No dia 11 de abril de 1993, Donington Park foi palco de uma das mais espetaculares imagens da história da Formula 1. Ayrton Senna deu show na pista britânica e venceu com direito a uma primeira volta incrível, ao pular da quinta para a primeira posição.
Denominado GP da Europa, o circuito recebeu pela primeira e única vez uma corrida na categoria máxima do automobilismo.
Senna tinha uma certa familiaridade com o local. Conquistou cinco vitórias em seis corridas disputadas pelas categorias Formula Ford 1.600, Formula Ford 2.000 e Formula 3. O autódromo também recebeu o primeiro teste do brasileiro para a Formula 1, realizado pela equipe Williams, em 1983.
A épica volta
O tradicional clima inglês variava com nevoeiro e chuva durante o dia. A pista estava úmida e escorregadia. Para a corrida, a superioridade da Williams colocou Alain Prost e Damon Hill na primeira fila do grid. Michael Schumacher, da Benetton, e Ayrton perfilaram logo atrás.
Após concluir a volta de apresentação, os carros se posicionaram para partir. Luz vermelha, sobe o giro dos motores. Luz verde e ação: estava dada a largada para o grande acontecimento.
Os companheiros da equipe Williams mantiveram suas posições na saída e o surpreendente Karl Wedlinger pulou da quinta para a terceira colocação com sua Sauber. Senna caiu para quinto e pouco antes da primeira curva, Schumacher o fechou e quase o jogou para fora da pista. O brasileiro se recuperou e, em uma bela manobra, aplicou um “drible” no alemão e tomou-lhe a quarta posição. Segundos depois, partiu para cima de Wedlinger e o ultrapassou por fora em uma curva, pulando ao terceiro lugar.
Na sequência, tomou para si a preferência da tangência, realizou a ultrapassagem em Damon Hill e foi-se embora à caça de seu arquirrival. Rapidamente encostou em Prost, pegou o vácuo e colocou de lado. Senna retardou a freada para entrar na curva “Melbourne Hairpin”, contornou por dentro o “cotovelo” (curva de 180 graus) e completou a linda manobra para assumir a liderança e registrar aquela que, para muitos, é considerada a “melhor volta da história da Fórmula 1”. Detalhe: mesmo com a pista molhada, o brasileiro largou com pneus slick, compostos adequados para pista seca.
Senna protagonizou mais um momento diferente no GP
Outra grande sacada foi realizada na volta 57. O piloto consultou previamente a direção de prova e não recebeu nenhuma contrariedade para concretizar o feito. Nos treinos, Ayrton havia passado pelo pit lane e percebeu que por lá ganharia uma certa vantagem. Usando sua experiência e inteligência, guardou este trunfo para usar em alguma hora apropriada durante a corrida. Sendo assim, repetiu o feito na prova, baixou seu tempo em dois segundos e anotou a volta mais rápida do dia.
Vale um parênteses para ressaltar também o ótimo desempenho do compatriota Rubens Barrichello. Largando da 12ª posição, fechou a primeira volta em quinto lugar com sua Jordan. Rubinho alcançou a vice-liderança durante a prova, porém abandonou a quatro voltas do fim quando estava em terceiro.
Senna chegou a colocar uma volta de diferença em Damon Hill, segundo colocado. Posteriormente, administrou o restante da corrida e conduziu sua McLaren a mais uma vitória marcante.
Alain Prost reclamou bastante do carro e da estratégia da Williams. Enquanto o brasileiro fez quatro pit-stop’s, o francês foi sete vezes aos boxes devido às constantes mudanças climáticas e, consequentemente, das condições da pista.
Na entrevista coletiva pós-corrida, ao ouvir as reclamações do rival, Ayrton brincou com a situação: “Por quê você não troca comigo?”, divertindo os presentes e deixando Prost constrangido.
Homenagem à façanha
A atuação de Senna rendeu uma placa escrita “a melhor volta do século”. Assim como esta placa, a McLaren MP4/8 e a bandeira do Brasil que o piloto exibiu após seu triunfo estão expostas no museu do circuito de Donington Park, em uma ala dedicada inteiramente ao brasileiro.
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