Home Esportes Olímpicos Olimpíadas: Com direito a virada épica, Brasil bate Argentina pelo vôlei masculino

Olimpíadas: Com direito a virada épica, Brasil bate Argentina pelo vôlei masculino

Renascendo das cinzas, Brasil reverte desvantagem de 2 sets a 0 e vence o clássico para lá de emocionante contra os rivais sul-americanos

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Equilibrado no retrospecto em Jogos Olímpicos, o duelo entre Brasil e Argentina desta segunda-feira (26) não foi diferente. Por 3 sets a 2 (19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14), a seleção tricampeã olímpica enfrentou muitas dificuldades com o forte desempenho dos ‘hermanos’, mas mostrou enorme poder de reação. Em uma virada épica, conseguiu reverter uma desvantagem de 2 a 0 e levou a melhor sobre os rivais. A equipe somou sua segunda vitória em dois jogos pelo “grupo da morte”. Já os argentinos estão em situação delicada no campeonato, acumulando duas derrotas.

Yoandy Leal brilhou, chamando a responsabilidade e comandou a pontuação brasileira com 18 pontos, dos quais sete foram no tie-break. Wallace e Lucarelli contribuíram com 14 cada. Bruno Lima foi o destaque argentino e maior pontuador da partida, anotando 26. Os ponteiros Ezequiel Palacios e Facundo Conte apareceram muito bem com 19 e 15 pontos respectivamente.

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Pela segunda vez no ano houve este confronto. O Brasil iniciou sua campanha do título da Liga das Nações no dia 28 de maio contra os argentinos. Apesar do 3 a 0, os dois primeiros sets foram bem equilibrados e decididos nos detalhes. Porém, a exemplo do jogo de estreia da olimpíada contra a Tunísia, o Brasil deslanchou no último set e fechou a parcial com tranquilidade, levando a melhor em 31/29, 26/24 e 25/16.

Rivalidade acirrada em Jogos Olímpicos

Este foi o sétimo clássico sul-americano em olimpíadas. Com a vitória de hoje, a seleção brasileira tomou a frente no duelo, triunfando em quatro oportunidades. A primeira partida entre os países ocorreu na edição de Seul-1988, com os argentinos vencendo a disputa do bronze por 3 sets a 2.

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Em Atlanta-1996, houve dois jogos. Na fase de grupos, vitória argentina. As seleções jogaram a decisão do quinto lugar e desta vez deu Brasil, devolvendo o 3 a 1 da primeira fase.

Invicto nas cinco partidas da fase inicial, os brasileiros encararam a seleção albiceleste, quarta colocada no outro grupo, nas quartas de final. Apesar do favoritismo da equipe brasileira, os vizinhos avançaram à semifinal por 3 sets a 1 em Sidney-2000.

Fora dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e Pequim-2008, a Argentina voltou em Londres-2012 e participou também na Rio-2016. Assim como em Sidney, os rivais se enfrentaram pelas quartas de final nas duas edições. No entanto, em ambas situações, o Brasil despachou os argentinos de volta para casa com sonoros 3 a 0. Em Londres, os comandados de Bernardinho na época ficaram com o vice e deram a volta por cima em casa, conquistando o tricampeonato olímpico no Rio de Janeiro.

Escalação

Brasil: Bruninho (Levantador); Wallace (oposto); Yoandy Leal e Lucarelli (ponteiros); Lucão e Isaac (centrais); Thales (líbero)

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Argentina: Luciano de Cecco (levantador); Bruno Lima (oposto); Facundo Conte e Ezequiel Palacios (ponteiros); Sebastian Solé e Agustin Loser (centrais); Santiago Danani (líbero)

No banco argentino estava uma figura muito conhecida do vôlei brasileiro. Marcelo Mendez foi treinador do Sada/Cruzeiro nas últimas 12 temporadas. Em 55 campeonatos, comandou o clube a 48 finais e faturou expressivos 39 títulos. Entre as principais conquistas estão: três Mundial de Clubes, sete Sul-Americanos, seis Superliga, seis Copa do Brasil e 11 Campeonatos Mineiro.

