Home Vôlei Endividado como dirigente, Ricardinho volta a jogar aos 44 anos

Endividado como dirigente, Ricardinho volta a jogar aos 44 anos

Ex-jogador da seleção brasileira volta ao vôlei pelo Maringá um ano e meio após aposentadoria

Vinícius Rodrigues Alves
Advogado por formação, roqueiro de criação e escritor por opção!

O levantador Ricardinho voltou aos treinos um ano e meio após anunciar sua aposentadoria do vôlei.

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Aos 44 anos, o jogador voltou à ativa para defender o Maringá (PR). No entanto, a sua volta às quadras se deu por um motivo não tão nobre. A equipe, a qual ele é o presidente, não paga o salário de seus atletas há três meses, já tendo, inclusive, sofrido com a saída de vários jogadores.

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Diante do atual cenário, o Maringá corre o risco de não ter um elenco grande o suficiente para terminar a Superliga Masculina.

Em entrevista por telefone ao UOL Esporte, Ricardinho contou sobre a situação vivida pelo clube.

“Você imagina o estado que eu estou emocional, de tristeza, era uma das coisas que prezo muito”

O clube começou a enfrentar dificuldades após a Denk Academy, patrocinadora exclusiva da equipe, deixar de pagar as parcelas mensais previstas no acordo.

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Sem poder contar com sua única fonte de renda, o Maringá começou a deixar de efetuar o pagamento do salário dos atletas. Até o momento estão em aberto os meses de novembro, dezembro e janeiro. O mês de fevereiro também não deve ser pago.

De acordo com o apurado pelo blog Olhar Olímpico, a dívida do clube já supera meio milhão de reais. Além de não conseguir pagar a equipe, Ricardinho também está impossibilitado de prosseguir com um projeto social que atende cerca de 400 crianças e adolescentes.

“Nós explicamos a situação e deixamos os jogadores à vontade para fazer o que achassem melhor, porque cada um sabe onde o copo transborda. Conversamos muito, com cada jogador, sobre as situações particulares deles. Já perdemos sete atletas. Alguns porque conseguiram outras equipes, outros porque não conseguiam se sustentar. Eu sou fiador do apartamento de todos eles. São 40 pessoas envolvidas efetivamente”, explica Ricardinho.

Por recomendação de seus advogados, o dirigente não pode fechar com novos patrocinadores para não desrespeitar o contrato que tem com a Denk. Dessa forma, a situação do clube, que existe há sete anos fica ainda mais delicada, uma vez que não há entrada de dinheiro em seus cofres.

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Tendo de recorrer a outros meios, Ricardinho encontrou outras soluções, como a criação de uma “vaquinha online”, empréstimos de amigos e familiares, além de colocar a sua imagem à disposição a empresas dispostas a colaborar, desde que não tenham exposição nos uniformes.

“Eu não tenho vergonha alguma de pedir ajuda, seja de torcedores de arquibancada, amigos, vizinhos de prédio, familiares. Todos sabem da seriedade do nosso projeto. A gente tem que tem que expor, não pode acontecer isso, um patrocinador não pagar. Não pode deixar assim. Não é outdoor que você cancela o contrato e ele tira a propaganda. São famílias passando necessidade. Tem que expor, falar, pedir ajuda, tem que estar do lado dessas pessoas”, contou o levantador

A Superliga prevê que uma equipe só pode se inscrever para a temporada se apresentar uma certidão assinada por todos o seu elenco atestando que todos os salários da temporada anterior foram quitados.

O Guarulhos desrespeitou essa regra, mas a CBV não puniu a equipe. Diante disso, a comissão de atletas da confederação, presidida por André Heller acabou renunciando em massa.

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Ciente e de acordo com o regulamento, Ricardinho diz que não voltará a montar uma nova equipe enquanto os salários dessa temporada não sejam quitados e que sejam firmados acordos com os jogadores.

“Não vou participar enquanto eu não estiver completamente quitado ou acertado com todos os jogadores da temporada. Não vou permanecer na Superliga enquanto eu não estiver com a situação resolvida”, afirmou o levantador

Se administrativamente as coisas não vão bem, dentro de quadra a situação do Maringá é confortável.  Atualmente a equipe estaria classificada para os playoffs da competição. O rebaixamento é visto como improvável já que o América Vôlei e o Ponta Grossa possuem somente uma vitória em todo o torneio. O Maringá possui cinco vitórias restando oito partidas para o encerramento da temporada.

Diante da saída do levantador reserva Lucas, a equipe, que sempre teve Ricardinho por perto, optou por inscrever o veterano jogador para completar o time em um gesto de solidariedade.

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“Eu sei o que eles tão sentindo lá dentro. Minha volta a quadra é mais por esse sentido, para dar um apoio moral, mostrar que estou com eles fora da quadra e dentro também. Os caras sabem que eu estou do lado deles”.

Ainda que esteja participando dos treinamentos, Ricardinho ainda precisa se submeter a exames físicos obrigatórios. Dessa forma, ele está fora das partidas contra Sesi e Sada, ambas fora de casa.

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