Home Futebol No clima da conquista de “Parasita” no Oscar: brasileiros no futebol da Coreia do Sul

No clima da conquista de “Parasita” no Oscar: brasileiros no futebol da Coreia do Sul

No país que se tornou o tema do dia na mídia, o futebol é tratado de forma séria, organizada, competitiva, com ambição dentro de seus limites, e sem rios de dinheiro para investir

Pedro Victor Beija
Recifense morando em João Pessoa, 23 anos, estudante de Jornalismo do 6º período na UFPB.

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Na noite deste domingo (9), a história foi feita na maior premiação do Cinema, o Oscar, quando o filme “Parasita”, do diretor sul-coreano Bong Joon-Ho, foi coroado com o prêmio de melhor filme, se tornando o primeiro filme não falado em língua inglesa a vencer a categoria. Parasita também ganhou outros três prêmios na noite de ontem, o de melhor roteiro original, o de melhor diretor, e o de melhor filme internacional.

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Nos últimos anos, a Coreia do Sul vem despertando a atenção e a curiosidade do mundo, em especial pelas inserções na cultura pop. O K-Pop, por exemplo, é considerado uma febre, com os famosos grupos lotando estádios ao redor do mundo, também figurando em premiações importantes e colecionando recordes de vendas, sendo uma grande exportadora de talentos, sem abrir mão da sua língua. No esporte, e mais especificamente no futebol, a Coreia do Sul não faz diferente.

SELEÇÃO COREANA DE FUTEBOL

No futebol, a Coreia do Sul participou de dez edições de Copa do Mundo, sendo as últimas nove participações de forma consecutiva. O melhor resultado veio em 2002, quando foi sede junto com o Japão, e terminou na quarta posição, em uma campanha que causa controvérsia até hoje, com suspeitas em relação a arbitragem nas partidas contra a Itália (oitavas-de-final) e a Espanha (quartas-de-final). Nas semifinais, foi derrotada pela Alemanha, e na disputa do terceiro lugar, perdeu para a Turquia, por 3 a 2.

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Seleção coreana comemora a vitória sobre a Espanha, nos pênaltis, nas quartas-de-final da Copa de 2002. Foto: Divulgação/FIFA

Além de 2002, a outra oportunidade em que a seleção coreana passou da primeira fase, foi em 2010, quando caiu para o Uruguai, na abertura das oitavas de final.

Nas Olimpíadas, desde 1992, a Coreia disputa com sua seleção sub-23, seguindo as regras do Comitê Olímpico Internacional (COI). O melhor resultado dos Taeguk Warriors foi o bronze nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, onde chegou a enfrentar o Brasil nas semifinais, e perdeu por 3 a 0.

Na Copa da Ásia são dois títulos, em 1956 e 1960, ficando na segunda posição em quatro oportunidades, e em terceiro lugar em outras quatro.

Atualmente, a Seleção Coreana é treinada pelo português Paulo Bento, que treinou a seleção de Portugal nas Copas de 2010 e 2014, e no Brasil, teve passagem rápida pelo Cruzeiro. Bento tem a missão de levar a Coreia para a Copa do Mundo do Catar 2022.

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Dentre seus grandes jogadores da história, o que é considerado o melhor é Cha Bum-Kum, ídolo do Eintracht Frankfurt e do Bayer Leverkusen, da Alemanha. Cha também é dono da marca de maior número de partidas pela seleção coreana, com 136 partidas. Com a mesma marca, ao lado de Cha, outro ídolo do futebol coreano: Hong Myung-Bo, zagueiro e capitão da seleção coreana de 2002. Outros grandes do futebol são Park Ji-Sung, ídolo do Manchester United, e Lee Young-Pyo, ídolo do PSV Eindhoven, além do lendário goleiro de três Copas do Mundo, Lee Woon-Jae, sendo estes três titulares na histórica seleção coreana de 2002.

Na atualidade, a grande estrela do futebol da Coreia do Sul é o atacante Son Heung-Min, do Tottenham. Son esteve em duas Copas do Mundo com a seleção coreana, e é a grande esperança para a Copa de 2022.

A seleção feminina de futebol da Coreia do Sul ainda vem dando seus passos tímidos, à procura de um lugar ao sul no cenário asiático, onde a China e a Austrália são as grandes forças da região. Em suas três participações na Copa do Mundo (2003, 2015, 2019), só chegou às oitavas-de-final em 2015, quando foi eliminada pela França.

