Home Tênis Andy Murray crítica diferença de prêmio para homens e mulheres no torneio de Dubai

Andy Murray crítica diferença de prêmio para homens e mulheres no torneio de Dubai

Murray é conhecido no mundo do tênis por defender igualdade entre homens e mulheres

Thais May Carvalho
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestranda de Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo, sou colaboradora do Torcedores.com desde 2020. Escrevo sobre diversas modalidades, com foco mais voltado para futebol americano, beisebol, surfe, tênis, futebol, hóquei no gelo e basquete.

Após ser eliminado do torneio de Dubai nesta quarta-feira (23), Andy Murray falou sobre a diferença entre as premiações recebidas pelos homens e as mulheres na competição. No último final de semana, Jelena Ostapenko venceu o WTA 500 de Dubai e levou o equivalente a 104 mil dólares. Enquanto isso, o campeão do ATP 500 de Dubai, que será decidido no próximo sábado (26), levará uma premiação de quase 524 mil dólares.

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“Isso é um grande retrocesso, então não é ótimo. Obviamente, se eles são eventos do mesmo tamanho com uma semana de intervalo, é uma grande discrepância”, disse Murray.

O tenista também lembrou como muitos prêmios são equivalentes ao tamanho do torneio: “Há torneios no tour, como o de Washington, por exemplo, com eventos de tamanhos diferentes, [então] os prêmios em dinheiro são distintos. Joguei o torneio de Brisbane para os homens, que é um evento menor em comparação com as mulheres, e o prêmio em dinheiro é invertido”.

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Andy Murray e a luta pelos direitos iguais

Essa não é a primeira vez que Andy Murray defende o tratamento igual entre homens e mulheres e destaca o preconceito que existe no mundo do tênis, que, apesar de ser uma importante plataforma para os direitos das mulheres nos esportes, ainda enfrenta questões como essa que ocorre em Dubai.

Em diversas ocasiões, Murray falou sobre os comentários sexistas que recebeu por ter escolhido Amélie Mauresmo, tenista ex-número 1 do mundo, para ser sua técnica em 2014. “Quando saiu pela primeira vez na imprensa que eu poderia trabalhar com uma mulher, recebi uma mensagem de um dos jogadores que agora está treinando. Ele me disse: ‘Adoro esse jogo que você está fazendo com a imprensa; talvez você devesse dizer a eles amanhã que está pensando em trabalhar com um cachorro'”.

“A quantidade de críticas que ela recebeu em comparação com qualquer outro treinador com quem já trabalhei – não é comparável. Agora, quando eu perco uma partida, eu recebo a culpa. Quando eu trabalhava com ela, era sempre culpa dela”, falou Murray à revista Elle.

Em uma entrevista dada à CNN em 2020, ele também revelou que já ouviu de outros tenistas como eles não queriam premiações iguais para homens e mulheres. “Digamos que o cheque do perdedor da primeira rodada tenha ido de oito para dez mil dólares para os homens. E o feminino passou de seis para dez. Falei com alguns jogadores do sexo masculino que estavam descontentes porque o prêmio em dinheiro era igual. Eu disse: ‘Bem, você preferiria que não houvesse aumento algum?’ E eles me disseram: ‘Sim.’ Essa é uma parte da mentalidade com a qual você está trabalhando nessas discussões. Alguém prefere ganhar menos dinheiro para não estar em pé de igualdade com algumas das jogadoras”.

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O tenista britânico também já corrigiu perguntas de repórteres. Nos Jogos Olímpicos do Rio, por exemplo, um jornalista o parabenizou por ser “a primeira pessoa a ganhar duas medalhas de ouro olímpicas no tênis”, mas Murray o lembrou que as irmãs Williams também eram multicampeãs: “Acho que Vênus e Serena ganharam cerca de quatro cada”. Já em Wimbledon, em 2017, quando um repórter ressaltou que Sam Query era “o primeiro jogador dos EUA a chegar a uma semifinal de major desde 2009”, Andy Murray disse que ele era o primeiro tenista homem dos Estados Unidos a conseguir o feito.