Arezo pelo Grêmio. Foto: AGIF/Alamy Live News
A ligação entre Grêmio e futebol uruguaio sempre teve capítulos marcantes. Nos últimos anos, porém, essa tradição ganhou um contorno bem diferente. Três contratações vindas do Uruguai se transformaram em um problema esportivo e financeiro. Cristian Olivera, Matías Arezo e Felipe Carballo custaram juntos cerca de US$ 10,7 milhões, valor próximo de R$ 60 milhões na cotação da época.
No entanto, o retorno, dentro e fora de campo, ficou muito abaixo do esperado. Além do desempenho irregular, os casos passaram a envolver conflitos, insatisfação pública e dificuldade para encontrar soluções no mercado.
Cristian Olivera vira prioridade para saída
A situação mais sensível é a de Cristian Olivera. O atacante foi a contratação mais cara do trio e chegou a Porto Alegre com status de titular. Em campo, porém, não conseguiu se firmar nem justificar o investimento feito pelo clube.
Foram 37 partidas disputadas, com cinco gols e duas assistências. O rendimento discreto acelerou o desgaste e culminou na busca por uma saída. Olivera chegou a tentar forçar uma transferência para o Nacional, do Uruguai, e se mudou para Montevidéu antes de um acordo fechado.
O Grêmio vetou o negócio devido aos valores considerados baixos. A alternativa encontrada foi um empréstimo ao Bahia até o fim de 2026, visto internamente como uma tentativa de reduzir prejuízos e preservar algum valor de mercado.
Arezo se afasta e trava negociação
Matías Arezo seguiu um caminho semelhante, embora com menos ruído público. Contratado por cerca de 3 milhões de euros, o centroavante nunca criou identificação com o clube e hoje está emprestado ao Peñarol.
O atacante já manifestou que não pretende retornar ao Grêmio. O clube uruguaio tenta a compra em definitivo, mas se recusa a pagar os US$ 4 milhões previstos em contrato. O impasse impede um desfecho rápido e mantém o jogador como um ativo problemático.
A relação se deteriorou ainda mais quando Arezo aconselhou publicamente Olivera a buscar um ambiente onde fosse valorizado. A declaração foi mal recebida e expôs o distanciamento do atleta em relação ao clube gaúcho.
Carballo enfrenta lesão e passagem fria
Felipe Carballo completa o trio com uma história marcada por frustração. O volante custou cerca de US$ 3 milhões e teve uma passagem discreta pelo Grêmio, sem grandes atuações ou protagonismo.
Emprestado ao Portland Timbers, da MLS, Carballo sofreu uma grave lesão no joelho, com ruptura do ligamento cruzado anterior. A previsão é de retorno apenas no fim do primeiro semestre de 2026, o que reduz ainda mais suas possibilidades de negociação imediata.
Fora de campo, o jogador admitiu recentemente que optou por morar em um hotel enquanto esteve em Porto Alegre. A decisão, segundo ele, visava evitar vínculos com a cidade e com o clube, postura que simboliza o distanciamento vivido durante sua passagem.
Impacto financeiro pressiona diretoria
O somatório das três operações virou um peso considerável no planejamento do Grêmio. Com retorno técnico baixo e ativos desvalorizados, a diretoria passou a tratar o tema como prioridade administrativa.
A busca agora é por soluções que minimizem perdas. Empréstimos, vendas abaixo do esperado e negociações longas entraram no radar como alternativas possíveis. Nenhuma delas, porém, resolve de forma plena o impacto causado pelo investimento inicial.
O episódio serve como alerta interno sobre critérios de contratação e adaptação de atletas estrangeiros.
Fim de ciclo sem identificação
Os três casos têm um ponto em comum: a falta de conexão com o clube e com o ambiente. Nenhum deles conseguiu criar vínculo com a torcida ou protagonizar momentos decisivos. Por isso, não devem fazer parte do elenco de Castro, contratado para treinar o Tricolor em 2026.
O que começou como uma aposta alinhada à história do Grêmio terminou como um capítulo de desgaste. Sem rendimento esportivo e com ruídos constantes, o trio uruguaio simboliza um ciclo que o clube tenta encerrar para reorganizar suas escolhas futuras.

