Ex-presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez também comandou Progreso – e levou equipe a título nacional
No último domingo (06), morreu Tabaré Vázquez. Ex-presidente do Uruguai entre 2005 e 2010 e 2015 e 2020, o político tinha uma grande paixão esportiva. Tratava-se do Progreso, equipe de futebol que, atualmente, disputa a primeira divisão do país. A ligação entre a personalidade e o clube, por sinal, não é apenas de torcida. O antigo nome da Frente Ampla, antes de qualquer cargo no país, foi, até mesmo, presidente da agremiação.
Twitter/Reprodução
Antes de assumir o posto de presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez foi presidente do clube de La Teja, bairro onde nasceu; clube foi campeão em 1989
O Progreso é sediado no bairro de La Teja, mesmo no qual Tabaré Vázquez nasceu. E a família dele, desde antes mesmo da fundação do clube, já estava envolvida com a agremiação – e, também, com a política. Fundado por mineradores do bairro em 1917, antes da criação do CAP, Don José Vázquez, avô de Tabaré, comandava os trabalhadores. A primeira cor dos jogadores era o preto, em alusão à anarquia. A família notabilizou-se como expoentes de movimentos de esquerda do Uruguai.
Momento histórico
Tabaré Vázquez chegou à vice-presidência do clube em 1978. Antes disso, o Progreso tinha, apenas, títulos de terceira e segunda divisão nacionais. No ano seguinte, o futuro político assumiu a presidência do clube. E fez questão de aprofundar os laços do bairro com a agremiação.
Oncologista, ele inaugurou o primeiro hospital no bairro – hoje chamado de Policlínica La Teja. Tabaré Vázquez também foi o grande nome por trás da modernização do estádio Abraham Paladino – até hoje casa do Progreso.
Em 1985, a equipe conquistou o Torneo Competencia – espécie de competição inicial do país à época. Em 1989, a grande glória: o título nacional. Em um campeonato modificado por conta da Copa América e das Eliminatórias da CONMEBOL para a Copa do Mundo 1990, o clube venceu o certame com cinco pontos de vantagem para os gigantes Nacional e para o Peñarol – em tempos nos quais a vitória valia “apenas” dois pontos.
Daquela equipe, destacava-se Diego Aguirre, famoso jogador e técnico com passagem pelo futebol brasileiro. Johnny Miqueiro, maior goleador da competição (sete gols) e Leonel Rocco (goleiro e técnico do próprio Progreso três décadas depois) também tornaram-se figuras importantes da história do clube de Tabaré Vázquez.
AUF e homenagens
Ainda na década de 1980, o nome de Tabaré Vázquez começou a ser ventilado na presidência da Asociación Uruguaya de Fútbol (AUF). A instituição, que cuida do futebol no país tal qual a CBF no Brasil, entretanto, nunca teve o político no comando. E tudo por conta das convicções políticas ligadas à esquerda.
Em 1983, o nome de Tabaré Vázquez foi negado por Peñarol e Sud America por ele ser ligado à Frente Ampla. Em 1987, Julio María Sanguinetti, então presidente do país e ligado ao Peñarol, não quis dar poder ao futuro rival nas urnas. Em 1994, Sanguinetti foi eleito presidente uruguaio, enquanto o ex-presidente do Progreso ficou em terceiro.
Em 1989, já fora do comando do Progreso, foi eleito prefeito de Montevideo – o primeiro grande cargo da Frente Ampla. Em 2002, um dos setores de arquibancada do Abraham Paladino também ganhou o nome do ex-presidente.
De La Teja a la historia…
Inmenso dolor nos invade por el fallecimiento de Tabaré Vázquez. El vecino que nunca se olvidó del barrio y que llevó a lo más alto al club de sus amores. QEPD, Presidente. pic.twitter.com/eLgPGuLcL0
— CAProgreso-Oficial (@ProgresoOficial) December 6, 2020
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