Um berço de lendas. Assim pode ser definido o Quênia. Ao menos se estivermos falando de corrida de rua. O país já tem exatamente 100 medalhas olímpicas. Destas, 93 são do atletismo. Como qualquer potência, tem seus segredos. A história de Cornelius Kemboi não é tão diferente de outros milhões de meninos e meninas que sonham em conquistar medalhas olímpicas no país. É mais um entre tantos que consegue ver no esporte uma oportunidade de alcançar a sucesso em um país cheio de problemas sociais.
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Com apenas 19 anos de idade, Cornelius chama atenção pela velocidade mesmo diante de sua flagrante juventude. Ele é aluno da High School de St Patrick. A escola é referência olímpica. É considerada portanto uma das maiores instituições colegiais em todo o Quênia. O colégio aliás fica localizado a alguns quilômetros de Nairobi, que é a capital do país. Sucesso acadêmico, desempenho esportivo e disciplina dos alunos são as marcas da instituição.
Chegar lá portanto foi a primeira grande vitória da carreira de Cornelius. Ele foi um dos poucos alunos que foram selecionados pelo talento. Todos os dias quando acorda, o jovem atleta olha as árvores do jardim da escola. Todas elas foram plantadas por algum campeão olímpico do país. A motivação está portanto até nas paisagens do local.
“É importante que os alunos aprendam a ser bons humanos, com disciplina na vida. Isso porque se não aprenderem isso, nunca irão longe”, diz Peter Obwogo, diretor da escola. A disciplina é traduzida por lá com chicotadas ou pancadas de bengala a depender da punição. Mau comportamento, atraso e até trapaça são comportamentos passíveis de punição severa.
Cornelius
Cornelius afirma que começou a correr por um motivo inusitado. Isso poque ele não gostava da comida de sua antiga escola. Ou seja, ele ia almoçar em casa todo dia. Mas há uma complicador nessa questão. É que a casa de Cornelius não ficava muito perto da escola. Cerca de 2 quilômetros separavam os dois almoços. Ele corria os 2 quilômetros em cerca de 10 minutos. O gosto pela comida da mãe, o transformou em um atleta.
Mas da corrida pelo almoço até a previsão de um futuro profissional, parecia que havia um caminho mais longo. Kemboi só fez a transição quando foi visto por um programa de talentos do país. “Em 10 anos, quero ser alguém que você vê em todo o mundo. Ser um verdadeiro campeão e levantar a bandeira do Quênia. Quero ser um homem de sucesso, que outros possam admirar e admirar”, diz a jovem promessa em uma entrevista para a rede britânica BBC.
Apesar do destaque, a história de Cornelius o torna comum no país. Vários jovens atletas começam a construir as suas histórias através de situações inusitadas como a busca por um almoço mais caseiro. Ontem Cornelius corria por um prato, amanhã ele correrá por uma medalha. Plantará uma árvore?
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