Afastado do futebol desde quando foi demitido pelo Cruzeiro, em dezembro do ano passado, o técnico Vanderlei Luxemburgo, de 70 anos de idade, dá os primeiros passos para tentar se arriscar na vida política.
Luxa é pré-candidato ao Senado pelo PSB do Tocantins. Em suas redes sociais, ele posta diversos momentos de sua campanha pelas cidades com a hashtag #PofexoNaEstrada (veja mais abaixo).
Em entrevista concedida ao colunista Guilherme Amado, do jornal “Metrópoles”, Luxemburgo explicou por que tenta uma vaga no plenário pelo estado do Norte do Brasil.
“Nasci no Rio de Janeiro, mas estou há 18 anos no Tocantins. No mundo globalizado, posso nascer em um estado e trabalhar em outro. Não existe isso de forasteiro. Eu poderia estar trabalhando no futebol. Sempre que um treinador cai, o meu nome é o que mais surge para substituí-lo”, disse Luxemburgo.
“Acho que o estado tem muito potencial. O Tocantins é muito mal gerido, faz política de um modo equivocado. Os investidores estão afastados porque a política lá é feita com pedágio. Quatro governadores foram depostos. Vamos fazer um grande time e vencer”, continuou.
O PSB é o partido de Geraldo Alckmin, vice na chapa de Lula na presidência, e Vanderlei Luxemburgo explicou o motivo da escolha pela legenda.
“Foi o único partido que fez uma autorreforma. Um estatuto de 60 anos precisa ser revisto. Todos os partidos antigos precisam fazer o mesmo, para entender a inclusão social e outras realidades. Essa vinda do Geraldo Alckmin para a chapa do Lula deu uma química que vai mudar muito a política”, avaliou.
E ele comparou a política ao Flamengo. “É como no Flamengo, o clube do meu coração: tem o Pedro e o Gabigol que fazem gols. Como você vai deixar um de fora? Tem que juntar os dois para beneficiar o time, que na política é a população”, comentou.
Lula ou Bolsonaro?
Vanderlei Luxemburgo admitiu que vai apoiar a candidatura de Lula e Alckmin nas eleições do mês de outubro. Segundo o treinador, ele é amigo pessoal de Lula há muito tempo. “Ele é carismático, sabe falar o que o povo quer ouvir. E criou na população brasileira a esperança de que as coisas podem mudar”.
“A eleição tem uma tendência pró-Lula, mas o jogo não está ganho até o juiz apitar. Senão aparece no finalzinho um gol de barriga igual ao que o Renato Gaúcho fez contra mim em 1995”, lembrou Luxa, fazendo referência à final do Campeonato Carica daquele ano, quando o Fluminense superou o Flamengo por 3×2.
Na entrevista, Luxemburgo atacou o governo de Jair Bolsonaro. “Um trabalhador que ganha o salário mínimo hoje gasta uma hora de trabalho para comprar um litro de leite. Isso está bom? É surreal”, disparou.
“Fora a possibilidade citada, a todo momento, de que nós vamos ter um retrocesso no Brasil. É muito grave. Não dá para ficar fomentando isso, colocando medo na população. O brasileiro não quer viver isso novamente. Já houve uma briga para que a ditadura mudasse para a democracia”, completou.
Luxemburgo revelou que sempre se identificou com os ideais de esquerda, desde os seus tempos de estudante de educação física. “Fui presidente de diretório acadêmico. Meu avô era torneiro mecânico, presidente do sindicato dos ferroviários. Era foragido da ditadura”, contou.
Falando de Copa do Mundo
E, por fim, Luxa falou sobre futebol e as suas expectativas sobre a Copa do Mundo deste ano, no Catar. Para ele, o Brasil é um dos candidatos ao título, mas a França está um ou dois degraus acima da equipe comandada pelo técnico Tite.
“O Brasil vai depender muito de como o Neymar vai encarar o campeonato. O Neymar tem que entender que esta é a Copa do Mundo dele, como foi a do Pelé em 1970, como foi a do Romário em 1994. Vai ter que repetir Romário, que disse aos jogadores: ‘Eu vou ganhar a Copa do Mundo para vocês’. E carregou nas costas. Tem que chamar o Neymar, o pai dele, e dizer: ‘Esta é a sua Copa do Mundo'”, finalizou.
Vanderlei Luxemburgo comandou a seleção brasileira entre 1998 e 2000, sendo demitido após a eliminação nas quartas de final das Olimpíadas de Sydney, diante de Camarões.
Além do Brasil, Luxa trabalhou em diversos clubes, como Bragantino, Flamengo, Guarani, Ponte Preta, Palmeiras, Santos, Corinthians, Cruzeiro, Real Madrid-ESP, Atlético-MG, Grêmio, Fluminense, Vasco, Tianjin Quanjian-CHN e Sport.
Luxemburgo tem cinco títulos do Brasileirão no currículo, um da Copa América com a seleção e diversos outros estaduais.

