Alex Leitão falou sobre divisão de cotas no Brasileirão (Crédito: Maxi Franzoi/AGIF)
A disputa pela divisão das cotas dos direitos de transmissão do futebol brasileiro segue longe de um consenso e promete se arrastar por mais tempo. Em 2025, o embate ficou ainda mais evidente, com o Flamengo, dono da maior torcida do país e das maiores audiências, defendendo uma fatia maior das receitas, enquanto os demais clubes — especialmente os integrantes da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) — pressionam por uma distribuição mais equilibrada.
A Libra reúne equipes tradicionais e de grande torcida, como Palmeiras, São Paulo, Santos, Atlético-MG, Bahia e Grêmio, além de clubes de diferentes regiões do país, como Vitória, Remo, Paysandu, Bragantino, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa e Brusque. Para esses times, o modelo atual amplia ainda mais o abismo financeiro em relação ao clube rubro-negro.
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Do lado do Flamengo, o presidente Luiz Eduardo Baptista (BAP) sustenta que o clube deve receber mais por gerar maior retorno comercial e de audiência. A posição, no entanto, vem sendo duramente contestada. Em entrevista ao Zero Hora, o CEO do Grêmio, Alex Leitão, fez duras críticas e comparou o cenário desejado pelo Flamengo à Bundesliga, campeonato alemão amplamente dominado pelo Bayern de Munique.
Segundo Alex Leitão, a concentração excessiva de receitas pode comprometer a competitividade do Campeonato Brasileiro. Para ele, a responsabilidade agora é coletiva.
– O presidente do Flamengo está olhando para o clube dele, o que é legítimo. Mas os outros 19 clubes precisam se unir para impedir que o Brasileirão se transforme em uma Bundesliga – afirmou o dirigente.
A troca de farpas entre BAP e Leila Pereira, presidente do Palmeiras, expôs ainda mais a divisão entre os blocos comerciais do futebol brasileiro. Rivais dentro e fora de campo, Palmeiras e Flamengo protagonizaram debates públicos sobre o futuro da liga e a distribuição dos direitos de transmissão.
Com experiência no esporte norte-americano, Alex Leitão defende um modelo inspirado em ligas como a NFL e a MLS, conhecidas por sua distribuição igualitária de receitas, regras de governança e teto salarial. Ex-dirigente do Orlando City, o executivo acredita que a fragmentação atual faz o futebol brasileiro perder dinheiro e enfraquece o campeonato no longo prazo.
– Vou trabalhar para que a gente tenha uma liga unificada, que os clubes possam juntos venderem seus direitos comerciais. No meu entendimento, tem dinheiro em cima da mesa que a gente está perdendo nos dias de hoje. Venho de experiências de liga, trabalhei durante muitos anos nos Estados Unidos que tem uma liga das maiores do esporte. A NFL talvez seja a maior liga de um esporte no mundo hoje em termos de faturamento, e a MLS segue muito a governança e o modelo da NFL. Venho dessa experiência. Esse é o melhor modelo e precisamos trabalhar para que isso funcione nesse sentido – afirmou Alex.

