Na última quarta-feira (08), o Flamengo foi derrotado para o Red Bull Bragantino e se afundou em uma crise. Sem conseguir jogar bem, o Rubro-Negro tem apenas 3 vitórias no Brasileirão e está um ponto à frente da zona do rebaixamento, na 14ª posição.
Muito criticado pela torcida, o técnico Paulo Sousa acabou sendo demitido, um pouco mais de quatro meses após a sua estreia, que foi em fevereiro desse ano. Para o seu lugar, o Flamengo agiu rápido e já tem tudo acertado com Dorival jr., que estava no Ceará.
Essa é a 6ª troca de técnico desde que Rodolfo Landim se tornou presidente do Flamengo, no final de 2018. Isso da uma média de quase uma troca de técnico a cada 6 meses.
Na era Landim, o Flamengo já teve Abel Braga, Jorge Jesus, Domènec, Rogério Ceni, Renato Gaúcho, Paulo Sousa e agora Dorival. Dos seis técnicos que deixaram o clube, o único que a diretoria não teve culpa foi Jorge Jesus, que pediu para sair após receber proposta do Benfica.
Com as diversas demissões, além de escancarar uma administração sem convicção nas escolhas, ainda afeta diretamente no caixa da equipe, que teve que pagar multas por contratos rompidos bem antes dos dois anos previstos em seus compromissos. Por exemplo, Paulo Sousa levará mais de R$ 7 milhões, Domènec ficou com uma quantia maior, cerca de R$ 11 milhões. Ceni arrecadou outros R$ 3 milhões. No total, gastou-se mais de R$ 22 milhões.
Para exemplo de comparação, o Flamengo gastou com multa de técnicos uma quantia maior do que pagou por Rodrigo Caio e próximo do que pagou por Bruno Henrique. Rodrigo Caio custou R$ 21 milhões e Bruno Henrique, R$ 23 milhões.
Jornalista opina sobre troca de técnico no Flamengo
O jornalista Rodrigo Mattos, em sua coluna no UOL Esporte, opinou sobre essa situação do Flamengo, dizendo que outra prova da desorganização do Flamengo é a falta de profissionalismo com seus treinadores, principalmente com Paulo Sousa.
“Nada supera o surrealismo do processo de demissão de Paulo Sousa. Por exemplo, após a derrota para o Fortaleza, o Flamengo já começou a procurar técnicos embora mantivesse o português no cargo. O novo tropeço diante do Red Bull Bragantino decretou o fim da linha para o técnico europeu ainda na madrugada de quarta-feira. Mas não oficialmente”.
“Paulo Sousa seguia a rotina de treinador enquanto o Flamengo negociava quase publicamente com outros técnicos. Cuca não quis ouvir, Dorival Jr. topou. Já acertou sua ida para o time Rubro-Negro. Isso não impediu, no entanto, que o técnico português fosse comandar o treino da tarde do elenco rubro-negro. Estava lá no campo, aparentemente não avisado da demissão”, declarou o jornalista, que completou, dizendo que isso atrapalhou o próprio clube.
“Custava avisa-lo antes e botar um preparador físico para dar um treino meia-boca? Não foi só um descaso com Paulo Sousa, mas com o próprio Flamengo. O que poderia sair de produtivo para o clube de um treinamento de um treinador que já não continuaria no clube?”.
Trabalho de Paulo Sousa foi ruim?
Por fim, o jornalista Rodrigo Mattos disse que não foi tão ruim a passagem do técnico português pelo Flamengo.
“Não custa lembra que o trabalho de Paulo Sousa não foi um desastre completo como será a narrativa a partir de agora. Houve bons jogos, como por exemplo contra Atlético-MG, Palmeiras, São Paulo e Universidad Católica, e alguns princípios que poderiam ter evoluído como a marcação pressão, a movimentação sem a bola na frente. Mas houve muita irregularidade, erros em sua recomposição defensiva, falta de criatividade em jogos fechados e também um ambiente hostil”.
“Seu trabalho degringolou no final de maio e junho: o Flamengo foi se desmontando, perdendo identidade. Até porque o português abriu mão do seu sistema inicial para se adaptar ao esquema mais parecido com o tradicional do clube nos últimos anos. Se nem ele estava mais convicto em si mesmo, não seria a diretoria rubro-negra que acreditaria nele”, finaliza o jornalista.

