Real Madrid inicia movimento para vender parte do clube e se aproxima de modelo de SAF

O Real Madrid deu um passo histórico. Segundo o jornal El País, o clube decidiu vender entre 5% e 10% de sua estrutura a um investidor. A operação não transforma o time, de imediato, em uma SAF, mas aproxima os merengues de um modelo semelhante ao de Sociedade Anônima Desportiva. A medida abre uma discussão inédita dentro do clube e deve ganhar força nos próximos anos.

Florentino Pérez apresentou a proposta a conselheiros e destacou que a venda teria dupla função. Primeiro, atrair investimento externo. Depois, estabelecer uma referência de mercado sobre o valor do clube. O presidente afirmou que o Real Madrid vale cerca de 10 bilhões de euros. Desse modo, qualquer compra de 10% exigiria ao investidor um aporte de 1 bilhão de euros.

Regras para manter o controle dos sócios

Apesar da abertura ao capital externo, o clube pretende manter sua atual estrutura de governança. O investidor que adquirir os 10% não poderá ampliar essa participação no futuro, mesmo que outras cotas sejam colocadas à venda. Florentino quer evitar concentração de poder.

Os outros 90% ou 95% do clube continuarão divididos entre os cerca de 100 mil sócios. Assim, o controle permanece nas mãos da comunidade madridista. Essas participações só poderão ser transferidas entre sócios que cumpram os requisitos exigidos. Florentino Pérez reforçou mais uma vez que o clube precisa seguir sob comando dos associados.

A proposta, no entanto, não será votada na assembleia marcada para 23 de novembro. Esse primeiro encontro servirá apenas para apresentar o projeto e iniciar o debate interno.

Como funcionaria o processo de venda

Para que o Real Madrid possa vender parte do clube, será necessária uma Assembleia Extraordinária. Essa reunião deve autorizar o início de um referendo aberto aos 100 mil sócios. A aprovação depende de maioria absoluta, ou seja, mais de 50 mil votos favoráveis.

Se a proposta avançar, uma Comissão Mista será formada. O grupo reunirá representantes do Conselho Superior de Desportes, da LaLiga, da Federação Espanhola e jogadores. A função será avaliar o preço pago pelo investidor e discutir como as ações serão distribuídas. Depois disso, haverá um prazo de nove meses para concluir a alocação das participações.

Clube prepara terreno para mudanças futuras

O movimento indica que o Real Madrid está disposto a adaptar seu modelo para competir globalmente. O clube busca novas fontes de receita, especialmente em um cenário no qual rivais europeus já adotam modelos empresariais ou possuem grandes investidores.

Embora a mudança não transforme o Real em uma SAF de imediato, o processo coloca o clube em direção a uma nova era. A discussão interna deve se intensificar nos próximos meses, enquanto Florentino Pérez tenta equilibrar modernização e manutenção da tradição.