Seleção feminina da Coreia do Sul ainda não conseguiu classificar para nenhuma Olimpíada, mas já conseguiu passar de fase nas Copas do Mundo. Foto: Reprodução/Yonhap

K-LEAGUE

A liga nacional da Coreia do Sul é a K-League, nome dado após reformulação em 1998 (antes chamada Korean Super League, de 83 a 98), e conta com hoje com 12 clubes na divisão principal, a K-League 1, e 10 clubes na segunda divisão, a K-League 2. Ainda completam as divisões, a National League, equivalente a terceira divisão, e a K-League 3, que representa a quarta divisão nacional.

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Apesar da extensa distribuição de divisões, para um país pequeno e sem tantos clubes, a Coreia do Sul possui um sistema diferente para seu futebol. Somente as duas primeiras divisões (K-League 1 e 2)* possuem sistema de acesso e rebaixamento, com o campeão da segunda divisão subindo para a primeira divisão, e o lanterna da primeira divisão caindo para a segunda divisão.

As divisões seguintes são divididas em categoria Semi-Profissional (K3 League e K4 League)* e Amadora (K5, K6, K7)*, que é dividida em regiões, e a rotatividade fica apenas dentro de cada categoria.

BRASILEIROS NA ELITE COREANA

Enquanto os brasileiros já dominavam algumas ligas asiáticas, como no Japão do início dos anos 90, e nas ligas árabes, a Coreia ainda era ambiente desconhecido e pouco habitado pelos jogadores que saíam daqui para o mercado da bola, e seus clubes não tinham pretensão de realizar grandes investimentos, se firmando como uma liga forte com jogadores locais.

Ainda assim, o futebol coreano conseguiu bons resultados com seus clubes, mesmo com um mercado fechado. Entre 1995 e 2002, foram cinco títulos da Liga dos Campeões da Ásia.

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O primeiro destaque brasileiro na K-League foi o atacante Sandro Cardoso, que em 2001 foi o artilheiro da liga, jogando pelo Suwon Bluewings.

Após Sandro, também na lista dos artilheiros, estão: Mota, ex-Ceará, em 2004, pelo Jeonnam Dragons; Leandro Machado, ex-Flamengo e Sport, em 2005, pelo Ulsan; Caboré, ex-Vitória, em 2007, pelo Gyeongnam; Dudu, também ex-Vitória, em 2008, pelo Seongnam; e na história recente, Júnior Santos, hoje na Chapecoense, foi artilheiro em 2014, pelo Suwon; Jonathan Goiano, ex-Sport, foi artilheiro em 2017, também pelo Suwon; e Marcão, ex-Ituano, foi artilheiro em 2018, pelo Gyeongnam.

Na Liga dos Campeõs da Ásia, dois brasileiros conquistaram a artilharia da competição em clubes coreanos: Mota, artilheiro em 2007, pelo Seongnam, e em 2010, pelo Suwon; e Adriano Michael Jackson, artilheiro em 2016, pelo FC Seoul.

Os destaques brasileiros na liga, de fato, só começaram a aparecer após a Copa do Mundo de 2002, e em 2004, um brasileiro foi o primeiro estrangeiro na história a vencer o prêmio de MVP da K-League: o atacante Nádson, que à época havia despontado no Vitória, e virou estrela no Suwon Bluewings, onde era chamado de “Nadgol”. Em 2007, o prêmio foi entregue ao meia Andrezinho, ex-Flamengo e Inter, que havia sido campeão da liga no mesmo ano com o Pohang Steelers.

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Após 11 anos, o prêmio voltou a ficar nas mãos de um brasileiro, e foi entregue ao atacante Marcão, artilheiro da competição pelo Gyeongnam com 26 gols, e vice-campeão da liga naquele ano.

Marcão foi artilheiro e MVP da temporada de 2018 da K-League, atuando pelo Gyeongnam. Foto: Divulgação/K-League

Já no prêmio de melhor treinador, o único brasileiro a vencer o prêmio foi Sérgio Farias, campeão da liga em 2007, com o Pohang Steelers, clube onde ele conseguiu o maior destaque na carreira, se sagrando campeão asiático em 2009. No Brasil, Farias conseguiu destaque treinando a União Barbarense, onde foi campeão da Série C do Campeonato Brasileiro, em 2004. Desde então, sua carreira é focada no futebol asiático.

*Dados atualizados para a temporada 2020 da Associação de Futebol da Coreia do Sul (KFA)