Final Fantasy VII (FFVII) captava o espírito do tempo em 1997, preocupações ecológicas e até mesmo o “bug do milênio” era levado em consideração ao que se projetava do mundo no novo milênio. Justo agora, com o lançamento prestes a chegar com o mundo enclausurado por conta de uma pandemia, as mensagens de FFVII estão cada vez mais fortes e urgentes, mesmo após 20 anos depois do seu lançamento.
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Falta de conexão com a Terra

O jornalista Pablo Miyazawa publicou um artigo interessante na IGN Brasil abordando como a realidade dos heróis Cloud Strife, Barrett Wallace, Aeris Gainsborough e Tifa Lockheart está ligada com a chamada “Teoria de Gaia”, formalizada em 1970 na biologia e que conclui que a Terra seria um organismo vivo. Em FFVII, Sephiroth, o ex-Ssoldier e inimigo de Cloud, é influenciado pela entidade Jenova a colocar o mundo em perigo por uma causa quase superior a ele.
O enredo em si é uma luta do grupo por uma causa ecológica. Embora eles queiram salvar o planeta, o que Sephiroth pretende fazer é, de uma certa forma, corromper Gaia e provocar a sua destruição através de meteoros. O grupo de heróis, então, manifesta uma preocupação genuína com o meio em que vivem.
Na nossa vida real, somos frequentemente confrontados com dados que mostram como os homens estão degradando com o planeta. E a ecologia se mostra como uma alternativa para nossa sobrevivência, propondo um modo de vida mais saudável. Final Fantasy VII, de uma certa forma, gera identificação em seu roteiro com a nossa realidade ao representar o planeta em perigo.
Grandes corporações

Sephiroth traz a ameaça dos céus, mas a Terra também é ameaçada pela Shinra Electric Power Company, uma grande empresa que suga os poderes do centro do planeta tornando-o vulnerável. Viu paralelos com as nossas grandes indústrias e formas predatórias de habitar o mundo em que estamos? É justamente esta mensagem que FFVII passa com o grupo corporativo.
A grande corporação revela aos personagens um mundo distópico em que boa parte deles vive em lixões e distantes do contato com a mãe natureza. O cenário deste capítulo de Final Fantasy lembraria facilmente São Paulo que passa por uma crise hídrica graças a corrupção empresarial e de políticos. E lembra também a gigantesca China, consumida por um capitalismo que escraviza as pessoas.
Solução cyberpunk

Cloud e seu grupo de amigos então decide salvar o mundo das diferentes ameaças. Eles confrontam diretamente a Shinra, Sephiroth e os poderes ocultos que existem em Gaia. Eles são autênticos cyberpunks, rebeldes contra a dominação tecnológica assim como muitos épicos que utilizam tal estética, do filme Mad Max até a literatura de Neuromancer, escrito por William Gibson em 1984.
O escritor e produtor de Final Fantasy VII, Hironobu Sakaguchi, passou pelo falecimento de sua mãe na época do game e decidiu retratar seus sentimentos no roteiro. É por isso que, dentro do caos tecnológico e alienígena, os personagens aliados de Cloud Strife também lidam com a morte e com sacrifícios. Mas como a mãe Terra é um organismo vivo, um falecimento nunca é um desaparecimento completo.
A morte absoluta em FFVII significa render-se completamente às máquinas ou às empresas. Em última análise, o desintegrar da vida se dá quando um personagem poderoso em magia como Sephiroth decide agir como Deus e colocar o planeta em risco. A morte, portanto, está nos extremos. A vida passa por perdas, conquistas e transformações de maneira mais moderada.
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É difícil não sentir, revisitando esta história hoje, que ela estava lá todos esses anos, uma obra de arte popular soando um alarme, se ao menos estivéssemos dispostos a ouvir. Muitos de nos, que talvez estivéssemos envolvidos demais com nossos próprios problemas, ignoramos o aviso original, mas isso está se tornando cada vez mais difícil e cada vez mais caro. Final Fantasy VII Remake apresenta esses riscos em tempos ainda mais sombrios, e é uma mensagem que infelizmente precisava ser repetida.
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