Milene Domingues detona Pia Sundhage após eliminação da seleção brasileira
A ex-jogadora não perdoou a técnica da equipe feminina do Brasil após queda na Copa do Mundo Feminina
Reprodução / Apostologos (YouTube)
Na última quarta (2), a seleção brasileira foi eliminada do Mundial de futebol feminino ao empatar em 0 a 0 com a Jamaica. Em entrevista ao portal Apostologos.com após a eliminação, a ex-jogadora Milene Domingues não viu ‘culpa’ das jogadoras, mas disparou críticas à técnica Pia Sundhage, avaliando que a sueca não tem objetivo definido na Amarelinha.
“Não quero ser crítica, tentar achar um culpado pela eliminação. Foram vários fatores que pesaram. Mas o comando, desde que começou a Copa do Mundo, pecou. Jogamos três jogos com três times titulares diferentes. Quem está lá, não tem coerência. E os jogadores perdem a confiança no comando”, avaliou a ex-jogadora. Em seguida, Milene Domingues levantou dúvidas sobre as ações de Pia Sundhage no comando da seleção brasileira.
“A Lauren foi titular no primeiro jogo, no segundo, e no terceiro saiu para a entrada a Kathellen. Por que a Marta, que entrou 10 minutos no primeiro jogo, 15 no segundo, foi titular e capitã no terceiro?”, questionou Milene.
As criticas de Milene Domingues endereçadas a Pia Sundhage ocorrem após o Brasil ser eliminado na fase de grupos da Copa do Mundo Feminina, empatando o último jogo em 0 a 0 com a Jamaica. A técnica sueca foi contratada pela CBF em 2019 para elevar o nível da equipe feminina que veste a Amarelinha, mas acabou repetindo marca negativa de 1995, a última vez que se despediu do Mundial nessa etapa.
Milene Domingues destaca pontos que põem em xeque o trabalho de Pia Sundhage na seleção brasileira após eliminação
Apesar de direcionar critica à técnica sueca, a ex-jogadora poupou as atletas que vestiram a Amarelinha nesta campanha do Mundial, entendendo que críticas ao trabalho são necessárias. “Elas devem vir. Só assim você consegue resolver os problemas. As várias visões ajudam a corrigir a rota. O que não podemos questionar é a infraestrutura”, disse Milene Domingues. Segundo a ex-jogadora, proporcionar condições adequadas às jogadoras não deve ser uma ‘contraparte’ para os resultados.
“Ter uma infraestrutura não é sinônimo de vencer. Não é por causa da infraestrutura que o futebol feminino está passando a ter no Brasil que as jogadoras têm a obrigação da vitória. Ele não pode ser moeda de troca. A infraestrutura é o mínimo que as jogadoras merecem para trabalhar. Mas a cobrança tática, técnica, ela deve existir. Se você perguntar qual é a forma que o Brasil gosta de jogar, não tem uma resposta clara. Cada jogo foi uma coisa na Copa do Mundo”, apontou a ex-jogadora.
“É preciso ter uma forma de jogar e não sair daquilo que é pensando, independentemente das peças que se tenha. É ter um estilo de jogo e não ficar mudando. Ela precisa escolher uma forma de o Brasil e sustentá-la. Se um dia jogo de uma maneira, no outro jogo de outra, isso é ruim”, analisou Milene Domingues sobre o trabalho da técnica sueca na seleção brasileira feminina.
“Ainda mais na seleção brasileira, normalmente sem tempo para treinar. Às vezes tenho a sensação de que nem a Pia sabe o que ela quer realmente, para o time. Isso contra a França ficou bem nítido. Ela dizia que tinha plano A, B e C e depois não funcionou nenhum desses planos e o Brasil perdeu”, disparou a ex-jogadora. Na visão de Milene, Pia Sundhage precisa deixar evidente os planos para a seleção brasileira ter boas atuação e resultados. “Então é preciso ficar claro como o Brasil joga, o sistema de jogo, o que ela quer das atletas, e sustentar isso, independentemente do que for”, concluiu Milene.
Por fim, Milene Domingues fez uma análise do jogo do Brasil contra a Jamaica, que renderia a eliminação ainda na fase de grupos. “Faltou o gol para a seleção. O Brasil, se fizesse o 1 a 0, faria o segundo, o terceiro gol. Como uma ex-atleta, eu sei que isso aconteceria. Várias vezes vimos a Jamaica com cinco, com seis jogadoras na linha atrás”, apontou Milene.
Apesar de destacar que um gol da Amarelinha poderia deixar o caminho aberto para as brasileira, a ex-jogadora também ressaltou que as jamaicanas ofereceram perigos. “Elas começaram o jogo com quatro, e depois foram aumentando, ao verem que o Brasil estava chegando. E a Jamaica ainda teve chance de marcar. Ela jogou no contra-ataque e tem uma atacante muito rápida. Cada um joga com o que tem de melhor. As jamaicanas jogaram pelo empate e assim fizeram”, disse Milene.
Por fim, Milene Domingues opinou sobre o que faltou à seleção brasileira comandada por Pia nesta edição da Copa do mundo Feminina. “Faltou ao Brasil ser mais inteligente. Passam os minutos, a ansiedade cresceu, e as tomadas de decisão passam a ser equivocadas. Vimos jogadoras indo juntas na mesma bola. A inteligência tem de prevalecer. No esporte, temos essa vontade, esse ímpeto, acabamos individualizando as responsabilidades. Passou muito por isso. A calmaria que os europeus têm, os americanos têm, nessa hora, nós não temos. A nossa passionalidade faz isso, pecamos muitas vezes nas tomadas de decisão”, palpitou a ex-jogadora.


