Porém, não é só isso. Os campeonatos estaduais têm enfrentado uma espécie de crise, tanto em questão de público quanto de estrutura. Para investigar esse assunto, o site de apostas esportivas online Betway realizou este levantamento exclusiva sobre a perda de relevância do futebol estadual. Os pontos principais estão a seguir!
Importância de um título
Não basta marketing para que um título se torne mais ou menos importante. Existem alguns aspectos que mexem com os torcedores, e fazem com que os estádios sejam lotados e milhares de pessoas assistam ao jogo pela televisão. Estes são os principais:
- História. Cada torneio e time têm uma fase. Quando há uma troca de treinador ou jogador, por exemplo, se torna mais interessante acompanhar para ver como será;
- Tradição. Há jogos que são clássicos, e isso ninguém discute. Clássico de Corinthianos contra Palmeirenses sempre chamará mais a atenção do que uma disputa com uma equipe menor;
- Minutos finais. Taças que são conquistadas com muito suor costumam ser lembradas por mais tempo. Prova disso é o carinho que os palmeirenses têm pelo título de 1993, vencido contra o Timão durante os pênaltis;
- Último título. Quando faz tempo que um time não ganha um campeonato, é normal que os torcedores fiquem mais eufóricos durante uma final;
- Situação de cada time. Para equipes mais desconhecidas vencer um torneio, mesmo que ele seja local, é um grande feito. Até porque, muitas vezes, esse é o seu primeiro ou segundo prêmio.
Objetivos maiores
Para os grandes clubes, vencer um estadual não tem tanta relevância, porque eles passaram por essa fase. Dependendo de como a equipe está estrutura, os jogadores e os torcedores estão almejando um título nacional ou internacional, como é o caso da Libertadores.
Sem contar que o calendário de futebol brasileiro atual prejudica a preparação dos atletas. Os estaduais ocupam os cinco primeiros meses do ano e logo em seguida vem o Brasileirão. Há um intervalo muito pequeno para que os profissionais possam se organizar e descansar.
No caso de quem venceu ou chegou perto, os desafios podem ser até maiores. Afinal, os times disputaram mais partidas e ainda estão sob o estresse das competições anteriores.
Além do mais, o fato de sempre ter um jogo acontecendo confunde os torcedores. “Os próprios torcedores não conseguem entender o que é disputado. Isso afeta diretamente os interesses dos torcedores brasileiros. Esse desinteresse influencia diretamente nos negócios e quanto grupos de streaming e redes de televisão pagam por ele”, afirma Pedro Menezes, Senior Business Consulting da consultoria Ernst & Young, em entrevista exclusiva à Betway. “Antes era um formato muito bom. (Agora) aconteceu muito, até em conversas sobre futebol com vários amigos, de a gente torcer por um jogo e não saber o que está valendo. Às vezes não valia nada”.
“De uma maneira geral, o que se percebe é que os campeonatos estaduais disputam a atenção dos torneios nacionais e internacionais e, muitas vezes, são derrotados. “Os estaduais estão em um contexto de globalização, até de disputa da atenção do futebol nacional com o do exterior. Hoje, eu tenho a impressão que o cara torce para um time do Rio de Janeiro e pelo Arsenal como antes torcia pelo Moto Club (Maranhão) e pelo mesmo time do Rio de Janeiro ”, diz o professor de jornalismo da Cásper Líbero Celso Unzelte. ”
O que mantém os estaduais de pé
Diante de tantas questões envolvendo os campeonatos estaduais, é normal se questionar por que eles continuam existindo. A razão principal é política, pois as confederações estaduais (Federação Carioca, Paulista e Baiana) ocupam parte relevante do conselho eleitoral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Como ainda não é possível se organizar, de forma independente, para montar um Brasileirão, as federações continuarão existindo – e as disputas locais também.
Para os especialistas o problema não é manter os estaduais, mas, sim, organizá-los melhor. Até porque, grandes nomes saíram de clubes estaduais e podem vir a surgir.
“A valorização dos campeonatos estaduais deveria ser repensada, até mesmo pela CBF, para qualificarmos os atletas porque sem esse nível de competição e minutagem de jogo, o atleta vai ficando cada vez mais escasso no mercado”, afirma Maria José Vieira. “Temos que pensar no futebol como uma cadeia produtiva. Uma cadeia econômica. Se você não tem motivação para alimentar aquela cadeia produtiva, ela não vai funcionar. O que queremos é fomentar o mercado. Não apenas a renda do clube, mas o mercado do futebol em si”, conclui.

