Um grupo de pelo menos 10 brasileiros que trabalham no Al-Merreikh, do Sudão, iniciaram sua saída da capital Cartum no início da tarde deste domingo (23) em um ônibus alugado pelo clube. A estratégia foi adotada por falta de suporte do governo brasileiro que tenta retirar os profissionais da região, que vive um conflito desde março.
De acordo com Itamar Rodrigues, preparador de goleiros do Al-Merreikh, foi o próprio time de futebol que alugou o ônibus para levá-los até a fronteira com o Egito. Além do treinador, a comitiva é formada por cinco integrantes da sua comissão técnica e quatro jogadores.
“Nesse momento estamos dentro do ônibus. Estamos sendo retirados da capital do Sudão e sendo levados para o Egito. Após a nossa entrada no Egito, a embaixada brasileira junto ao Itamaraty deve entrar em ação para nos levar ao Brasil”, disse Itamar Rodrigues ao canal “OurSports”, no Youtube.
Itamar Rodrigues, de 45 anos, morador de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele deixou a capital carioca para viajar ao Sudão a convite de Heron Ferreira, ex-auxiliar de Vanderlei Luxemburgo no Bragantino, Flamengo e Corinthians, técnico do Al-Merreikh.
“Estava tudo tranquilo, até que começaram as rajadas de metralhadora, as bombas explodindo, as granadas, isso da janela de onde os jogadores estavam concentrados. Isso cria uma ansiedade, um temor pela nossa segurança. São confrontos muito violentos. Estamos vivendo um dia após o outro”, finalizou.
Antes de rumar para o Sudão, Itamar Rodrigues foi preparador de goleiros do Audax Rio, Madureira, Nova Iguaçu e Ceará. Além disso, trabalhou por cinco temporadas no Al Ettifaq, da Arábia Saudita.
Entenda o conflito
Os combates surgiram após meses de tensão entre dois líderes militares rivais. As Forças Armadas do Sudão, lideradas pelo general Abdel Fatah al-Burhan, e as unidades paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), chefiadas pelo general Mohamed Hamdan Dagalo.
Os paramilitares no Sudão têm atacado hospitais e trabalhadores humanitários, com relatos registrados pelas Nações Unidas de violência sexual contra seus funcionários. Além disso, a maioria dos hospitais no país não está operando normalmente.
Antes mesmo do conflito, cerca de um quarto da população do Sudão sofria de fome aguda. O Programa Mundial de Alimentos interrompeu suas operações de assistência no país, que é uma das maiores do mundo, após a morte de três de seus funcionários no sábado.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a violência que se instalou no Sudão resultou em pelo menos 413 mortes e 3.551 feridos até a última sexta-feira (21/04). Integrantes de um grupo paramilitar e forças governamentais disputam o poder da região.

