Home Extracampo Julian Nagelsmann e a influência da Red Bull no mercado de treinadores

Julian Nagelsmann e a influência da Red Bull no mercado de treinadores

Ao abraçar jovens técnicos, a franquia da marca de energéticos influencia o futebol fora das quarto linhas ao formar talentos para o mais alto nível

Redação Torcedores
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No dia 27 de abril, o Bayern de Munique confirmou a contratação do treinador Julian Nagelsmann para a temporada 2021/2022. Julian, que estava no comando técnico do RB Leipzig desde 2019, foi o eleito para substituir Hansi Flick, que pediu para ter o seu contrato terminado no dia 30 de junho de 2021, dois anos antes do fim do acordo inicial firmado entre Flick e Bayern.

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Há trabalhos em que nem um bot é capaz de substituir uma pessoa, apesar de muito inteligentes, o fator humano fala mais alto. Alguns nomes vêm emergindo e com eles a ideia de que um bom técnico é aquele que tem mais idade vai sendo abandonada. A transferência de Julian Nagelsmann é um exemplo.

A imprensa da Alemanha informou que o valor da negociação entre Bayern e Leipzig pelos serviços de Nagelsmann foi de 25 milhões de euros. Consequentemente, o treinador se tornou o uma das transferências mais caras da Bundesliga. Para efeito de comparação, o negócio superou valores de transferências envolvendo o atacante Erling Haaland e o Borussia Dortmund.

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“Nagelsmann representa uma nova geração de treinadores. Apesar de sua pouca idade, ele já possui um currículo impressionante. Estamos convencidos de que com Julian Nagelsmann, nós podemos continuar com o magnífico sucesso dos anos anteriores”. As palavras de Herbert Hainer, presidente do Bayern, reforçam o fato de que a escolha foi feita de forma consciente e realmente existe uma nova geração de treinadores dentro da Alemanha.

Sem dúvida, Julian Nagelsmann é o maior representante dessa nova safra de técnicos. Em sua maioria, o perfil dos nomes é semelhante: jovens, alguns são ex-jogadores aposentados precocemente, com passagem por categorias de base e defensores de um futebol moderno.

Um dos fatores para que novos treinadores apareçam no cenário alemão foi a transformação realizada pela DFB, a federação de futebol da Alemanha. Após a Eurocopa de 2000, a entidade realizou um trabalho global para estabelecer novos requisitos e modificar o conteúdo da formação de treinadores para que os mesmos se qualifiquem mais no momento de receber o diploma e a licença para exercer a profissão. O resultado pode ser visto na prática com o sucesso de Nagelsmann, mas também com o surgimento de treinadores como Thomas Tuchel.

Entretanto, o RB Leipzig também possui a sua parcela de contribuição no processo. Além de ter uma equipe na primeira divisão da Alemanha, a Red Bull também gere outras equipes ao redor do mundo e, assim, faz a roda girar no mundo dos treinadores.

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Jesse Marsch é um dos exemplos. O técnico de 47 anos foi o eleito para assumir a vaga de Nagelsmann no principal time da marca de energéticos. Antes de chegar no comando técnico do Leipzig, Marsch traçou um caminho coerente dentro das equipes Red Bull.

Em 2015, o americano foi eleito para assumir a cadeira no New York Red Bulls dentro da MLS, a principal liga de futebol dos Estados Unidos. Após se tornar o técnico que mais venceu com a equipe de Nova Iorque, Marsch foi para a Alemanha e se tornou auxiliar técnico de Ralf Rangnick, um dos grandes nomes da revolução feita pela Red Bull no futebol.

Ao completar a temporada 2018/2019 como auxiliar, Jesse Marsch recebeu a grande oportunidade de sua vida: assumiu o cargo principal no Red Bull Salzburg na Áustria. Foi no país vizinho à Alemanha que o americano levou o Salzburg a competir pela primeira vez em sua história na fase de grupos da Champions League. Vencedor também na Áustria, a sequência de sua carreira não poderia ter sido diferente e o futuro do técnico acontecerá novamente na Alemanha, mas agora como o treinador principal do Leipzig.

A força da Red Bull na formação de técnicos cresce cada vez mais ao ponto do time colocar outros treinadores em times da Bundesliga. Para a temporada 2021/2022, a previsão é de que oito nomes que tiveram passagens entre as equipes de categoria de base e principais da franquia Red Bull estejam no comando técnico de algum clube da primeira divisão da Alemanha.

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São eles: Sebastian Hoeneß no Hoffenheim (passou pelas equipes de base do Leipzig), Frank Kramer no Arminia Bielefeld (passou pelas equipes de base do Salzburg), Marco Rose no Dortmund (passou pelo Salzburg), Bo Svensson no Mainz (passou pelo Liefering, time da segunda divisão da Áustria), Adi Hütter no Gladbach (passou pelo Salzburg), Oliver Glasner no Wolfsburg (passou pela comissão técnica do Salzburg), Jesse Marsch no Leipzig e o próprio Julian Nagelsmann no gigante Bayern de Munique. 

Se a formação de jovens talentos em campo já era uma premissa dos times geridos pela Red Bull, a formação de técnicos capacitados para assumir cargos importantes é mais um fator que torna o projeto único no mundo do futebol. A esperança, claro, agora está com o Red Bull Bragantino, equipe do Brasil que já colhe os frutos de uma boa gestão e voltou a competir em torneios continentais após 25 anos.

Na temporada 2020, o Bragantino terminou o Campeonato Brasileiro no 10º lugar e voltou à Copa Sul-Americana em 2021 e tem Mauricio Barbieri em seu comando. O treinador que já passou pelo Flamengo possui um perfil semelhante aos técnicos da Red Bull aliando juventude e estudo acadêmico e formativo no meio do futebol.