A NFL pode ensinar o VAR do Futebol
A tecnologia está se incorporando definitivamente na arbitragem do futebol. A NFL começou esse processo bem antes, então pode ensinar muito ao esporte nacional.
Monitor do VAR (árbitro assistente de vídeo), instalado no Allianz Parque (Arena Palestra Itália), na capital paulista, para a partida entre Palmeiras e Internacional-RS, válido pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro 2019. Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press
Primeiramente é importante ressaltar que a arbitragem do Futebol Americano não é sublime (longe disso), no entanto, é uma arbitragem mais coerente, organizada e preocupada com a qualidade do espetáculo.
O VAR está ferindo o espetáculo do futebol
O futebol além de um esporte tradicional, e religiosamente cultuado pelos brasileiros, é um entretenimento popular, e deve ser tratado de tal forma pelos meios que regularizam as competições.
O VAR foi durante anos, incensado como a salvação redentora dos juízes. Algo que viria através do uso da tecnologia da televisão, e da transmissão em muitíssimos ângulos, ser um “olho que tudo vê”. Uma consciência superior que vingaria todas as injustiças do jogo.
O VAR não é isso! Esqueceu-se de falar que o árbitro de vídeo nada mais é, do que uma ferramenta operada por olhos humanos. E mesmo familiarizados com replays, ângulos, e slow motions, consumidos no futebol, ainda existe imperícia da parte dos operadores.
O árbitro de vídeo já faz do futebol um jogo mais justo e transparente, mas pela sua má (ou super) utilização, cria novas injustiças, que não existiam em tempos de arbitragem puramente humana.
Possibilidades inspiradas na NFL
O defeituoso sistema de revisão da NFL, tem algumas técnicas muito positivas que deveriam ser adotadas pelo futebol bretão. Uma possibilidade interessante, é uso do recurso do “desafio”, onde o Treinador do time supostamente lesado, em um lance subjetivo que cabe revisão, solicita análise para a equipe que apita a partida. Esse dispositivo tem um número limitado de utilizações, podendo ser uma vez por tempo, sendo reembolsada a prerrogativa de desafio caso o pleito seja correto.
Lances objetivos, como impedimentos, saídas de bola, e gol/não-gol, seriam revisados naturalmente, sem envolver o “challenge”.
Assim o uso do VAR seria mais controlado, e as reclamações mais comedidas, já que responsabilidade seria dividida entre a equipe reclamante, e os operadores da regra.
Também seria de grande serventia, a aplicação da comunicação via sistema de som do estádio. Dessa forma todas as partes envolvidas na partida, poderiam entender qual foi o veredicto final, assim como ocorre após os julgamentos de lances polêmicos na NFL.
(Kirby Lee-USA TODAY Sports) – Juiz da NFL transmitindo a decisão nos autofalantes do estádio
Ainda existe outra situação, menos mirabolante e mais aplicável, das regras de análise de vídeo da NFL. Essa seria a mudança do entendimento da regra, definindo que casos sem prova clara, se mantenha a decisão do campo.
Não tem imagem definitiva? Vale o que decidiu o dono do apito, no momento do flagrante!
Percebe-se que uma das consequências negativas da implantação do VAR, é o desempoderamento do árbitro da partida. Sempre que a revisão é indicada pela cabine, involuntariamente o juiz se vê coagido a mudar sua marcação do gramado. Invertendo esse conceito, se valorizaria o poder e responsabilidade do árbitro, garantindo coesão no que é discernido em lances interpretativos.
Profissionalização da Arbitragem
Obviamente o futebol brasileiro tem outro demônios muito mais antigos do que árbitro de vídeo, para exorcizar . Enquanto o árbitro humano não for profissionalizado e devidamente preparado para coordenar o espetáculo mais importante de nossa cultura, dificilmente sanaremos as reclamações com injustiça no futebol. Então, como os cartolas não resolvem a raiz dos problemas, podemos estancar alguns erros, adotando técnicas do outro futebol, que começou seu processo de “tecno-correção” muito antes do nosso.

