Se há um (raro) consenso entre torcida, diretoria, imprensa, comissão técnica e as demais partes que acompanham o dia a dia do Palmeiras, é a necessidade de um “camisa 9” para a equipe bicampeã da América. Desde o início do trabalho de Abel Ferreira, diversos jogadores e setores do elenco têm se desenvolvido, mas aqueles responsáveis pela eficiência ofensiva foram os únicos que não parecem ter acompanhado a evolução.
O assunto vêm à tona em cada partida, e chegou a ser pauta diária no início do ano do Verdão. Diversos nomes foram cogitados, propostas foram feitas mas, no fim, o titular, o “dono da posição”, não veio. E a comissão técnica se virou. E talvez venha conseguido mais do que imaginava.
Enquanto se falava em um “9”, o Palmeiras se acertou com um “7”, que virou “10”, como centroavante. Estamos falando, claro, de Rony. O atacante, que chegou como ponta, tornou-se um jogador que se não é de área, é ao menos de referência. Primeiro por necessidade, diante dos vários desfalques por infecção de covid-19, ainda em 2020, depois por convicção de Abel Ferreira e sua comissão.
O “Rústico” não tem exatamente o cacoete ou o porte físico que se espera de um jogador de sua posição mas, taticamente, têm servido a um propósito muito interessante, tanto como um primeiro ponto de pressão e marcação da defesa adversária, quanto como um “suporte”, dando opções de passe e lançamento aos três jogadores de maior técnica no Verdão: Dudu, Raphael Veiga e Gustavo Scarpa.
Nesse ponto, Rony é insubstituível no Palmeiras. Tanto que Abel Ferreira revelou, em sua participação no podcast da Conmebol, na última segunda (28), que implorou para que o ele não fosse vendido em 2021. Da mesma maneira, avaliou ele muito positivamente, afirmando que poderia estar em gigantes da Europa caso melhorasse seu nível com a bola nos pés.
Rony tem resolvido no Palmeiras
Abel tratou cirurgicamente do ponto de discussão sobre Rony: sua qualidade com a bola nos pés. Afobado e muitas vezes sem repertório para algumas situações ofensivas, o hoje camisa 10 dá a impressão de que não consegue transformar em gols toda a produção ofensiva do Palmeiras, que teve notória evolução em 2022.
Ainda assim, o atacante têm, nos últimos jogos, correspondido. Autor de quatro gols em 11 partidas na temporada, o “Rústico” anotou dois gols nos últimos dois compromissos do Verdão, justamente nas quartas e semifinais do Paulistão. Mais: balançou as redes nos segundos gols alviverdes, garantindo a vitória ao clube.
A final contra o São Paulo pode ser um divisor de águas. Caso marque e seja decisivo, Rony pode “acalmar” a busca por um camisa 9 titular. Mas caso não consiga corresponder, é possível que quaisquer negociações em andamento sejam aceleradas — mais do que já devem estar.

