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PVC explica termos usados por Luxemburgo em palestra; confira

Vanderlei Luxemburgo deu uma palestra e tentou mostrar que não é um treinador ultrapassado

André Salem
Jornalista desde 2016, redator do Torcedores.com desde 2022. Apaixonado pelo futebol brasileiro, escrevo principalmente sobre o Brasileirão Série A.

Na última quarta-feira (07), o experiente e vitorioso técnico, Vanderlei Luxemburgo, deu uma palestra no “Brasil Futebol Expo”, evento de futebol organizado pela CBF em São Paulo.

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Na palestra, Luxa tentou desmistificar que é um técnico ultrapassado e que o futebol brasileiro pratica um futebol ultrapassado em relação ao europeu. Ao longo da apresentação, o técnico “traduziu” alguns termos que são falados hoje em dia, mostrando que eles já eram usados anteriormente, mas com outras palavras.

Luxemburgo disse, por exemplo, que “amplitude” é “abrir os pontas”, “atacar marcando” é “diminuir espaço”, “troca de corredor” é “virada de jogo”, “jogo apoiado” é o mesmo que “aproxima, triangulações e vem jogar, c…”, “sair da zona da pressão” é “tira a bola daí, dá um chutão, c…!”, entre outros.

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O jornalista e comentarista do grupo Globo, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, conhecido por ser um grande estudioso do futebol, tentou explicar em seu blog no “ge”, o que de fato quer dizer essas expressões faladas por Luxemburgo. Ele colocou a explicação das expressões que, na opinião dele, o treinador explicou de forma errada na palestra.

PVC corrigindo Luxemburgo

Sobre “amplitude” ser igual a “abrir os pontas”, PVC disse que não é bem assim e usou exemplo do Athletico contra o Palmeiras, além de citar Guardiola.

“Luxemburgo falou de algo que não é bem assim. Amplitude é um conceito antigo, ele tem razão. Mas você pode abrir o campo com um ponta, um lateral, um meia. Em Athletico Paranaense x Palmeiras, Felipão abriu Khellven de um lado e Pedrinho do outro, lançou cinco avantes contra quatro defensores do Palmeiras e obrigou Abel Ferreira a recuar Scarpa. Isto acabou abrindo o meio. No Manchester City, duas semanas atrás, Guardiola precisava virar contra o Crystal Palace, uma partida que perdia por 2 x 0. Abriu Bernardo Silva na direita, Julián Álvarez na meia direita, Haaland por dentro, Gundogan na outra meia e Foden na esquerda. Não tinha nenhum ponta, winger ou externo. A amplitude de Guardiola e a superioridade numérica de ter cinco avantes contra quatro defensores mataram a defesa do Crystal Palace. Deu City, 4 x 2”.

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Sobre “atacar marcando” ser “diminuir espaço”, PVC discordou completamente de Luxemburgo.

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“Desculpa aí. Atacar marcando não é diminuir espaço. Espaço se diminui marcando atrás, também. Atacar marcando é avançar o time com o posicionamento certo, para ao mesmo tempo criar chances de tabelas e triangulações e para dar o bote assim que a bola for perdida. Isto requer posicionamento certo, para não levar a bola longa nas costas dos seus laterais. Mais do que isto, o time tem de estar certo para recuperar a posse assim que a perder”, disse o jornalista.

Já sobre “jogo apoiado” ser o mesmo que “aproxima, triangulações e vem jogar, c…”, Paulo Vinícius Coelho disse que não é só isso. Ele explica que nesse conceito é necessário apoiar o homem da bola para dar opção de passe para frente e não apenas se aproximar e ficar tocando de lado.

“Não é vem jogar, cazzo! É outra coisa. Jogo apoiado é ter o time posicionado para ter superioridade numérica em cada setor de modo a permitir o passe atrás da linha de marcação do adversário. Não basta se aproximar, ou você vai ficar tocando bola de lado o jogo inteiro. A questão é apoiar o homem da bola de modo a permitir que ele passe para a frente, com chance de chegar ao gol.”

Já quando o assunto é “sair da zona de pressão” ser a mesma coisa que “tira a bola daí, dá um chutão, c…!”, PVC novamente discorda do treinador. O comentarista disse que a modernidade é justamente conseguir sair da marcação sem dar chutão, apenas tocando a bola.

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“Aí, não, Vanderlei. Sair da zona da pressão é conseguir evitar o adversário tentando tirar a bola de seus zagueiros, de preferência, sem dar chutão, mantendo a bola no seu time, com troca de passes que não tenha risco e permita sair da defesa para o ataque”, disse PVC.

Por fim, sobre “marcar em bloco” ser igual a “fechar a casinha/compactação”, PVC também discorda. Ele disse que “marcar em bloco” não está relacionado necessariamente com “fechar a casinha”. O comentarista explica que “bloco” é o time todo, enquanto o “fechar a casinha” era mais sobre armar uma retranca na defesa.

“Não é preciso fechar a casinha, para marcar em bloco. O bloco é o time todo. Todos têm de subir juntos para marcar no campo de ataque e recuar juntos, para marcar no campo de defesa. O bloco dos dez jogadores de linha — e mesmo o goleiro, que mudará seu posicionamento, dependendo do lugar do campo onde o time estiver marcando. Luxemburgo sabe que, desde a Holanda de 1974, depois com Arrigo Sacchi, no Milan, a preparação física melhorou e é necessário fazer o time todo ir ao ataque e voltar à defesa com todos juntos. Não se trata de fechar a casinha, mas de marcar em conjunto, seja no campo de defesa, na intermediária ou no ataque”, finalizou Paulo Vinícius Coelho.

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