois minutos depois de empatar a partida em Roma, “La Vecchia Signora” deu aula de contra-ataque na construção de todo o lance do gol da virada (marcado por Vlahovic). Morata carrega a bola e vê Bernardeschi livre passando por dentro. Este passa de peito para Dybala e o argentino lança o camisa 7 da Juventus em profundidade. Apenas o ala Darmian estava na cobertura defensiva e viu a Internazionale ser completamente envolvida em todo o lance.

Morata avança pelo lado e vê o deslocamento de Bernardeschi, Dybala e Vlahovic no espaço que se abriu na defesa da Internazionale. O gol da virada da Juventus foi uma aula de contra-ataque bem construído. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Logo depois da virada da Juventus, Simone Inzaghi mandou Dimarco, Dumfries e Joaquín Correa para o jogo nos lugares de Darmian, D’Ambrosio e Dzeko. A Internazionale deixou o 5-3-2 de lado e teve no avanço de Perisic para o ataque como ponta pela esquerda como a sua principal arma ofensiva. Em números, o escrete nerazzurri se organizou num 4-3-3 muito móvel e intenso nas suas transições. O volume de jogo deu resultado aos 34 minutos da segunda etapa, quando Çalhanoglu empatou a partida batendo pênalti. É possível afirmar que a saída de Danilo enfraqueceu bastante o sistema defensivo da Juventus. Mas o ponto que merece atenção está no recuo excessivo de “La Vecchia Signora” após virar o placar. Bonucci entrou no lugar de Bernardeschi e a equipe de Turim perdeu o seu desafogo ofensivo.

Do outro lado, a Internazionale tinha Perisic em noite inspiradíssima para explorar o lado direito da defesa da Juventus e se revezar com Alexis Sánchez (substituto de um exausto Lautaro Martínez) no setor. Simone Inzaghi mandou Vidal para o jogo no lugar de Çalhanoglu, mas não mudou o desenho tático e nem mexeu na postura ofensiva da sua equipe. E o treinador nerazzurri acabou premiado com a penalidade de De Ligt em cima de De Vrij que Perisic converteu com segurança aos oito minutos do primeiro tempo da prorrogação. A Juventus (que já havia voltado para o 4-4-2 com o brasileiro Arthur no lugar de Chiellini. E ainda houve tempo para a Inter encaixar mais um belo contra-ataque (nas costas de Cuadrado) com Dimarco pelo lado esquerdo e ver Perisic fechar o placar num belo chute da entrada da área.

Dimarco avança pela esquerda no espaço às costas de Cuadrado e vê Perisic aparecendo por dentro. Todo o lance do quarto gol da Internazionale foi muito bem construído e explorou bem a desorganização da Juventus. Foto: Reprodução / YouTube / ESPN Brasil

Com a vantagem obtida ainda no primeiro tempo da prorrogação, bastou a Internazionale administrar o jogo e comemorar a sua oitava Copa da Itália após o apito final. Título merecido por conta do que eu e você vimos no jogo desta quarta-feira (11). Ainda que algumas oscilações sejam perceptíveis durante uma partida, que se viu no Estádio Olímpico de Roma foi um time que soube muito bem como se adaptar aos diferentes cenários que a decisão apresentou e que entendeu o que deveria fazer com e sem a bola. A Juventus, por sua vez, fez aquilo que estava a seu alcance. Mas não dá pra separar a derrota para o escrete nerazzurri da saída de Danilo no primeiro tempo e do recuo excessivo da equipe depois que Vlahovic virou o placar na segunda etapa. Acaba que Massimiliano Allegri também deve suas explicações.

É verdade que a conquista do Campeonato Italiano não é tão simples quanto pode parecer. Mesmo assim, a conquista da Copa da Itália pode ter dado a confiança necessária para que a Internazionale de Simone Inzaghi faça sua parte contra Cagliari e Sampdoria e torça por pelo menos um tropeço do Milan. Certo é que a vitória sobre a Juventus e a quebra de um jejum de onze anos sem “La Coppa Italia” é o tipo de feito que merece sim ser celebrado por torcedores, jogadores e comissão técnica.

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