Outros dois argentinos se aventuraram em terras brasileiras. O central Sebastian Solé e o ponteiro Facundo Conte já defenderam o Vôlei Taubaté. Conte atuou também pelo Sada/Cruzeiro.

1º SET

Com erro de saque argentino e uma diagonal de Wallace, o Brasil saiu com 2 a 0 à favor. Os argentinos conseguiram boas defesas e emendaram quatro pontos consecutivos. Bruno Lima pediu desafio em uma bola marcada fora pela arbitragem. A marcação foi revertida, dando ponto aos argentinos. Após ace do próprio Lima e uma bola fora de Isaac, Renan Dal Zotto pediu tempo para reorganizar os brasileiros. O tempo surtiu efeito e o Brasil virou para 8 a 7 com uma condução de bola irregular de Facundo Conte.

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A parcial continuava equilibrada, com o Brasil abrindo dois de diferença e a Argentina buscando. Os vizinhos abriram 16 a 14 após duas tentativas falhas de bloqueio brasileiro. Sacando muito bem e quebrando o passe adversário, os argentinos obrigaram Renan Dal Zotto a pedir novo tempo técnico com 18 a 15. De Cecco fez uma ótima parcial. Distribuindo com eficiência e acelerando bolas nos levantamentos. O oposto Bruno Lima aproveitou bem a atuação do companheiro e se destacou na pontuação. Abrindo boa diferença no momento derradeiro, a Argentina fechou o set em 25 a 19 freando o Wallace no bloqueio. Os argentinos anotaram 16 pontos de ataque, sendo metade deles em contra-ataque

Bruno Lima foi o principal pontuador argentino. Facundo Conte e Agostin Loser colaboraram com cinco cada. Wallace teve cinco acertos pelo Brasil.

2º SET

Assim como no início da primeira, a segunda parcial começou bem equilibrada, com as equipes trocando pontos. No entanto, os argentinos aproveitaram o nervosismo, a baixa eficiência no saque e no ataque brasileiro e abriram 9 a 6. Renan parou o jogo e substituiu Yoandy Leal por Douglas Souza. Bruninho passou a usar mais o Lucarelli. Confiante, o ponteiro guardou quatro ataques seguidos quando acionado e ainda somou mais um ponto no bloqueio, diminuindo a desvantagem para 13 a 12.

No entanto, Bruno Lima continuava com alta produção no ataque, mantendo os ‘hermanos’ à frente. Palácios na pipe e Agustin Loser numa bola de cheque aumentaram o placar em 21 a 17. Na inversão de 5×1, entraram o levantador Cachopa e oposto Alan Souza. Apesar do bom desempenho ofensivo na parcial, Lucarelli deu lugar à Maurício Borges para tentar melhorar o passe. Cachopa acionou Douglas Souza por duas vezes e o ponteiro correspondeu. Contudo, a seleção não teve mais tempo de ensaiar uma reação. Novamente os argentinos foram mais eficientes no momento mais importante do set. Abriram 2 a 0 com um ataque no meio de rede do central Sebastian Solé, fechando o set em 25 a 21, ficando perto da primeira vitória nesta edição de Jogos Olímpicos.

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Ezequiel Palácios comandou os vizinhos na segunda parcial com sete pontos. Bruno Lima contribuiu com seis. Para o Brasil, seis pontos para Lucarelli.

3º SET

Para o terceiro set, Cachopa foi mantido no lugar de Bruninho. Em dois pontos de contra-ataque, o Brasil largou na frente. Num bloqueio de Wallace, a vantagem foi para 5 a 1 e forçou o técnico argentino Marcelo Mendez a pedir seu primeiro tempo no jogo. Leal enfim anotou o primeiro ace brasileiro o jogo, colocando o placar em 8 a 4. Os adversários passaram a errar mais no set e o bloqueio brasileiro apresentou melhoras, amortecendo os ataques. Leal chamou a responsabilidade e foi importante na construção da vantagem em 15 a 9.

