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Treinadores argentinos formalizam pedido por mudanças nas leis do país

Eles tentam sair da informalidade e da precariedade após anos trabalhando em período integral

Guilherme Ramos
Colaborador do Torcedores

Na Argentina, os treinadores esportivos retomaram a luta para organizar e usufruir dos direitos trabalhistas. Nos últimos tempos, esses profissionais viviam em um mundo de informalidade. Eles não têm férias, bônus, contribuições para a aposentadoria e, talvez o mais importante, a segurança após uma possível demissão.  Hoje, se um treinador argentino é demitido, ele não será compensado.

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Quem os paga é o Estado. Mais especificamente o Ministério do Esporte da Nação e da Entidade Nacional de Alta Performance Esportiva (ENARD), que dá certo suporte, como assistência médica. Contudo, questões financeiras como um simples cartão de crédito ou crédito bancário, ainda são antiquadas. E foi por isso que, na última quinta-feira, membros da Associação de Técnicos Esportivos da Argentina (ATEDA) se reuniram. O encontro se deu para estabelecer laços com o governo e fazer desses profissionais funcionários públicos. Órgãos públicos, como o Ministério do Turismo e Esporte, o ENARD e o Comitê Olímpico Argentino também entram na conversa.

Os mais afetados são os treinadores de modalidades olímpicas, principalmente as menos populares. O diretor técnico de esgrima pan-americana na Argentina, Sergio Turiaci, tem argumentos firmes. “Infelizmente, ninguém pensa em técnicos. Somos pressionados a associar e defender nossos próprios interesses, porque se não somos o último elo da cadeia, quando na verdade treinamos os principais atores do esporte: os atletas”.  Para Sergio, o mais sério é a aposentadoria: “Você saiu, não tem nada”.

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Processos e injustiças

Na Argentina, existe em vigor um modelo meritocrático de bolsas para treinadores. Nesse caso, quanto melhores os resultados, maiores os valores das bolsas. Os profissionais argentinos também são proibidos de trabalhar para outro país, independente da circunstância. Isso, somado à baixa do peso argentino na economia mundial, faz com que treinadores deixem de receber boas quantias por essas possíveis oportunidades.

Laura Martinel, treinadora de judô, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016. Reprodução/Clarín

A treinadora de judô Laura Martinel acredita que a luta dos treinadores é benéfica para todo o cenário esportivo do país. “Nós nos consideramos trabalhadores do Estado, porque é o Estado que nos paga pela ENARD e pelo Ministério do Esporte”, explica. Além disso, ela acredita que, se isso for resolvido, a bomba-relógio é desmantelada. “Existem federações esportivas que seriam ‘higienizadas’, já que hoje sofrem ações trabalhistas de treinadores”.

O movimento foi iniciado, resta saber como o governo argentino irá se portar. “Isto não é uma guerra. É o caminho para reparar uma situação injusta”, conclui Martinel.

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