Home Futebol Nova derrota na Serie B escancara a enorme fragilidade defensiva de um Vasco sem rumo e sem nervos

Nova derrota na Serie B escancara a enorme fragilidade defensiva de um Vasco sem rumo e sem nervos

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a derrota dos comandados de Marcelo Cabo para o Cruzeiro em partida disputada nesta quinta-feira (24)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Quem prestou atenção no início do jogo entre Vasco e Cruzeiro na noite desta quinta-feira (24) pode ter ficado com a impressão de que os comandados de Marcelo Cabo finalmente encontraram a consistência tão procurada nos primeiros meses da temporada. A tal regularidade, no entanto, ruiu como um castelo de cartas poucos minutos depois que Morato fez o único gol vascaíno no Mineirão. A Raposa não precisou se esforçar muito para vencer o Trem Bala da Colina por 2 a 1 de virada e escancarar a enorme fragilidade defensiva do seu adversário. Os velhos erros de marcação na bola parada e a falta de controle dos nervos apareceram novamente assim como a queda abrupta na confiança dos jogadores dentro de campo. O resultado também aumenta a desconfiança em cima do trabalho de Marcelo Cabo. O Vasco segue sem rumo, sem evolução e sem muitas perspectivas nessa Série B.

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É impossível separar o desempenho das duas equipes das expulsões (exageradas na visão deste que escreve) de Bruno Gomes e Paulo ainda no primeiro tempo. Se o Cruzeiro conseguiu manter um mínimo de consistência e fechar bem a sua área, o Vasco sofreu com a falta de ideias e a irregularidade. O escrete de São Januário se organizava num 4-4-2 com Andrey no lugar de Rômulo, marcação na saída de bola do adversário e rapidez nas trocas de passe com Marquinhos Gabriel jogando como uma espécie de “segundo atacante” próximo a Germán Cano. O problema é que os comandados de Marcelo Cabo já apresentavam as velhas dificuldades nas bolas aéreas e viam o Cruzeiro ocupar bem os espaços no campo a partir do 3-4-2-1 elaborado por Mozart. O gol de Morato (marcado logo aos oito minutos do primeiro tempo) deixou a falsa impressão de que o Vasco finalmente fosse encontrar seu rumo.

Vasco vs Cruzeiro - Football tactics and formations

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Marquinhos Gabriel era o principal articulador de jogadas do 4-4-2/4-2-3-1 do Vasco de Marcelo Cabo. O Cruzeiro, por sua vez, tinha muita força pelos lados do campo com as descidas de Felipe Augusto e Raul Cáceres no 3-4-2-1 de Mozart. Rafael Sóbis era o “falso nove” da equipe celeste.

Embora o Vasco seguisse pressionando, a grande verdade é que o Cruzeiro não precisou forçar muito para marcar duas vezes. O gol de empate saiu aos 14 minutos em mais uma falha de marcação nas bolas levantadas na área vascaína. Bruno Gomes e Riquelme apenas observaram Rafael Sóbis desviar escanteio na primeira trave e Matheus Barbosa apenas escorar para o gol vazio. Desse momento em diante, a confiança do time de Marcelo Cabo simplesmente sumiu. O Cruzeiro avançou as suas linhas e passou a pressionar mais a (cada vez mais frágil) saída de bola do Vasco até conseguir balançar as redes mais uma vez. O lance do segundo gol da Raposa (também marcado por Matheus Barbosa) serviria também para escancarar a desorganização defensiva do time de São Januário. Nenhum dos jogadores do meio-campo vascaíno fechou a linha de passe depois que Felipe Augusto foi para a linha de fundo.

Felipe Augusto vai para a linha de fundo e cruza para a área. Bruno Gomes e Andrey não fecham as linhas de passe e MT apenas observa a bola chegar em Matheus Barbosa no lance do segundo gol do Cruzeiro. A fragilidade defensiva do Vasco ficou escancarada. Foto: Reprodução / TV Globo

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As coisas ficariam ainda piores para o Vasco após a expulsão de Bruno Gomes. Pelo menos até o final do primeiro tempo, Marcelo Cabo montou um 4-4-1 com Marquinhos Gabriel jogando pelo lado do campo e MT vindo fazer a função de volante ao lado de Andrey. Só que o estrago já estava feito. O Trem Bala da Colina só conseguia levar perigo ao gol de Fábio na base dos chutes de longa distância e nas bolas levantadas na área. Os movimentos continuaram lentos e previsíveis e a defesa não conseguia passar segurança para o restante da equipe de São Januário, pontos que apenas facilitaram a vida de um Cruzeiro também organizado num 4-4-1 por Mozart e que se deu ao luxo de dar a bola para o Vasco e esperar o apito final. Muitos toques laterais, muitos passes trocados entre os zagueiros Leandro Castán e Ernando, muita desorganização na hora de atacar e criatividade quase nula no Mineirão.

Com as expulsões de Paulo e Bruno Gomes, as duas equipes se organizaram num 4-4-1, mas foi o Cruzeiro quem mostrou mais consistência e solidez. O Vasco só conseguiu levar perigo ao gol de Fábio na base dos chutes de longa distância e das bolas levantadas na área. Foto: Reprodução / TV Globo

Marcelo Cabo ainda tentou um abafa final com as entradas de Daniel Amorim, João Pedro, Gabriel Pec e Léo Jabá, mas apenas desorganizou ainda mais o Vasco ao posicionar Marquinhos Gabriel como volante. Difícil defender o treinador vascaíno depois de tudo o que se viu no Mineirão. Do outro lado, o Cruzeiro teve atuação apenas razoável, mas soube aproveitar as oportunidades que teve ao longo dos noventa e poucos minutos e explorar as deficiências do seu adversário. Mozart vem conseguindo adaptar seu 3-4-2-1 às características dos jogadores que tem à disposição e a defesa parece (um pouco) mais consistente. Marcelo Cabo, por sua vez, vê a desconfiança em torno do seu trabalho aumentar bastante. Se a vitória sobre o CRB trouxe um pouco de alívio na Colina Histórica, a derrota desta quinta-feira (24) escancarou todos os problemas coletivos e a falta de evolução do time do Vasco.

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O momento é de incerteza lá pelos lados de São Januário. Não somente pelos últimos resultados no Brasileirão da Série B, mas por conta do desempenho apresentado pelo Trem Bala da Colina na competição. A equipe não consegue ter um mínimo de regularidade e ainda sofre dos mesmos problemas percebidos nas últimas temporadas. É lógico que o contexto (pandemia de COVID-19, lesões, problemas nos bastidores) atrapalha. No entanto, a paciência de torcida e diretoria com Marcelo Cabo parece ter acabado de vez.

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