O acidente fatal de Jules Bianchi em 2014 (Foto: Reprodução | YouTube)
No dia 5 de outubro de 2014, o mundo da Fórmula 1 presenciou um dos momentos mais trágicos de sua história. O piloto francês Jules Bianchi sofreu um grave acidente durante o Grande Prêmio do Japão, em Suzuka, ao colidir então com um trator que estava na pista retirando o carro de outro competidor. O impacto violento atingiu diretamente sua cabeça, deixando assim o jovem em coma por oito meses.
As lesões causadas pelo acidente acabaram sendo fatais. Bianchi faleceu assim no ano seguinte, em julho de 2015. Sua morte escancarou a necessidade urgente de reforçar a segurança dos pilotos. Como resposta, a Fórmula 1 implementou, em 2018, o halo: um dispositivo de titânio resistente a grandes impactos, criado para proteger a cabeça dos competidores.
Neste material especial, relembramos a carreira promissora de Jules Bianchi e os detalhes do acidente que marcou a última fatalidade na principal categoria do automobilismo mundial até então.

O talento precoce de Jules Bianchi
Natural de Nice, na França, Bianchi nasceu em 3 de agosto de 1989 e começou a correr ainda criança, como tantos outros pilotos, no kart. Ele rapidamente se destacou nas competições de base europeias, conquistando importantes títulos.
Sua trajetória em monopostos iniciou em 2007, disputando a Fórmula Renault 2.0 Eurocup, onde se tornou campeão nacional. Em 2008, integrou a equipe ART Grand Prix na Fórmula 3, vencendo o GP de Zolder e, no ano seguinte, conquistou o terceiro lugar na Fórmula 3 Euro Series.
Seu talento chamou a atenção da Ferrari, que o integrou à Ferrari Driver Academy em 2009. Sob a gestão de Nicolas Todt, também empresário de Felipe Massa e Charles Leclerc, Bianchi passou a realizar testes com a escuderia italiana e chegou a pilotar também carros da Force India.

A chegada à Fórmula 1
Apesar do reconhecimento, Bianchi ainda era considerado inexperiente para assumir uma vaga na Ferrari. Por isso, foi emprestado à Marussia e estreou oficialmente na Fórmula 1 em 2013, aos 23 anos.
Na temporada de estreia, participou de 19 provas e, mesmo sem pontuar, mostrou desempenho superior ao de seu companheiro Max Chilton. Terminou o campeonato em 19º, enquanto Chilton foi o último colocado entre os pilotos regulares.
Com a expectativa de um futuro promissor, o francês permaneceu na Marussia em 2014. A equipe seguia sem competitividade, mas Bianchi protagonizou um feito histórico em Mônaco.
O brilho inesquecível de Jules Bianchi em Mônaco
Durante o GP de Mônaco de 2014, Bianchi brilhou ao conquistar então seus primeiros e únicos pontos na Fórmula 1. Com uma pilotagem arrojada, superou limitações do carro e fez uma corrida memorável. Um dos momentos mais marcantes foi a ultrapassagem sobre Kobayashi na curva La Rascasse.
Mesmo penalizado com cinco segundos por um erro na largada, ele conseguiu abrir vantagem suficiente para se manter à frente de Romain Grosjean e terminou a prova em nono, marcando dois pontos. Foi a primeira e única vez que a Marussia pontuou em sua história.
O acidente que comoveu o automobilismo
A temporada seguiu sem grandes destaques até o fatídico GP do Japão, em meio à aproximação do tufão Phanfone. Com ventos fortes e chuva intensa, a prova teve então início sob safety car. Mesmo com condições precárias, a corrida prosseguiu.
Na volta 42, Adrian Sutil perdeu o controle de sua Sauber na curva Dunlop e bateu leve. Um trator foi acionado para remover o carro, mas Bianchi perdeu o controle no mesmo trecho e colidiu com o veículo de remoção.
O atendimento médico demorou três minutos para começar e a bandeira vermelha só foi acionada nove minutos depois. As imagens do acidente não foram mostradas pela transmissão oficial, mas registros amadores evidenciaram a gravidade da batida.
Jules foi levado ao hospital de ambulância, já que o helicóptero não podia voar. A FIA concluiu que ele não havia reduzido a velocidade o suficiente na área de bandeiras amarelas, o que gerou revolta de sua família, que processou a entidade.
ATENÇÃO: IMAGENS FORTES!
O mundo se despede de um talento interrompido
Em coma desde o acidente, Bianchi passou então meses internado no Japão antes de ser transferido para a França. Em 17 de julho de 2015, faleceu em decorrência das lesões cerebrais.
O velório reuniu pilotos e amigos, que prestaram assim homenagens. Na corrida seguinte, na Hungria, o paddock fez um minuto de silêncio em sua memória, com o capacete de Bianchi no centro do círculo de pilotos.

O legado deixado por Bianchi
A morte de Jules foi então a primeira em decorrência de acidente na F1 desde Ayrton Senna, em 1994. Além da implementação quase que imediata do safety car virtual, o halo chegou cerca de três anos após a tragédia. Apesar de não ser possível afirmar que o piloto francês seria salvo por ele, sua adição evitou que inúmeros acidentes pudessem ter resultados trágicos desde então.
O legado de Bianchi permanece vivo, como um marco de mudança na história da Fórmula 1, que segue evoluindo para proteger assim aqueles que se arriscam pelas pistas a redor do mundo.

