Home Futebol Atuação fraca do Vasco contra a Caldense deixa muito mais dúvidas do que certezas com relação ao futuro

Atuação fraca do Vasco contra a Caldense deixa muito mais dúvidas do que certezas com relação ao futuro

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do time de Marcelo Cabo e a classificação para a segunda fase da Copa do Brasil

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Em tempos de pandemia de COVID-19, estádios vazios e mudança forçada nos locais das partidas por conta da sobrecarga no sistema público de saúde (será que não é hora de darmos uma parada nas atividades, dona CBF?), toda análise deve ser relativizada. E isso sem mencionar o fato de que a maior parte dos nossos clubes “colaram” uma temporada na outra e tiveram pouquíssimo tempo para treinar e conseguir um mínimo de entrosamento. O grande problema é que existem situações que deixam muito mais dúvidas e preocupações com relação ao futuro. Esse é exatamente o caso do Vasco de Marcelo Cabo. O empate em 1 a 1 contra uma organizada e aplicada Caldense nesta quinta-feira (18), em Poços de Caldas, deixou a impressão de que ainda existe muita coisa a ser feita no Trem Bala da Colina. Principalmente no que diz respeito às condições físicas do elenco vascaíno e má fase técnica de alguns jogadores.

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Do início da partida até mais ou menos os dez minutos do segundo tempo, eu e você vimos um Vasco que tentou se impor na base do talento individual e do 4-2-3-1 bem organizado de Marcelo Cabo. A equipe ocupou o campo ofensivo e ganhou volume de jogo com o passe qualificado de Andrey e Bruno Gomes no meio-campo. Ao mesmo tempo, Gabriel Pec e Talles Magno (os “pontas” com os pés invertidos) tinham liberdade para entrar em diagonal e buscar Tiago Reis no comando de ataque. Ao mesmo tempo, Zeca e MT (que é meia de origem) foram muito participativos no apoio e pouco comprometeram na defesa (apesar de alguns problemas no posicionamento em determinados momentos da partida). O gol de falta marcado por Marquinhos Gabriel colocou o Vasco em vantagem no placar justo num momento em que a Caldense já começava a entender melhor os movimentos ofensivos do time comandado por Marcelo Cabo.

Caldense vs Vasco - Football tactics and formations

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Organizado num 4-2-3-1, o Vasco conseguiu se impor diante da Caldense no primeiro tempo explorando bem os lados do campo e tentando ocupar o setor ofensivo e criou problemas para a Caldense. O time de Marcelo Cabo apresentou um futebol razoável no primeiro tempo e foi para o intervalo com a vantagem no placar.

O grande problema é que o crescimento de produção da Caldense (muito bem comandada pelo técnico Marcus Grippi) expôs vários problemas no time do Vasco. Alguns até certo ponto naturais por conta do início de temporada, da falta de ritmo de jogo e entrosamento e de todas questões colocadas anteriormente por este colunista. O ponto em questão é que o escrete de Poços de Caldas praticamente tomou conta do jogo no segundo tempo, com as descidas de Bruno Oliveira, Rafael Peixoto e Amarildo e a boa dinâmica colocada desde a saída de bola pelos volantes Lucas Silva e Gabriel Tonini. Os números do SofaScore indicam 44% de posse de bola para a Caldense e impressionantes 29 finalizações a gol (dez no alvo) contra apenas sete do Vasco. E esse quadro se agravou ainda mais quando os jogadores do time de Marcelo Cabo começaram a sentir a falta de ritmo e a intensidade do seu adversário no segundo tempo.

E o segundo tempo seguiu esse panorama. O Vasco quase marcou o segundo em bela jogada de MT pelo lado esquerdo onde Tiago Reis obrigou Lucas Passarelli a fazer grande defesa e Gabriel Pec desperdiçou logo na sequência. E só. O que se desenhava como uma classificação tranquila para o escrete de Marcelo Cabo ganhou contornos dramáticos quando Bruno Oliveira acertou o canto esquerdo de Lucão e empatou a partida aos 36 minutos do segundo tempo. Enquanto isso, até mesmo o treinador vascaíno “errava a mão” nas substituições ao deixar um apagado Talles Magno em campo e sacar Gabriel Pec (um dos mais lúcidos do meio-campo). Com as entradas de Juninho, Vinícius, Léo Matos e de um Germán Cano completamente sem ritmo, o Vasco não conseguiu fazer nada além de se fechar na defesa e esperar o apito final. O desempenho ruim do time é facilmente explicável. Mas deixa muitas dúvidas para o futuro.

Vasco vs Caldense - Football tactics and formations

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A saída de Gabriel Pec praticamente acabou com o ímpeto ofensivo do Vasco. A equipe de Marcelo Cabo foi baixando o nível de intensidade (muito por conta do cansaço) e dando o campo que a Caldense queria para criar as suas jogadas de ataque. O gol de Bruno Oliveira colocou fogo na partida, mas o placar não foi mais alterado.

Embora tenha feito um bom primeiro tempo, a queda de rendimento do Vasco nos 45 minutos finais nos deixam uma série de questionamento. A começar pelo sistema defensivo. MT tem talento, mas é o nome certo para jogar na lateral? E sabendo que o recém-contratado Zeca pode jogar por ali? Ao mesmo tempo, o meio-campo formado por Marquinhos Gabriel, Bruno Gomes e Andrey conseguiam romper a marcação adversária com bons passes, mas como será que essa formação vai se sair em jogos onde a imposição física for necessária? E alguém precisa explicar o que está acontecendo com Talles Magno. Uma das principais revelações dos últimos anos no Vasco parece ter perdido o brilho dos seus jogos iniciais. Por outro lado, a atuação de Gabriel Pec, a boa estreia de Zeca e o vigor físico de Ernando no miolo de zaga deixaram a impressão de que o escrete vascaíno pode ser mais competitivo com o passar do tempo.

Num dos anos mais difíceis de sua história, o Vasco ainda sofre com todos os problemas de uma temporada completamente fora do contexto normal. Tudo isso se reflete dentro de campo, com a clara necessidade que Marcelo Cabo tem de dar mais consistência ao time titular e achar a formação ideal. A situação impede que a equipe esteja pronta. Mas alguma escolhas do treinador podem e devem ser revistas para o futuro. Ainda mais com uma Série B que promete ser a mais disputada dos últimos anos.

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