Governo do RJ inicia análise sobre naming rights do Maracanã, Fla-Flu esperam R$ 70 milhões por ano
Negociação do nome do estádio é um desejo de Flamengo e Fluminense
Maracanã. Foto Alamy
O Governo do Estado do Rio de Janeiro deu um primeiro passo sobre uma possível venda dos naming rights do Maracanã. A equipe técnica iniciou a análise para determinar se o desejo de Flamengo e Fluminense é possível.
A Secretaria da Casa Civil será a responsável por conduzir o processo. O órgão vai revisar a legislação vigente, o edital de concessão e o tombamento histórico do estádio. Embora o edital não previsse nem proibisse essa prática, será preciso esclarecer os limites legais antes de qualquer negociação.
Posição do Iphan sobre mudanças no estádio
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já se manifestou anteriormente sobre o tema. Segundo o órgão, é possível explorar comercialmente o nome do Maracanã, mas existem restrições claras.
Qualquer alteração na fachada precisa ser aprovada previamente. Isso é uma exigência pelo Decreto-Lei nº 25 de 1937, que protege bens tombados contra modificações sem autorização. Além disso, mesmo que a venda ocorra, o nome oficial continuará sendo Estádio Jornalista Mário Filho.
Flamengo e Fluminense projetam o maior contrato do país
Flamengo e Fluminense visam alcançar o maior contrato de naming rights da história do futebol brasileiro. Inicialmente, os clubes estimavam uma arrecadação anual de 40 milhões de reais. No entanto, novas projeções indicam a possibilidade de alcançar até 70 milhões por ano.
A negociação é vista como uma grande oportunidade para gerar receitas extras. Apesar disso, o tema ainda divide opiniões dentro do governo estadual. Enquanto alguns defendem a venda apenas de setores específicos, outros avaliam a possibilidade da mudança total do nome.
Governador demonstra cautela diante da proposta
O governador Cláudio Castro já se pronunciou sobre o assunto. Em declarações anteriores, ele reconheceu o potencial econômico da proposta, mas destacou a complexidade do processo. Segundo ele, a venda do nome principal enfrenta “ceticismo e dificuldade”.
Ainda assim, há expectativa de uma resposta oficial sobre o avanço das tratativas até o fim de outubro. Caso o governo aprove a negociação, o Maracanã poderá se tornar o estádio com o contrato mais valioso do país.
Fla-Flu e a concessão de 20 anos
Flamengo e Fluminense conquistaram a concessão do estádio em 2024, válida até 2044. O clube rubro-negro possui 65% da participação no consórcio, enquanto o tricolor detém 35%.
No plano inicial de negócios, não havia previsão de comercializar o nome do estádio. Porém, a dupla decidiu incluir essa possibilidade após assumir a gestão. O objetivo é aumentar as fontes de renda e consolidar o modelo de administração autossustentável.
Dependência de aprovação do governo e do Iphan
A autorização para avançar com a venda depende totalmente do governo estadual e do Iphan. Ambos precisam garantir que o processo respeite o valor histórico e cultural do Maracanã.
Até o momento, o governo informou que não recebeu consulta formal do consórcio Fla-Flu. Já o Flamengo, que lidera a operação, segue elaborando um plano comercial para apresentar oficialmente às autoridades.
Exemplos de concessões com naming rights no Brasil
A legislação brasileira permite a comercialização do nome de estádios públicos. Contudo, o nome original deve ser mantido em conjunto, como ocorre em outros casos pelo país.
A Itaipava Arena Fonte Nova, na Bahia, e a Mercado Livre Arena Pacaembu, em São Paulo, são exemplos dessa prática. Ambas mantêm uma parte da identidade original em respeito ao patrimônio público.
Curiosamente, a proposta apresentada anteriormente pelo Vasco e pela WTorre já previa essa exploração. O consórcio derrotado na licitação estimava receitas de 10 milhões de reais anuais com os naming rights.
Projeções financeiras e comparação com outros estádios
O consórcio Fla-Flu trabalha com valores muito superiores. Em cenários mais modestos, calcula-se pelo menos 40 milhões por ano. Em projeções mais otimistas, o contrato poderia chegar a 70 milhões anuais.
Se isso se confirmar, o Maracanã superará todos os acordos vigentes no país. Atualmente, o contrato mais alto é o da Mercado Livre Arena Pacaembu, avaliado em 1 bilhão de reais por 30 anos, ou cerca de 33,3 milhões anuais.

