Ex-repórter da Globo, Tino Marcos se destacou na cobertura da Seleção Brasileira durante os 35 anos que permaneceu na emissora carioca, onde teve a oportunidade de cobrir, por exemplo, oito edições de Copa do Mundo e seus Olimpíadas. Em entrevista ao programa ‘Bola da Vez’, da ESPN, o jornalista revelou uma história de bastidor do Mundial de 1994, disputado no Estados Unidos e que terminou com a conquista do tetra do Brasil.
“Eu não lembro o motivo, mas nós estávamos no lobby do hotel, e o Muller – eu não lembro em que momento da Copa nós estávamos, mas foi no decorrer da Copa – disse para nós, eu não lembro baseado em quê, mas ele disse ‘a gente não vai a lugar nenhum nessa Copa. A Seleção não vai ser campeã. Dentro o ambiente não é bom, as coisas não rolam muito bem, a energia não é grande coisas, a gente não vai longe’. Eu sempre pensei anos depois naquilo. Eu tinha ali uma fala importante de um jogador que não virou notícia. A maneira da gente trabalhar na época, não tinha câmera e não tinha nada ali do lado, aquilo não era uma abordagem muito possível ou normal. Eu fiquei com aquilo. Aquilo é como se fosse uma confidência. Me marcou como algo que eu não aproveitei como notícia”, contou Tino Marcos.
O jornalista acredita que a revelação de Muller poderia ter influenciado negativamente a campanha do Brasil na Copa do Mundo de 1994 caso a conversa tivesse sido divulgada na época.
“Acho que isso traria uma repercussão muito grande internamente, dentro da Seleção. Eu não sei como seria a postura do Muller, se ele assumia, enfim. Mas o fato é que uma declaração como essa… imagina nos dias de hoje, sendo publicada e o Brasil perdendo depois, evidentemente que as pessoas iriam relacionar uma coisa a outra”, avaliou.
Durante a entrevista, Tino Marcos ainda falou sobre a relação da torcida com a Seleção Brasileira. “No imaginário do torcedor, essa chama está ali naquele armário, e ela tem variações. Ela não morre, como as pessoas às vezes supõem. Eu vejo essa oscilação de popularidade como algo que acompanha a seleção brasileira. É preciso ter muito cuidado e carinho com essa chama”.
O jornalista ainda apontou a Champions League, principal torneio internacional de clubes do mundo, como um “adversário” da Seleção: “Eu identifico a Champions como um ‘adversário’ da popularidade da seleção brasileira, eles renovam a cada ano, disputando a Liga dos Campeões, uma pequena Copa do Mundo. Ser campeão de uma Champions, do ponto de vista do jogador, não é tanto quanto ser campeão do mundo, mas é perto”, completou.

