Home Futebol Botafogo terá que ser muito mais intenso e aplicado se quiser se livrar do calvário da Série B

Botafogo terá que ser muito mais intenso e aplicado se quiser se livrar do calvário da Série B

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação dos comandados de Marcelo Chamusca no empate com o Vila Nova nesta sexta-feira (28)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

É bem verdade que estamos falando apenas da primeira rodada do Brasileirão da Série B e que todas as vinte equipes ainda terão mais 37 partidas pela frente para decidir o campeão, quem sobe para a Série A e quem será rebaixado para a Série C. Mesmo correndo o risco de soar leviano ou oportunista, é preciso dizer que o Botafogo perdeu a chance de iniciar a principal competição da temporada com o pé direito. O empate em 1 a 1 com o Vila Nova, em jogo disputado nesta sexta-feira (28), nos mostrou uma equipe que ainda busca a melhor maneira de jogar e que ainda encontra sérias dificuldades quando precisa impor seu estilo. Se Marcelo Chamusca acertou com a formação mais compacta (que deixa Ricardinho como uma espécie de “regista” na frente da zaga), a equipe do Botafogo ainda precisa de mais intensidade e aplicação se quiser atingir seus objetivos no altamente disputado Brasileirão da Série B.

PUBLICIDADE

As atuações do Botafogo nos dois jogos da final da Taça Rio fizeram com que Marcelo Chamusca abandonasse seu 4-2-3-1 costumeiro e adotasse um 4-3-3 com Ricardinho organizando a saída de bola, Pedro Castro e Romildo mais próximos do ataque. Apesar de manter a bola no ataque e não sofrer muitos sustos, o Glorioso tendia a concentrar suas jogadas pelo lado direito com as boas descidas de Ronald e Warley naquele setor. O posicionamento do Vila Nova (comandado por Wagner Lopes) nas transições ofensivas, por sua vez, obrigava Marco Antônio e Paulo Victor a adotar uma postura mais conservadora no lado esquerdo. Ao mesmo tempo, com tanta gente na frente da área do goleiro Georgemy, a vida do Botafogo ficava mais complicada. Faltava mobilidade ao ataque alvinegro e mais intensidade para sair da retranca do Tigre no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, o simpático OBA, em Goiânia.

PUBLICIDADE

Marco Antônio guardava sua posição no meio-campo e liberava Pedro Castro e Romildo para encostarem na dupla de ataque. A formação pensada por Marcelo Chamusca dava mais consistência defensiva, mas deixava o Botafogo “torto” pela direita e facilitava a vida do Vila Nova. Foto: Reprodução / Premiere

Só que a equipe do Botafogo ainda sofre demais com a recomposição defensiva. Há muitos erros no posicionamento corporal dos jogadores que compõem a última linha e muita lentidão nas transições (um dos problemas mais crônicos do time na temporada passada). Há como se compreender o posicionamento de Ricardinho quase que como um “regista”, um volante de criação que organiza e qualifica a saída de bola enquanto Pedro Castro e Romildo tentam dar profundidade e abrir espaços. Não é difícil concluir que as bolas perdidas no meio-campo se tornam quase fatais para o escrete comandado por Marcelo Chamusca. Não era raro ver Kelvin, Henan, Pedro Júnior e Arthur Rezende fechando as linhas de passe do Botafogo na variação para o 4-4-2 quando a equipe de Wagner Lopes estava sem a bola. Além disso, Ricardinho não tinha a velocidade necessária para fechar o espaço na frente de Gilvan e Kanu.

Ricardinho se comportava como uma espécie de “regista” na frente da zaga, mas a equipe do Botafogo como um todo ainda pecava demais na recomposição defensiva. Do outro lado, o Vila Nova fechava as linhas de passe e saía em velocidade assim que recuperava a bola. Foto: Reprodução / Premiere

PUBLICIDADE

Por incrível que pareça, a expulsão do volante Deivid ainda no primeiro tempo ajudou a escancarar ainda mais as dificuldades do Botafogo na partida. O lateral-esquerdo Willian Formiga abriu o placar a favor do Vila Nova em belo chute da entrada da área aos sete minutos do segundo tempo. No entanto, a essa altura, Marcelo Chamusca já havia feito a mexida que daria outra cara ao Botafogo. Trata-se da saída de Ricardinho e da entrada de Chay. O camisa 14 se comportou como o meia central do 4-2-3-1 preferido do treinador do Glorioso, mas não se limitou a permanecer no meio-campo. Apareceu no ataque e se movimentou bastante no terço final. Foi de Chay a assistência para Rafael Navarro empatar o jogo aos treze minutos da segunda etapa. No entanto, apesar da impressão de que o Botafogo conseguiria a virada, o placar não foi alterado até o final. E o resultado foi, de certa forma, até justo.

Chay melhorou a produção ofensiva do Botafogo atuando como o meia central do 4-2-3-1 preferido de Marcelo Chamusca. Ao mesmo tempo, Romildo e Pedro Castro (agora mais recuados) ajudaram a empurrar o Vila Nova para seu campo e pressionar o time goiano no segundo tempo. Foto: Reprodução / Premiere

Marcinho e Felipe Ferreira entraram no jogo, mas pouco acrescentaram ao time do Botafogo em termos técnicos e táticos. Por incrível que pareça, o jogador que mais se mostrou em condições de somar foi Guilherme Santos. Lateral-esquerdo de origem, o camisa 32 entrou no meio-campo (como volante) e ajudou a distribuir bons passes, desafogando um pouco Pedro Castro da função e fazendo companhia a Paulo Victor. Essa formação, no entanto, funcionou porque o Vila Nova jogava com dez atletas e pouco ameaçava a meta de Douglas Borges. Contra equipes mais organizadas e intensas nas transições, a probabilidade do Botafogo sofrer é grande. Principalmente por conta da necessidade que Marcelo Chamusca tem de encontrar o melhor desenho tático com tantos jogadores chegando ao time ao mesmo tempo. Mesmo assim, a formação com três volantes mais enfraqueceu o setor ofensivo do que melhorou o passe no meio-campo.

PUBLICIDADE

Este que escreve não quer dizer que Marcelo Chamusca escolheu mal o time titular ou errou na formação escolhida para a estreia na Série B. Cada decisão tomada dentro de campo terá consequências e efeitos quase que imediatos no jogo. O velho e rude esporte bretão funciona dessa maneira. A questão aqui é que o Botafogo precisa tomar as decisões certas daqui pra frente. por mais que a competição ainda esteja no começo, os pontos perdidos agora costumam fazer falta lá na frente.

PUBLICIDADE

CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:

Qualidade do Fluminense prevalece sobre um Botafogo completamente perdido, sem rumo e sem força ofensiva

Pé no freio e pouquíssima criatividade: Flamengo joga pro gasto em mais uma partida sem brilho

SIGA LUIZ FERREIRA NO TWITTER

PUBLICIDADE