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Salto triplo: Brasil busca inspiração em passado glorioso na prova

Nenhuma outra prova olímpica do atletismo foi tão proveitosa para o Brasil na história. Hoje, país deixou de ser uma potência e tenta um retorno

Por Aécio de Paula em 31/01/2020 09:04 - Atualizado há 6 anos

Arquivo: CBAT

Adhemar Ferreria da Silva, Nelson Prudêncio, João Carlos de Oliveira e Carlos Eugênio Pinto. É muito provável que você não conheça nenhum desses nomes. Mas todos esses homens foram responsáveis por levar o nome do Brasil a um outro patamar do salto triplo. A prova olímpica, que faz parte do atletismo, já foi carro chefe do Brasil em Jogos Olímpicos. Hoje, a situação é bem diferente e os atletas atuais veem naquele passado uma inspiração para a construção de um futuro.

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Adhemar foi, sem dúvidas, um dos maiores nomes da história do esporte brasileiro. Ele tem duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos na prova. Para se ter uma ideia, a atual delegação brasileira completa não conseguiu conquistar nenhuma medalha no último Mundial de Atletismo. Além das duas medalhas douradas, Adhemar bateu o recorde mundial em cinco oportunidades.

As medalhas de ouro de Adhemar foram conquistadas nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952 e de Melborne, em 1956. Homem, negro e da periferia, Ferreira quebrou barreiras para conquistar seus títulos e bater as suas marcas. Trata-se portanto do único brasileiro que representa o país no salão da Federação Internacional de Atletismo (World Athletics). O atleta faleceu ainda em 2001, aos 73 anos de idade.

O Brasil do passado

O Brasil tem uma longa e bonita história no salto triplo mundial. Adhemar não estava sozinho. Nelson Prudêncio conquistou as medalhas de prata, nos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México. Além disso, voltou ao pódio quatro anos mais tarde nos Jogos de Munique, em 1972. Mas sua carreira foi mesmo marcada por uma disputa épica.

A disputa pela medalha de ouro no México rendeu nove quebras de recorde. Ele, o soviético Viktor Saneyev e o italiano Giuseppe Gentile fizeram uma disputa histórica em quatro horas. O recorde era de 17,03 antes da disputa. Mas terminou com 17,39. O soviético ficou com o ouro e o italiano com o bronze. Nelson terminou com a prata.

Outro nome que fez história na competição foi o famoso João Carlos de Oliveira. Ou melhor, João do Pulo. João foi um dos principais nomes da prova na história do Brasil. Tem no currículo duas medalhas de bronze olímpicas. Ambas foram conquistadas no salto triplo nos Jogos de Montreal, em 1976 e de Moscou, em 1980.

O Pulo do Pan

Mas sua maior história foi conquistada mesmo nos Jogos Pan-Americanos. Foi essa competição que mostrou ao mundo que, nas Américas, ele tinha se tornado imbatível. Em 1975, na Cidade do México, ele conquistou o ouro nas provas do salto triplo e do salto em distância. Quatro anos mais tarde, em San Juan, ele repetiu o mesmo desempenho. Ou seja, voltou a conquistar duas medalhas douradas nas duas provas.

Um difícil recorde

Faz 25 anos que o recorde mundial do salto triplo não é quebrado. O aniversário vai calhar justamente nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Mas especialistas acreditam que essa marca deve ganhar mais um anos antes de ser quebrada. O recorde atual ainda é de 1995. A marca de 18,29 foi conquistada pelo britânico Jonathan Edwards. O dia era 7 de agosto e a cidade era Gotemburgo. No mesmo dia, o mesmo atleta pulou pra 18,26 e conquistou também a segunda melhor marca na época.

Essa segunda marca, no entanto, acabou sendo ultrapassada em agosto de 2015, pelo norte-americano Christian Taylor, na cidade de Pequim, na China. Taylor fez 18,29. Ou seja, embora a marca tenha sido histórica, ficou longe do recorde mundial de Edwards.

Abaixo você vê o pódio com as marcas das últimas grandes competições internacionais.

Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016

  • Ouro – Christian Taylor (EUA) – 17.86
  • Prata – Will Claye (EUA) – 17.76
  • Bronze – Dong Bin (CHN) – 17.58

Mundial de Atletismo de Doha, em 2019

  • Ouro – Christian Taylor (EUA) – 17.92
  • Prata – Will Clave (EUA) – 17.74
  • Bronze – Hughes Zango (BUR) – 17.66

Assim, fica claro que o Mundial de Doha, no Catar, representou um avanço na performance dos atletas em relação ao ocorrido no Rio de Janeiro. Aliás, essa melhora em Mundiais é costumeira e normal. Seja como for, mesmo com a melhora nas marcas, a marca do recorde parece um sonho distante para os atletas.

“Com certeza eu queria trazer esse recorde mundial para os EUA . Isso porque eu acho que é onde ele pertence. Temos uma história muito forte no salto triplo. Portanto, o recorde deveria ser nosso”, disse Taylor em uma entrevista para o Comitê Olímpico Internacional. Aliás, ele não está de todo errado ao dizer que os Estados Unidos são uma potência na prova. Isso porque das 10 melhores marcas da história, seis são dos norte-americanos. Destas seis marcas, três são de Taylor. Embora tenha tido um passado brilhante, o Brasil não tem mais nenhum atleta no top 10.

O Brasil atual

João do Pulo pulou pra 17.89 em 1975. Depois de 45 anos de recorde brasileiro, essa marca ainda não foi batida. Jardel Gregório, que foi outro grande nome do esporte do Brasil, chegou em 17.73. Assim, é de Gregório a segunda melhor marca da história do Brasil. Ele fez esse número em 2005. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Atletismo (CBaT), das 10 melhores marcas da história do Brasil, apenas três foram conquistadas depois do ano 2000.

Os números mostram portanto um Brasil muito diferente de outrora. Em casa, o Brasil não teve nenhum representante na prova nos Jogos Olímpicos de 2016. No Mundial de Doha, em 2019, o país teve dois representantes. Almir dos Santos terminou na oitava posição geral e Alexsandro Melo em 27º.

O Brasil do futuro

A esperança do Brasil tem nome e sobrenome. Almir dos Santos carrega nas costas o peso de toda uma responsabilidade. O atleta competiu no Mundial de Atletismo Indoor, de 2018. Aliás, na ocasião, ele conquistou uma histórica medalha de prata. Isso e o resultado no Mundial de 2019, fazem o brasileiro pensar em dias melhores no futuro para o salto triplo do Brasil.

Se Taylor vai bater recorde ou se o Almir vai fazer uma boa edição de Jogos Olímpicos, ainda não dá pra saber. Mas já dá pra adiantar: de falta de inspiração, eles não poderão reclamar. “Eu tenho imenso orgulho do que eles conquistaram. Tenho orgulho da história que eles têm no triplo. Então isso me motivava. Isso não me pressionava de forma nenhuma”, disse Almir entrevista para a TV Globo.

“Eu gosto da competição, eu gosto da torcida, eu me sinto bem. Eu não me deixo abalar por isso. Desde o início, o nosso objetivo é o ciclo olímpico de Tóquio e o de Los Angeles (sede de 2024)”, completou o atleta.

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