Home DESTAQUE Gabriel “Halier” Garcia, treinador bicampeão do CBLoL dá a dica: “jogue pelo menos 12 horas por dia”

Gabriel “Halier” Garcia, treinador bicampeão do CBLoL dá a dica: “jogue pelo menos 12 horas por dia”

Atualmente Halier comanda o All Knights

Lucas Perillo
Jornalista formado na Universidade Metodista de São Paulo

Gabriel, mais conhecido pelo apelido de jogo ‘’Halier”, atualmente vive no México, como coach de League of Legends e está à frente da equipe ⁠All Knights desde 2020. O carioca de 31 anos tem uma carreira muito vitoriosa, sendo bicampeão do CBLoL além de conquistar o Circuito Desafiante, Rift Rivals e GGF.

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Para conseguir tantos títulos, sempre se preparou e estudou muito o jogo lançado em 2009, mas o LoL nem sempre esteve nos planos do técnico.

Por nascer em 1990, Gabriel não estava inserido completamente no mundo da internet, então jogava apenas jogos single player, como Tomb Raider, Elifoot 98 e Pokémon. 

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Para ele, na época, os games não passavam de um hobby já que gostava muito de competir. “Jogos de console como SNES e N64 eram só um hobby porque não existia competição de games, já o futebol sempre foi minha paixão e não aceitava perder de maneira nenhuma”, disse Gabriel.

Para ele, desde cedo, competir era o foco principal. “Lembro que quando eu tinha 12 ou 13 anos, perdi o campeonato das olimpíadas escolares, e mesmo tendo sido vice-campeão do futebol, minha equipe ficou em último na classificação geral. Peguei minha medalha de vice do futebol e aquela de “honra ao mérito” que se ganha só de participar, cavei um buraco na terra no quintal da escola com as minhas próprias mãos e enterrei as medalhas”.

Com 15 anos, Gabriel manteve o foco nas competições e decidiu treinar para se tornar jogador de futebol, mas a carreira como goleiro não durou muito. Aos 21 anos, decidiu se aposentar pois considerava muito arriscado focar nessa profissão e tinha receio de estragar o próprio futuro. Sendo assim, focou na faculdade de jornalismo e se formou na FACHA do Rio de Janeiro.

Um pouco depois de abandonar a carreira como jogador, Gabriel se envolveu novamente com as competições, mas dessa vez no Jiu Jitsu. “Num episódio de sorte, acabei encontrando, perto de casa, a academia dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro”, conta.

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Quando conheceu a academia, Gabriel logo se tornou aluno e passou a competir no Brasil e fora do país. Em 2014, foi campeão americano de grappling na categoria em que disputou. Em 2015, acabou deixando de lado a luta por conta das lesões que carregava desde a época do futebol.

Em meio a tanta competição, faculdade, estágios e bicos, Gabriel acabou conhecendo o League of Legends em 2011. “Conheci o LoL por causa de uma menina que eu era a fim. Um dia ela me chamou para jogar e eu não fazia ideia do que era aquilo… mas aceitei para ficar mais perto dela”, conta.

Após se apaixonar pelo game, Gabriel decidiu levar mais uma vez a vontade de competir em conta e se profissionalizar no League of Legends, mas não como jogador. “Eu vi que era muito ruim e não tinha como ser jogador, mas eu conseguia ver o jogo de fora e saber o que cada um tinha que fazer para ganhar, por isso resolvi tentar me tornar coach”, explica.

Gabriel passou a estudar o jogo, e com a mentalidade de um competidor, conseguiu uma ascensão muito rápida no cenário, em menos de um ano já estava comandando um time com Elo mestre.

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Apesar da evolução, o início não foi tão simples assim, estudar o jogo era difícil já que não existia material nacional para quem estava começando, e as realidades entre ligas eram muito diferentes, na época, não existia um compartilhamento de informações e ensinamentos com os times amadores.

Além das dificuldades dentro do jogo, Gabriel também enfrentou um pouco de preconceito do pai com a carreira. “No início, minha mãe me apoiou, mas com certo receio e meu pai, mesmo sendo contra, não me impediu de seguir com a carreira. Acho que somente depois que eles perceberam que é uma profissão, que é possível viver disso, passaram a me apoiar incondicionalmente”, conta.

Hoje, após muitos títulos, Gabriel também credita o sucesso aos treinadores que teve durante a vida. “Durante minha vida de atleta tive a sorte de ter excelentes treinadores e mestres que me passaram muitas filosofias boas de trabalho, se não fosse pelos ensinamentos deles, com certeza eu não teria o sucesso que estou conseguindo ter”.

Após comandar oito equipes e ter uma vasta experiência como treinador, o coach avalia que a preparação e planejamento são pontos importantes para conseguir sucesso no LoL. Gabriel aponta que deve haver entrosamento entre o time e também um conhecimento do adversário, só assim será possível criar um equilíbrio para um confronto.

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Para quem não vive e não conhece, o treinador conta que os bastidores do mundo profissional de LoL não são muito empolgantes e já não joga tanto o game. “É basicamente LoL pelo menos 12 horas do seu dia, isso quando não é mais. Eu mesmo tenho jogado pouco, hoje em dia, se eu jogar 300 jogos por ano é muito. Creio que o mais legal dos bastidores são as amizades que são feitas e a troca de cultura com pessoas de várias regiões do país e do mundo”, conta.

Com o crescimento do LoL e a profissionalização evidente do segmento, Gabriel “Halier” Garcia conta que para conseguir trabalhar na área deve haver abdicação. “Você deve abrir mão de muitas coisas se quiser trabalhar com LoL ou qualquer outro esporte de alto rendimento, se fizer só o “básico” e não se sacrificar pela excelência, os que farão, vão ficar na sua frente”, finaliza.