Com riqueza de detalhes, o relato do ex-árbitro Djalma Beltrami sobre a Batalha dos Aflitos, exatos 15 anos depois do seu acontecimento, torna ainda mais inacreditável o feito do Grêmio na abafada tarde de sol no Recife. Em um cenário hostil, com pênalti contra e quatro expulsos, o tricolor deu a volta por cima, fez um gol com Anderson e voltou à primeira divisão do ano de 2006.
Escalona, Patrício, Nunes e Domingos foram os jogadores gremistas expulsos por Beltrami. Em entrevista nesta semana ao jornalista Duda Garbi, do Grupo RBS, o juiz da ocasião admitiu que esteve próximo de expulsar outros jogadores do Grêmio em meio à confusão do segundo pênalti. Se um 5° gremista levasse vermelho, o tricolor perderia o jogo pelas regras de disciplina e se manteria na Série B.
“Não era indiferente pra mim. Eu sabia bem da confusão em si. A vitória do Grêmio amenizava as possíveis críticas. O resultado fala muito pelo jogo e pelas críticas. Quando o Galatto faz a defesa, eu sinto Deus colocar o dedo na minha cabeça. Fico arrepiado mesmo depois de 15 anos. Quando o Anderson faz o gol, eu sinto Deus colocar a mão na minha cabeça. Eu corro pro meio e até brinco com amigos. Se o Anderson rola pra mim, eu mesmo ia fazer o gol. Estava eu e ele no lance bem em cima. Desde a confusão eu estava sempre em cima”, disse, antes de concluir:
“No lance, acontece algo que eu gostaria de ter mudado. Porque o zagueiro do Náutico que vai com o Anderson dentro da área tira o corpo e não toca nele. Eu queria que tivesse tocado. Eu daria o pênalti com mais convicção de toda a minha carreira. Mas quando sai o gol o sentimento é…. porque, com vitória do Grêmio, ficaria tudo mais fácil. Não que eu tivesse a sensação de ter feito alguma coisa errada, mas nunca imaginei que teríamos uma história pra 15 anos depois estarmos conversando. Até hoje eu falo daquele jogo. Nunca acabou pra mim”.
Nota 9
Beltrami garante ter tido muito pulso firme para conseguir concluir a partida dentro de campo e que, por isso, merece ser lembrado com uma nota alta pela atuação.
“Se eu tivesse que dar nota, eu tenho a garantia que fiz uma arbitragem de qualidade, boa. Pela dificuldade que foi, com todos os problemas, da maneira que foi, eu diria que menos de 9 seria injusto. Sem tranquilidade, oração, meditação, eu não terminaria o jogo. Precisamos de muita paciência para que o jogo terminasse”, contou.
Gol de Anderson salvou vidas
Pelo clima que se criou no estádio, com interesses enormes de ambos os lados, o ex-árbitro entende que o gol de Anderson serviu como uma “anestesia geral” em toda a arquibancada. E ele é grato pelo gol feito pelo Grêmio naquele momento:
“Aquele gol do Anderson salvou vidas. Porque havia um clima muito tenso no estádio. O gol foi uma maneira de anestesiar os torcedores. Não tinha mais briga, mais cântico, mais confusão, mais nada depois do gol”, concluiu.
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