Marcelo Mendez optou por descansar De Cecco e colocou Matias Sanchez. Enfim, o Brasil se acertou no serviço, quebrando o passe adversário e proporcionando melhor no bloqueio, como também nos contra-ataques. Com 21 a 14 no placar, o triunfo no set estava encaminhado. Mais focado, os jogadores brasileiros tiveram ótimo desempenho. Minimizaram muito os erros. No ataque, não cederam nenhum ponto ao rival. Os erros vieram apenas no saque, com três bolas fora. Em uma defesa brasileira, a bola veio colada à rede. Cachopa iludiu o bloqueio e a bola caiu na quadra argentina, recolocando o Brasil no jogo ao finalizar a parcial em 25 a 16.

Bem distribuído por Cachopa, os atacantes Wallace e Yoandy Leal somaram seis e cinco pontos e Lucão mais quatro. Ezequiel Palacios deixou quatro pontos para os argentinos.

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4º SET

De Cecco voltou para a partida pelo lado argentino e Cachopa novamente foi mantido pela seleção brasileira. O levantador argentino acionou bem seus atacantes e ajudou a equipe sair na frente da parcial por 6 a 3. Bruninho e Alan Souza entraram em quadra. Mas os argentinos continuaram com forte volume no ataque e consistentes na defesa, deixando o time de Renan Dal Zotto sem respostas.

Após longo rali, o Brasil diminuiu a vantagem rival, que chegou a seis, para 15 a 11. Os argentinos sofreram um apagão e o Brasil se aproveitou, melhorando na defesa e no ataque. Os argentinos começaram a sentir a pressão no meio do set. Com três pontos de bloqueio seguidos, sendo dois de Lucarelli, a seleção renasceu na partida. 17 a 16 para os adversários. Palacios mandou uma diagonal para fora e empatou a parcial em 18 a 18. A dupla Bruninho-Lucão colocou a seleção na frente e, com mais um erro argentino, os brasileiros abriram 20 a 18. Em um saque potente de Alan, a bola voltou rente à rede e De Cecco invadiu por cima. Infração marcada, vantagem em 22 a 19.

Num ace, Lucarelli colocou o Brasil com quatro set points. Em uma bola colada na rede, Bruninho levantou e Leal explorou o bloqueio para dar números finais ao set em 25 a 20.

Lucarelli guardou cinco. Yoandy Leal e Alan Souza dividiram a pontuação em quatro para cada. Bruno Lima e Facundo Conte despejaram seis e cinco pontos respectivamente para a albiceleste.

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TIE-BREAK

Lucarelli abriu o tie-break com um ace. A parcial esteve muito parelha na metade do set. As duas seleções muito fortes no ataque, trocando pontos sem deixar ninguém desgarrar no placar. Leal e Alan Souza chamaram o jogo para o Brasil. No entanto, os argentinos abriram a primeira vantagem de dois pontos de uma equipe no tie-break. Explorando o bloqueio por duas vezes, a seleção amarela  e azul empatou novamente em 11 a 11.

Bruninho continuou acionando Leal e o ponteiro correspondendo. Com um forte saque, Leal dificultou o passe rival e Maurício Souza freou o ataque argentino num bloqueio, colocando o Brasil à frente em 13 a 12. Após o empate em 14, os argentinos ficaram na rede em seu serviço. Sentindo a pressão, cometeram mais um erro. Dessa vez, fatal. Facundo Conte atacou para fora e consolidou uma virada incrível da seleção brasileira, conquistada com muita resiliência e na raça.

Leal foi o destaque absoluto do set com sete pontos.

https://www.youtube.com/watch?v=TYRJEoJemAo

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Após duas vitórias em dois jogos, os brasileiros têm mais três compromissos na fase de grupos dos Jogos Olímpicos.

23/07 – 23h00

Brasil 3 x 0 Tunísia (25/22, 25,20 e 25/15)

26/07 – 9h45

Brasil 3 x 2 Argentina (19/25, 21/25, 25/16, 25/21 e 16/14)

28/07 – 9h45

Brasil x Rússia (ROC)

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29/07 – 23h05

Brasil x Estados Unidos

31/07 – 23h05

Brasil x França

 

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