Dívidas, retorno baixo e mais: veja a situação financeira do São Paulo em 2021
Após uma gestão financeira desastrosa, na era Leco, clube vê um panorama preocupante e dívida bater um novo recorde sob nova gestão
Reprodução / Blog Daniel Perrone
No dia 1 de janeiro de 2021, utilizando um discurso de reconstrução do clube do Morumbi, o São Paulo elegeu Júlio Casares como o seu novo mandatário.
Naquele momento, o clube passava por um abismo financeiro e uma crise de performance em campo.
Logo após um ano e meio sob essa nova gestão, o clube divulga os primeiros resultados financeiros.
Em resumo, os números apresentados continuam péssimos e com um agravante, o clube atingiu R$ 106 milhões de deficit.
Além disso, houve três prejuízos em valores acima de R$ 100 milhões, algo que até então era inédito no clube.
Em reportagem ao “GE”, em março, Julio Casares deu duas justificativas para esses números.
Uma que o deficit foi menor do que o do seu antecessor para o período e a segunda que a decisão de não vender jogadores fez aumentar os prejuízos.
“Se nós tivéssemos vendido dois jogadores em dezembro, estaríamos aqui dizendo que teríamos um superávit um pouquinho maior. Mas nós resolvemos assumir um déficit maior neste balanço para que o São Paulo, em 2022, possa caminhar para um resultado final muito melhor”, disse o presidente do São Paulo.
Situação financeira do São Paulo
Ao analisar a situação econômica do tricolor, podemos ver um clube em profunda crise.
Logo após passar por uma gestão que elevou ao endividamento a números recorde, a nova administração ultrapassou esses números.
Em virtude de todas as questões que explicaremos abaixo, o São Paulo se aproxima de R$ 700 milhões em dívidas.
Mesmo com um aumento no faturamento, isso não tem sido o suficiente para amenizar a atual situação, como poderão ver nos próximos tópicos.
Receitas obtidas
Se somarmos dos direitos de transmissão e as premiações, podemos perceber um aumento em comparação a antiga gestão.
Porém, como os torneios de 2020 se encerraram em 2021, por conta da pandemia, os valores recebidos foram postergados para esse novo ciclo.
Se colocarmos as receitas em seus respectivos anos, sem contar a pandemia, a receita de 2021 seria menor do que a de 2020 e maior que a de 2019.
Uma notícia boa para o clube foi o aumento em R$ 20 milhões no faturamento dos departamentos comercial e marketing.
Esse valor teve aumento devido aos novos contratos com patrocinadores, publicidade e produtos licenciados.
Na questão de bilheteria, por conta da pandemia e da proibição de acesso a arquibancada, o valor ficou abaixo da média histórica.
Um dos pontos fortes e que o clube sempre se escora é a venda de jogadores. As vendas ficaram acima dos R$ 100 milhões de reais na temporada passada.
Valor da dívida do São Paulo
Em 2021, o clube bateu o recorde de endividamento, chegando perto da casa dos R$ 700 milhões de reais.
As dívidas que deverão ser pagas no curto prazo, baixaram de um ano para o outro.
Em 2022, o clube começou o ano com R$ 305 milhões a serem pagos ao longo do período.
Esse valor ainda é maior do que de fato deveria, pensando que o São Paulo é um clube que arrecada perto de R$ 400 milhões e opera no vermelho.
Mas, a boa notícia, é que o valor que precisa ser pago de forma “rápida” é menor do que o esperado.
Os empréstimos, algo que o clube se apoia muito, são pontos importantes que merecem atenção.
Em 2021, o clube obteve R$ 172 milhões em empréstimos, sendo que R$ 123 milhões foram para quitar dívidas anteriores.
Esse sistema fez com que o clube aumentasse o seu endividamento com as instituições financeiras.
A diretoria alongou os prazos com os bancos para aliviar a pressão financeira e ganhar um fôlego para os próximos 2 anos.
E essa questão, consequentemente, ficará para a próxima (ou mesma) gestão em 2023, quando será escolhido um novo presidente.
Além disso, o São Paulo conseguiu no final do ano passado a adesão ao Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).
Esse programa foi criado pelo governo para ajudar empresas ao longo da pandemia. O clube registrou no programa R$ 82 milhões em dívidas.
Dessa forma, a dívida foi parcelada e o clube iniciou o ano com 59 parcelas a pagar no âmbito previdenciário e 144 parcela nas demais.
No setor trabalhista o São Paulo vem tendo dificuldades. Os valores provenientes a ações trabalhistas estão aumentando nos últimos 3 anos.
Mesmo com muitos acordos, o clube vem tendo problemas nesse setor.
Como fica o futuro do clube?
Em suma, o clube precisa mudar a sua mentalidade financeira urgente.
Mesmo não tendo o maior faturamento do país, continua gastando como se estivesse.
Para se ter uma ideia, no ano de 2021, o clube tinha a 4ª maior folha salarial do Brasil.
Além disso, as premiações de torneios são alternativas para um melhor desempenho econômico, porém não tem conseguido conquistar títulos nos últimos anos.
Tomar valores de instituições financeiras para sanar dívidas do hoje, criarão uma bola de nove para o amanhã dentro da instituição.
O clube não tem feito uma gestão austera de seus recursos, reduzindo gastos, baixar o endividamento e conseguindo melhores resultados em campo de forma imediata.
O mandato de Julio Casares vai até 2023 e as decisões tomadas precisas ser coesas com a necessidade do clube.
Adversários do tricolor já estão agindo nessa busca de melhorar as finanças buscando capital de novos “donos”, com as SAFs.
Mas essa é uma realidade que não deve ocorrer no Morumbi.
Por fim, se quiser reconstruir o São Paulo, destruído pelas dívidas, Casares precisará romper com diversas crenças e vícios e tornar o futuro do clube sustentável e vencedor.
Isto é, a receita é gastar menos, pagar compromissos e buscar soluções que possam ajudar o clube a longo prazo.
Entretanto, até o momento, o que se vê são os mesmos problemas dos mandatários anteriores e pouca solução para um grande clube que vive agonizando dentro e fora de campo.

