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Fórmula 1: mecânico cita risco de morte e fala sobre pressão

Fórmula 1 vai ter um recorde de provas na temporada 2022

Octávio Almeida Jr
Jornalista graduado pela Universidade da Amazônia (UNAMA), 29 anos. Repórter de campo pela Rádio Unama FM em duas finais de Campeonato Paraense (anos 2016 e 2017). Repórter no site Torcedores.com desde 2018.

A Fórmula 1 é conhecida por ser cheia de glamour e trazer muita emoção aos fãs do principal torneio mundial de automobilismo. Entretanto, nos bastidores, há muito sofrimento, pressão psicológica e até risco de morte.

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É o que afirmou um mecânico que vive o dia a dia do campeonato. O relato foi revelado sob condição de anonimato e publicado pela revista britânica Autosport.

“São muitas horas de trabalho. Da quarta-feira, antes da corrida até a noite de domingo, são no mínimo 12 horas de trabalho por dia. Você não tem noção do que isso causa em você, até que retorna ao trabalho normal na fábrica. Uma jornada de oito horas parece até cômica, porque parece muito curta”, inicia o profissional.

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Mais provas e risco de morte

A Fórmula 1 vai ter um calendário maior em 2022. Ao todo, 23 provas serão disputadas em diferentes países. A quantidade é um recorde.

“Você não está apenas mentalmente cansado, mas também fisicamente esgotado. Conforme a temporada avança, há um monte de lesões acontecendo”, prossegue o mecânico.

“As equipes têm médicos e fisioterapeutas para ajudar a cuidar de você, mas a solução mais fácil é injetar analgésicos apenas para mantê-lo ativo”, reconhece.

“Não há nenhuma maneira, nem em um milhão de anos, que um médico normal lhe daria o que recebemos para nos manter”, continua.

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O profissional também cita o risco de que a rotina da Fórmula 1 traz. “Para aqueles que não querem seguir o caminho dos analgésicos, eles recorrem ao álcool. E isso também não é bom. Alguém pode perder a vida”, relata.

Mercedes trabalhou pesado para conquistar o oitavo título seguido do campeonato de construtores - imagem: divulgação/Mercedes

Mercedes trabalhou pesado para conquistar o oitavo título seguido do campeonato de construtores – imagem: divulgação/Mercedes

Pandemia reflete no dia a dia de trabalho

O mecânico também destacou que a pandemia do novo coronavírus refletiu, diretamente na rotina de trabalho dos profissionais da Fórmula 1.

“Além de tudo isso, as regras com a pandemia de Covid-19 adicionaram outro ponto de estresse, especialmente porque as equipes gostam de gerenciar o tempo dos testes em termos do que é melhor para elas, e não do que é melhor para o indivíduo”, constatou.

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“Algumas equipes não querem que você teste muito cedo, caso isso o coloque para fora da classificação ou da corrida. Em vez disso, eles preferem que você espere até o mais tarde possível para fazer seu PCR pré-retorno”, disse.

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“Mas se houver um problema e o resultado do teste não voltar por algum motivo, então é o mecânico que sofre, pois tem que ficar mais um dia longe de casa para voltar a fazer o teste”, constatou.

Red Bull Racing ajudou no título de Max Verstappen - imagem: Kamran Jebrelli/ Red Bull e Getty Imagens

Red Bull Racing ajudou no título de Max Verstappen – imagem: Kamran Jebrelli/ Red Bull e Getty Imagens

Angústia com os erros

O mecânico também falou sobre os erros que, além de comuns ao ser humano, podem custar o trabalho de toda uma equipe e, consequentemente, o resultado final da prova.

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“Quando você erra, acontece apenas uma decepção silenciosa dos outros. Você é questionado sobre por que deixou isso acontecer, por que não estava mais ciente das coisas, e é difícil aguentar isso com todo o resto”, lamenta.

“Então você começa a duvidar de si mesmo. Isso o confunde e o faz arriscar ainda mais cometer erros, porque você começa a ficar mais estressado com isso. É mentalmente fatigante”, definiu.

Diferença de tratamento

O personagem também destacou que muito se fala em saúde mental na Fórmula 1. Entretanto, o assunto é restrito aos pilotos.

“A conscientização sobre a saúde mental nas mídias sociais das equipes costuma ser sobre os pilotos, mas não sobre o restante de sua força de trabalho”, comparou.

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“Você fica com a impressão de que a alta cúpula não quer avaliar seus mecânicos e técnicos, pois ficarão com medo dos resultados”, opinou.

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“Se eles conhecem os resultados, eles sabem que têm que agir de acordo com eles e, em última análise, um mecânico não é importante o suficiente para se preocupar, nem para gastar dinheiro extra”, falou.

Salário e mercado de trabalho

O profissional também relatou que o salário de um mecânico “praticamente estagnou nos últimos 20 anos” e perguntou: “que motivação isso lhe dá para a quantidade de tempo, esforço mental e físico que você está dedicando ao longo dos anos no esporte?”.

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“Além disso, como as equipes estão tentando conter os gastos devido ao limite de custos, elas simplesmente não podem pagar aumentos salariais que acompanhem a inflação”, explicou.

“Portanto, isso vai estagnar os salários e matar o mercado de trabalho na Fórmula 1, que ficará atrás de outras categorias. Mas talvez a coisa que mais ajudaria seria um pouco de empatia do topo da Fórmula 1”, projetou.

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“Todos nós fazemos esse trabalho porque amamos as disputas, mas chega um ponto em que nosso bem-estar físico e mental precisa ter prioridade sobre as necessidades do esporte para continuar rendendo nas corridas”, finalizou.

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