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Brasileirão Série C: Remo é punido por homofobia contra jogador do Paysandu

Torcedores do Remo ironizaram o goleiro Thiago Coelho, do Paysandu, após o fim do jogo válido pela rodada 13 do Brasileirão Série C

Por Octávio Almeida Jr em 02/09/2022 19:00 - Atualizado há 3 anos

John Wesley/Paysandu

Já eliminado no Brasileirão Série C, o Remo foi punido por cantos homofóbicos proferidos contra o goleiro Thiago Coelho, do Paysandu, após a realização do jogo válido pela 13ª rodada da primeira fase.

Nesta sexta-feira (2), o Superior Triunal de Justiça Desportiva (STJD) multou o clube azulino em R$ 10 mil.

A decisão foi unânime e proferida pela Quinta Comissão Disciplinar do órgão judiciário.

Responsável por apresentar a denúncia, o procurador Álvaro Augusto Cassetari reconheceu que o canto, por si só, não representa preconceito.

É um ato que faz parte do futebol há muito tempo. Entretanto, mesmo assim deve ser combatido.

“A Fifa tem buscado combater o chamado preconceito estrutural seja ele qual for: de sexo, raça, política ou religião”, iniciou Cassetari.

“Assim, tem-se, por claro, que cantos entoados pelas torcidas, ainda que não importem em atos discriminatórios propriamente ditos, mas apenas desdenhosos ou ultrajantes, são portas abertas para a intolerância no ambiente social”, argumentou o procurador.

Depois de ouvir a leitura do processo e assistir a vídeos que funcionaram como provas, o procurador João Marcos Figueiredo também se manifestou favorável à punição.

“O mundo mudou. A realidade de 2022 é absolutamente diferente da de 20 anos atrás. E isso é um dever que cada um precisa ter na conduta”, comparou.

“Por mais que para uns não pareçam ter um caráter ofensivo, condutas dessa natureza, com esse tipo de cântico, são incabíveis, sustentou Figueiredo.

Responsável por defender o clube azulino, o advogado Osvaldo Sestário argumentou que a ocorrência não foi registrada na súmula da partida.

Além disso, pediu que o STJD levasse em conta a forte rivalidade esportiva entre Remo e Paysandu para julgar a favor da absolvição, o que não ocorreu.

“Não consigo conceber isso como uma questão de preconceito. Xingar a mãe, que ao meu ver é muito grave, pode?”, questionou.

“Tem que ser feita uma campanha preventiva, partindo da entidade que administra o futebol. Aqui é uma questão que os torcedores estavam ali para zoar o jogador que já defendeu o Paysandu e era reserva”, finalizou Sestário.

O relator do processo, Eduardo Mello, não acatou os argumentos da defesa remista.

“O caso não é de uma torcida gritando para outra. É leviano se é direcionado ao atleta”, julgou.

“Independentemente do atleta ter se sentido ofendido ou não, o artigo é claro. Os fatos são desrespeitosos, desdenhosos e ultrajantes. Por isso, condeno o Remo”, concluiu Mello.

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