O Cara Especial

20 de dezembro de 2020

Desde 2011 Saúl “Canelo” Álvarez vem lutando por títulos mundiais. Só perdeu uma vez – para Floyd Mayweather – e empatou outra – com Gennady Golovkin. Tornou-se campeão em quatro categorias diferentes e se firma como o melhor boxeador da atualidade. Já amadureceu e não é mais aquele pegador em busca do nocaute. É um pugilista cerebral que coloca sua técnica refinada de movimentação, ataque e defesa para obter o controle e o domínio da luta.

No sábado passado (19 de dezembro), esteve diante do melhor super médio do planeta que teve a seu favor grande vantagem na envergadura e buscou usá-la enquanto pode. Assistindo o cotejo Canelo x Callum Smith alguém poderia pensar que lutar boxe é fácil. Dois grandes pugilistas sendo o mexicano um craque. Demorou dois assaltos para encontrar as melhores posição e movimentação e, daí para a frente, tomou conta do quadrilátero e construiu um triunfo claro e, talvez, histórico.

Os juízes viram o seguinte: Steve Morrow 117-111 e Rafael Ramos e Steve Weinsfeld 119-109. Minha marcação de 118-110 poderia ser aceitável. O excepcional asteca foi para 54-1-2 aos 30 anos! Se não se descuidar escreverá uma história ainda mais incrível. O britânico ficou com 27-1 e, com tantas organizações concedendo cinturões, não tardará a ser campeão novamente.

Reparem que, praticamente, não houve clinches. Um ou outro abraço e logo os dois se colocavam em posição de combate. O oposto do que fizeram os galos Gary Antonio Russell e Juan Carlos Payano. Apresentados como ranqueados pela AMB, fizeram um lamentável embate cujo melhor resultado seria a desclassificação dupla por se agarrarem insistentemente. Russell foi declarado vencedor por decisão técnica no sétimo tempo. Houve uma cabeçada para a contagem antecipada em noitada do PBC no mesmo sábado.

A confiança da equipe nas qualidades de Álvarez é tamanha que só o programam contra os melhores que aceitem entrar no ringue com ele. Não se ouve falar, nem se lê, que suas lutas não tinham equivalência antes de acontecerem. Todos os oponentes são vencedores e, se não campeões, legítimos desafiantes.

Algo diferente houve na Austrália. Uma das suas mais badaladas esperanças, o médio ligeiro Tim Tszyu (17-0), foi programado contra Bowyn Morgan por dois títulos regionais que só serviram para esconder o desnível entre ambos. Morgan foi para 21-2 mas é apenas um vencedor de perdedores. Não poderia fazer muito mais do que fez. Começou a luta na quarta-feira e, pela movimentação e um gancho na zona hepática, falei pra Dona Rosa: “Isso não vai longe.”. O filho de Kostya se arrumou, cercou e um gancho de esquerda na cabeça provocou a primeira queda. Levantou o neozelandês e após nova aproximação um direto de direita no frontal acabou com a festa no capítulo inicial. Ou melhor, fez começar a festa num subúrbio de Sydney. O árbitro nem contou. Seguiu a orientação do diretor da ABP Renato Moura e chamou logo o socorro médico ao ver Morgan cair como um pacote de compras jogado no chão da cozinha.

Golovkin manteve seu título dos médios da FIB e parece-me um bom adversário para o Canelo. Sua vitória na sexta-feira (18 de dezembro) não disse quase nada. O derrotado, Kamil Szeremeta, não estava no mesmo patamar do GGG e nem quero saber porque recebeu a chance de lutar pelo cinturão. Enfim, pode ser que façam outra boa disputa. Pelo menos tem equivalência no papel.

A semana que passou pode ter sido na qual mais noitadas importantes foram apresentadas nesse ano conturbado. Não tenho certeza porque não posso assistir a tudo. Porém, estou convencido que Saúl Álvarez é mais do que O Cara. É O Cara Especial.

Efemérides 20 de dezembro

2014 – Ginásio do Astel, Florianópolis, SC

título brasileiro meio médio – Claudinei Lacerda W Adonísio Francisco Reges

2014 – Centro Esportivo Tatuapé, São Paulo, SP

cruzadores – Júlio Cesar dos Santos W Nei Andrade de Lima

Claudionei (ou Claudinei) “Casca” Rodrigues Lacerda pode ter nascido em 10 de julho de 2004 na cidade de Sapucaia do Sul, RS. Pode ter encerrado a carreira com 17-17-1 e estar residindo em Sombrio, SC.

Júlio Cesar dos Santos Paim pode ter finalizado a carreira com 28-9. Quem sabe nasceu em Salvador, BA, no dia 21 de fevereiro de 2008.

Nei Andrade de Lima (ou de Lima Andrade) pode ter o cartel final de 11-39. Talvez tenha nascido em São Paulo, SP, em 16 de maio de 1966.