Home Games Análise: The Inner Friend e os traumas de infância nos games

Análise: The Inner Friend e os traumas de infância nos games

Game do estúdio Playmind propõe você controlar um “espírito” que ajuda uma criança a controles seus medos

Carlos Alberto Jr
Colaborador do Torcedores.com.

Todos nós já fomos crianças em algum momento, e é durante infância que somos mais vulneráveis ​​a medos e fobias.  Alguns são superados e outros podem acabar marcando você para toda a vida. É baseado nesta premissa que The Inner Friend, do estúdio canadense Playmind, pretende explorar uma nova mecânica e narrativa. O game foi lançado para PC (via Steam) em 2018 e agora está enfim disponível para Playstation 4 e Xbox One.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Encarando seus pesadelos

É difícil explicar objetivamente o tema deste jogo: controlamos um tipo de espírito orientador sem características definidas que, através de uma série de memórias e experiências, deve guiar uma criança por meio de todos os seus medos para superá-los. Realidade e imaginação logo começam a andar de mãos dadas e torna-se cada vez mais difícil distingui-las.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Com esse argumento, somos confrontados com uma experiência promissora, com uma jogabilidade que fica no meio do caminho entre um “simulador de espírito” e um jogo de terror, mas sem um gênero a frente do outro. Controlamos nosso estranho protagonista com uma visão em terceira pessoa e navegaremos por uma série de níveis aparentemente sem conexão um com o outro, superando obstáculos e avançando no enredo enigmático.

Como citado anteriormente, este jogo investiga os medos de nossa infância e podemos ver vários deles refletidos no jogo: a mudança de escola, os hospitais, o divórcio dos pais… talvez nem todos os medos sejam, mas os mais reconhecível e comuns. Essas situações não são mostradas explicitamente, na verdade elas são repletas de simbolismo – por exemplo, o professor mandão típico é mostrado como um monstro deformado -, mas podemos entender mais ou menos a todo momento a situação que ela tenta representar.

Arte e exploração do mundo dos sonhos

PUBLICIDADE

O design artístico é sem dúvida a melhor coisa do game: surreal, abstrato e onírico, na tentativa de representar a visão de mundo que as crianças têm nessas idades. Cada nível é carregado de imaginação e situações que nos fazem querer avançar e ver como isso pode continuar nos surpreendendo. O Unreal Engine, que dá vida ao jogo, oferece uma gama de efeitos visuais que nos deixarão impressões espetaculares, embora seja verdade que alguns dos modelos possam ser atualizados.

PUBLICIDADE

No entanto, quanto mais progredimos no jogo, os níveis se tornam mais comuns, mais realistas, menos “mágicos”. Quero pensar que isso se deve ao desenvolvimento da história e à evolução do protagonista, e não à exaustão de idéias. Em ambos os casos, o jogo se torna cada vez mais monótono e menos interessante.

Jogabilidade

The Inner Friend é um game bem simples, e isso vale também para seu gameplay. Há apenas poucos comandos para o jogador executar: Andar e correr, pular, girar a câmera e usar um botão de ação.

O botão de ação serve para tudo, interagir com objetos, coletar memórias e imagens, gritar – em trechos em que é preciso procurar pelo “espírito infantil” do sonhador – e para segurar na mão do espírito e guiá-lo em certos trechos. E apenas isso. Dessa forma, a maior parte do game consiste em explorar os cenários e resolver alguns puzzles.

Por falar nos puzles, eles não são abundantes, mas apenas o suficiente para salvar o jogo da monotonia e fornecer variedade jogável. Eles vão de plataformas a memorização, lógica e tempo, a verdade é que não podemos reclamar que eles não se esforçaram o suficiente, pelo menos nesse sentido. E eles são muito bem medidos em termos de dificuldade, não são impossíveis, mas não os resolveremos a olho nu, alguns nos custarão mais de uma tentativa.

PUBLICIDADE

Som

O som desempenha um papel relevante em The Inner Friend. Os efeitos sonoros são muito bem implementados e é uma alegria ouvir nossos passos soando de maneira diferente, dependendo do tipo de solo ou dos sons ambientais que se casam muito bem com cada estágio. A música também consegue criar uma atmosfera de desconforto, graças a sons sobrepostos ou composições desafinadas. Eu realmente acho que é um jogo mais agradável com fones de ouvido.

O que pode se tornar repetitivo é a estrutura do jogo, cada nível que jogamos nos propõe fazer o mesmo: acordar em nosso quarto, passar por uma fresta para o exterior e cair no vazio, conseguindo atravessar uma porta que nos leva à próxima etapa. Dá a impressão de um conjunto de ideias frouxas e desconectadas e que talvez elas não tenham conseguido criar uma coesão entre todos os níveis, algo que poderia ter sido mais surpreendente e atraente no resultado final.

A duração do jogo é relativamente curta, embora seja justa e necessária. Em cerca de três horas, podemos ver os créditos finais, pode parecer poucas, mas mais horas poderiam ter tornado repetitivo e menos teriam sabido pouco. The Inner Friend tem a duração perfeita para saciar o jogador, mostrando tudo o que ele tem a oferecer, sem prolongar artificialmente a vida do jogo. Embora se quisermos mais, sempre podemos reproduzir os níveis para encontrar os itens colecionáveis ​​que estão escondidos lá.

Resumo

The Inner Friend é um jogo que vale a pena jogar, tanto pela aparência visual quanto pela moral final. Seu argumento está sujeito a muitas interpretações e cada jogador pode apresentar suas próprias teorias. Talvez empalidece em relação a outros jogos do mesmo gênero e seu desenvolvimento começa a declinar em um determinado ponto, mas, mesmo assim, é um excelente exercício de imaginação e uma forma muito criativa de explorar de forma audiovisual experiências e sentimentos tão comuns da infância.

PUBLICIDADE

Siga o Torcedores no Facebook para acompanhar as melhores notícias de futebol, games e outros esportes

Prós

  • Arte design inspirado
  • Narrativa simples, profunda e inteligente
  • Puzzels bons e equilibrados

Contras

  • Campanha curta

LEIA MAIS

The Division 2 recebe atualização; confira patch note

Futebol em Casa teve nova rodada nesta sexta-feira (16); veja resultados

PUBLICIDADE
Better Collective