Na manhã desta sexta-feira (07), durante o programa “Bom dia, São Paulo”, o apresentador Rodrigo Bocardi, em uma entrada ao vivo evidenciou inconscientemente o racismo estrutural que assola a sociedade brasileira.
Em entrevista realizada pelo repórter Tiago Scheuer abordando as dificuldades das pessoas que usam a Linha 3- Vermelha do metrô da capital paulista. O escolhido para falar sobre o tema foi um jovem negro que vestia a camisa do tradicional clube Pinheiros.
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O âncora do jornalístico matutino interveio e questionou se o rapaz estava indo ao clube para “pegar bolinhas de tênis”. Leonel sorrindo tentando disfarçar o incomodo com a pergunta, respondeu prontamente afirmando ser atleta e jogador de polo aquático do clube.
No entanto, Bocardi tentando consertar a primeira declaração, acabou piorando as coisas ao declarar: “E eu estava achando que eram os meus parceiros ali, que me ajudam nas partidas”. Com a repercussão negativa, o apresentador negou estar sendo racista.
Infelizmente, essas situações fazem parte da rotina de vida dos negros. Isso porque muitos devido um racismo estrutural acabam criando estereótipos de profissão para a comunidade negra e na maioria das vezes são as relacionadas, em sua maioria, à falta de acesso à escolaridade, à pobreza e à exclusão social..
Coincidentemente, na mesma emissora do programa de Bocardi, a novela no horário nobre chamada “Amor de Mãe” visa combater essas atitudes com uma personagem vivida pela atriz Erika Januza, que é a tenista Marina, isso mesmo uma tenista em um esporte considerado de elite.
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“Eu acho que nunca vi uma tenista negra aqui na TV. Estou sendo muito abençoada porque vim de uma juíza, agora indo para uma tenista. Não são estereótipos e é o que a gente tanto luta e tanto quer. Por que a gente não pode ser qualquer coisa que a gente quer ser?”, declarou a atriz na estreia da novela.
A escritora da novela Manuela Dias em uma entrevista ano passado antes da estreia da trama, afirmou que a dramaturgia é um veículo importante para quebrar paradigmas preconceituosos, além de evidenciar a necessidade de se denunciar.
“Apesar de não ter lugar de fala diretamente, eu acredito que o racismo e o machismo são problemas de todos. O machismo não é um problema só das mulheres nem o racismo só dos negros”, disse Manuela. “A gente tem mais de dez atores negros no elenco principal, entre os 30 principais. Porque a gente tem que representar esse Brasil, esse Brasil que não é branco, esse Brasil que não é loiro, não tem olho azul, esse Brasil nosso. As pessoas têm que se ver na televisão. Até para poder quebrar essa herança histórica braba que a gente carrega, a personagem da Erika Januza é tenista. E eu não quis explicar porque ela é tenista. Vai que alguém olhe e fale: ‘Eu também posso ser tenista. Eu sou pobre, mas eu posso ser tenista'”.
O ocorrido nos leva a uma reflexão sobre a prática inconsciente do racismo estrutural que é um dos mais perigosos, por se tratar de um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas que estão afixadas em nossos costumes, e direta ou indiretamente, geram segregação, preconceito racial e exclusão.
A mudança começa em nós mesmo, basta a gente querer e lutar diariamente por isso!
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