Justiça mantém John Textor no comando do Botafogo até nova análise
Americano segue à frente da SAF, mas fica proibido de tomar decisões sem aval da Eagle até nova audiência arbitral
John Textor não gostou da arbitragem na final da Libertadores (Vitor Silva/Botafogo)
A Justiça do Rio de Janeiro decidiu manter John Textor no comando do Botafogo. A decisão desta segunda-feira (13) ocorreu mesmo após anular decisões tomadas pelo empresário em reunião realizada no dia 17 de julho. A decisão é do juiz Marcelo Mondego de Carvalho Lima, da 2ª Vara Empresarial da Capital.
O magistrado determinou que o processo será reavaliado pela Câmara Arbitral da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda sem data marcada. Até lá, Textor continua como responsável pela gestão da SAF do Botafogo, mas com restrições importantes.
De acordo com a sentença, o americano não poderá realizar novos atos societários sem a presença de um representante da Eagle Football, grupo que detém participação no clube. Além disso, fica proibida a emissão de novas ações ou a realização de contratos com empresas ligadas a Textor.
Entenda a decisão judicial
Na prática, a Justiça anulou a reunião em que Textor havia aprovado a transferência de créditos e ativos do Botafogo para uma nova empresa nas Ilhas Cayman, bem como um empréstimo de R$ 650 milhões. O objetivo dessa operação era aumentar o capital da SAF e consolidar o empresário como sócio majoritário.
O juiz considerou que tais decisões foram tomadas sem a presença de representantes da Eagle Football, o que fere o acordo societário firmado entre as partes. A medida também impede qualquer movimentação financeira até que o caso seja analisado pela FGV.
Entre os pontos definidos pela Justiça, estão:
- Suspensão dos efeitos da assembleia de 17 de julho e de todos os atos subsequentes.
- Proibição de novos atos societários sem a presença da Eagle.
- Bloqueio de novas emissões de ações.
- Proibição de contratos com empresas de Textor até a nova análise arbitral.
Possível acordo entre as partes
Apesar da decisão limitar os poderes do empresário, o juiz Marcelo Mondego destacou em sua decisão que há espaço para um entendimento entre as partes. Segundo ele, existe “possível composição amigável e pronta solução do conflito”.
John Textor já havia declarado que não pretende mais transferir ativos do Botafogo para uma SAF registrada nas Ilhas Cayman. No entanto, o executivo ainda resiste em conceder à Eagle acesso total às informações financeiras do clube.
O impasse entre Textor e o grupo Eagle começou após divergências sobre o controle acionário e o destino dos investimentos no Botafogo. A Eagle alega que as operações planejadas poderiam reduzir sua participação na SAF, o que motivou a disputa judicial.
SAF do Botafogo vive novo capítulo de incertezas
Com a decisão, John Textor obtém uma vitória parcial, já que continua comandando o futebol alvinegro. Porém, o cenário segue indefinido. As medidas judiciais impedem qualquer tentativa de alteração no quadro societário até a análise da Câmara Arbitral da FGV.
O grupo Eagle segue representado por Christopher Mallon, que recentemente deixou o cargo de diretor independente da SAF. Um novo representante deve ser nomeado nos próximos dias para acompanhar as decisões internas.
Textor reafirma compromisso com o Botafogo
Mesmo em meio à disputa, John Textor reafirmou que pretende seguir à frente do Botafogo e garantiu que não abandonará o clube. Em declarações recentes, o americano afirmou que “vai morrer no Botafogo” e que seu compromisso é de longo prazo.
Enquanto o caso não tem desfecho, o empresário segue responsável pela gestão esportiva e financeira da equipe, que vive momento de estabilidade dentro de campo, mas ainda enfrenta indefinições fora dele.
Com o processo agora sob análise da FGV, o futuro da SAF do Botafogo segue em aberto. Até a decisão final, Textor permanece no comando — mas sob vigilância jurídica e com poder limitado sobre o clube.

