O Qatar será a próxima sede da Copa do Mundo, com isso as dúvidas sobre o evento começam a surgir. Questões como: direitos humanos, capacidade do país de sediar o megaevento, como serão recebidos os 31 países (além da nação sede), como pessoas LGBT serão tratadas.
No dia 21 de dezembro, antes da final do Mundial de Clubes, entre Liverpool (ING) e Flamengo, em Doha, o Secretário-geral do Comitê para Execução e Legado do Mundial de 2022, no Qatar Al Thawadi recebeu um grupo jornalistas e respondeu perguntas relacionadas a essas questões.
Segundo ele todos os visitantes serão bem vindos, mas o país é conservador progressiva e pede para que os visitantes gays respeitem e apreciem a cultura do Qatar:
“Nós trabalhamos muito duro para educar as pessoas sobre a nossa cultura, que é conservadora progressiva. Há uma lista de regras que não são exclusivas do Qatar e são adotadas por uma porção do globo. Nós pedimos aos visitantes que apreciem e respeitem a nossa cultura. Ao mesmo tempo, que aproveitem a hospitalidade que oferecemos. Nem todos partilham dos mesmos valores, temos diferentes estilos de vida e há riqueza nisso. A paixão pelo futebol pode mostrar que podemos nos respeitar, é isso o que pedimos”, afirmou.
Al Thawadi falou sobre demonstrações de afeto, e pediu para que não foquem em coisas negativas.
“Exibições públicas de afeto, seja entre homem e mulher ou de outros casais, não fazem parte da nossa cultura, e pedimos que as pessoas respeitem isso. Não mostrem isso em público. Não estamos dizendo que não sejam elas mesmas. Mas é importante que tenham mente aberta, que aproveitem o diferente e não foquem o negativo.”
Outra grande críticas ao Qatar é a situação dos trabalhadores imigrantes na construção. Há denúncias de jornadas exaustivas e condições precárias de trabalho. No país, existe uma lei chamada “khafala”, lei segundo a qual o trabalhador estrangeiro só pode mudar de emprego se o dono da eempresa o liberar. ONGs dos direitos humanos entende que essa prática deixa os trabalhadores em situação análoga à escravidão.
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Segundo Al Thawadi a legislação do país evoluiu de 2009 até aqui, porém, a “khafala” não foi abolida de maneira formal.
“A Copa do Mundo é catalisadora para mudanças positivas. Nos últimos dez anos, alterações significativas que aconteceram nas condições de trabalho fizeram nossos maiores críticos reconhecerem o comprometimento do Qatar e as mudanças que aconteceram”, disse.
“Reembolsamos cerca de US$ 30 milhões [R$ 120 milhões] para 82% da força de trabalho e 18 mil desses trabalhadores não estão em obras da Copa do Mundo. Temos muito a fazer, mas ninguém pode negar nosso comprometimento com mudanças”, afirmou.
Sobre os preparativos, o secretário-geral diz que o plano apresentado à Fifa em 2009 tem sido cumprido. Ele afirma que, os oitos esádios estarão prontos um ano antes da competição. “Estamos prontos como esperávamos estar em 2019. Temos três estádios prontos, mais três ficarão em 2020 e mais dois em 2021”, disse.
Al Thawadi espera que a Copa do Mundo ajude a quebrar esteriótipos em relação a cultura muçulmana. E cita Salah como exemplo:
“A Copa do Mundo não é exclusiva de uma região. É um evento de todos, global. E todos têm o desejo de sediá-la e deveriam ter esse direito. Nós queremos fazer isso para o mundo árabe. Não creio que seja bom querer impor uma cultura sobre outra. Vocês viram o que Mohamed Salah conseguiu fazer em Liverpool a respeito da cultura muçulmana? Isso é quebrar estereótipo. É isso o que queremos”, conclui.