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Taekwondo: Maicon Andrade poderá entrar na Justiça por vaga no pré-olímpico

Confederação esclarece os motivos que levaram o medalhista olímpico a não ser convocado

Eduardo Statuti
Estudante de jornalismo na Universidade Federal de São João del-Rei. No Torcedores desde 2019.

O atleta Maicon Andrade ficou sabendo, na última segunda-feira (13), que não estaria entre os atletas que disputarão uma vaga para Tóquio 2020. Maicon ficou em nono no ranking mundial de taekwondo e não conseguiu vaga direta para os Jogos Olímpicos. Sendo assim, o lutador dependeria de uma das vagas do pré-olímpico a ser disputado na Costa Rica, em março, mas não foi convocado.

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O advogado do atleta, que cobra um esclarecimento por parte da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd), diz que poderá até mesmo levar o caso para a Justiça. Em contato com a reportagem, a CBTkd apresentou os critérios utilizados para as escolhas (veja mais abaixo).

Duas vagas para três atletas empatados no ranking

O medalhista de bronze no Rio em 2016 ficou em nono lugar na classificação olímpica em sua categoria (+80kg). Porém, os dois atletas convocados para o pré-olímpico, Ícaro (-80kg) e Netinho (-76kg), também ficaram na mesma posição. Sendo assim, a CBTkd teria um trabalho difícil para escolher os dois que iriam para a competição em março. Maicon havia sido campeão no Mundial disputado em maio do ano passado, enquanto Ícaro ficou com a prata em sua categoria. Netinho ficou em nono nesta competição, entretanto, foi o único a ganhar o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima.

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No ranking que dava vaga direta às olimpíadas, dois dos três atletas ficaram mais próximos da vaga. Ícaro Soares ficou a 15,98 pontos do sexto colocado, enquanto Maicon ficou 30,72 pontos distante. Já Edival Pontes ficou 32,07 pontos distante da sexta colocação. Desta forma, a comissão técnica da seleção argumentou que usou critérios técnicos previamente definidos para escolher os atletas que iriam para o pré-olímpico. O problema é que em 2019 os brasileiros tiveram ótimos resultados. Apenas no Mundial, cinco atletas da seleção subiram ao pódio.

Critérios objetivos e subjetivos. O que são?

O advogado do lutador, Marcelo Jucá,  disse que está analisando o caso, e fará um pedido formal de esclarecimentos para a entidade de prática. “Acredito que sendo os critérios objetivos cumpridos, não poderia o atleta não deixar de ser convocado. É necessário que a Confederação esclareça os critérios subjetivos que porventura existam, pois se eles não forem justos e razoáveis, caberá uma medida no STJD para garantir a participação do atleta nas olimpíadas”, disse o advogado à reportagem do Torcedores.com.

Marcelo ainda explica a diferença entre os critérios objetivos e subjetivos. “No futebol a gente sabe que são subjetivos (os critérios). Então, o Tite pode convocar o atacante do Bangu e não convocar o Neymar. Os critérios são subjetivos, a gente não pode fazer nada, o Neymar não pode se insurgir contra isso. Existem modalidades que os critérios são objetivos, na natação por exemplo, atingiu tempo em 1m20s, bateu a mão lá, ele tem que ir. Atingiu o critério objetivo do tempo, ele tá dentro”, afirmou o advogado de Maicon Andrade no caso.

O advogado Marcelo Jucá tenta entender os critérios usados pela confederação na escolha dos atletas para o pré-olímpico. “No caso do atleta do taekwondo, os critérios do regulamento são todos objetivos e ele cumpriu todos os requisitos objetivos. Existe uma uma outra parte do regulamento que dá uma interpretação dúbia se existem ou não critérios subjetivos. E daí a minha dúvida que vai ser levantada para Confederação, para que possam ser esclarecidos os motivos pelos quais ele mesmo atendendo a todos os critérios objetivos não foi convocado”.

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Índice de desempenho é determinante na convocação

A coordenadora técnica da CBTkd, Natália Falavigna, esclareceu ao Torcedores.com os critérios usados na escolha dos convocados para o pré-olímpico. Segundo ela “Os critérios são pautados em pontos fundamentais da modalidade taekwondo, estão divulgados no site da CBTkd e foram analisados minuciosamente”.

Desta maneira, a coordenadora técnica diz que o fator determinante para a convocação dos atletas é o índice de desempenho. “Desde o início de janeiro de 2018 a CBTkd desenvolveu um índice de desempenho que não leva só em consideração os pontos no ranking, mas sim o nível de performance dos atletas considerando o nível dos eventos que o atleta luta, as rodadas que o atleta avança, os adversários que ele luta”, declarou.

Sendo assim, os resultados finais do processo foram concluídos pelo departamento de análise de desempenho da CBTkd. Deste modo, Ícaro Soares encerrou com 467,80 pontos e Edival Pontes com 424,19. Assim ficaram a frente de Maicon Siqueira, com 404,59, e Paulo Melo que luta na categoria abaixo dos 58 kg que ficou com 250,97. Sendo assim, se explicaria com números os motivos da não convocação de Maicon para o pré-olímpico.

A coordenadora faz questão de exaltar o momento dos brasileiros no esporte. “O taekwondo brasileiro vive um momento maravilhoso no qual teve conquistas muito importantes. Infelizmente o processo olímpico ao Qualificatório Continental, visto que os atletas não conseguiram classificar diretamente pelo ranking olímpico, não permite que sejam levados mais de dois atletas dentre as quatro categorias ofertadas por gênero” disse Natália.

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E ainda conclui: “Desta forma é necessário selecionar duas categorias de peso e neste processo atletas que são importantes para a seleção acabaram não entrando como Maicon Siqueira, Paulo Ricardo, Caroline Gomes, Raiany Fidelis, Gabriele Siqueira, todos nomes fortes da modalidade”.

Resultados de Maicon Siqueira

O mineiro de 27 anos era o melhor atleta do Brasil no ranking mundial até o último evento que contava pontos para a lista. Maicon não tem uma relação muito tranquila com a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd). Ainda nas últimas Olimpíadas, o atleta não pôde contar com a presença de seus treinadores pessoais, que, mesmo assim, instruíram o lutador pelo telefone nos intervalos.

Maicon Andrade por muito tempo fez parte das Forças Armadas do Brasil. Entretanto, no ano passado, o atleta estremeceu suas relações com os esportes militares ao dar mais importância a uma competição que valia pontos para o ranking. Sendo assim, o mineiro abriu mão de sua presença no programa de alto rendimento do Circuito Militar.

No evento em que defendeu as cores do Brasil, Maicon Siqueira explicou sua situação. “Hoje, após cinco lutas , contra adversários duros (medalhistas olímpicos, medalhistas mundiais e campeões de GP) saio vitorioso, em planas condições. O plano era agora estar indo para a China, para os Jogos Mundiais Militares, mas com a recusa de me deixarem participar do GP, me vi obrigado a abrir mão da minha carreira como atleta militar, e foquei no que me restava. Escolhas são escolhas, e eu optei pelo que minha equipe e eu escolhemos”, disse o atleta em suas redes sociais na época.

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