Home Futebol Seleção Feminina Sub-17 controla os espaços e mostra a sua força diante da frágil equipe da Bolívia

Seleção Feminina Sub-17 controla os espaços e mostra a sua força diante da frágil equipe da Bolívia

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Simone Jatobá e a atuação brasileira na segunda rodada do Campeonato Sul-Americano

Por Luiz Ferreira em 05/03/2022 13:07 - Atualizado há 2 anos

Adriano Fontes / CBF

Este que escreve entende muito bem que a frágil equipe da Bolívia ofereceu resistência quase zero para as comandadas de Simone Jatobá e que a goleada aplicada pelo Brasil poderia ter sido ainda mais elástica. A própria treinadora da Seleção Feminina Sub-17 levantou essa bola em entrevista concedida para o site oficial da CBF após a vitória por 7 a 0 nesta sexta-feira (4), no Estádio Charrua, em Montevidéu, ao falar em lentidão na troca de passes e em falta de intensidade em determinados momentos. Por outro lado, a equipe brasileira apresentou um ótimo repertório de jogadas de ataque, esteve sempre muito bem organizada desde o sistema defensivo e privilegiou a saída pelo chão sem bolas muito longas. Mais uma ótima atuação coletiva e uma clara demonstração da força por parte da Seleção Feminina.

Para o jogo contra a Bolívia, Simone Jatobá fez algumas mudanças no time. A goleira Elu, a lateral Luana e as volantes Berchon e Rebeca foram substituídas por Leiliane, Yasmin, Ana Júlia e Lara respectivamente. O desenho tático não mudou. O 4-2-3-1 que tinha a cada vez mais decisiva Jhonson no comando de ataque, Carol como meia de criação e as velozes Dudinha e Aline Gomes se movimentando muito no espaço entrelinhas das suas adversárias foi mantido. Diante do que se viu durante os noventa e poucos minutos de partida, as alterações visavam trazer ainda mais presença ofensiva para a Seleção Feminina contra uma Bolívia que pouco incomodou a goleira Leiliane. Na prática, o Brasil fazia o que queria em campo. Sem exagero nenhum.

A Seleção Feminina não encontrava dificuldades para fazer a bola circular de um lado para o outro. Jhonson abiu o placar aos seis minutos da primeira etapa após passe de Carol que a zaga boliviana não conseguiu cortar. O gol de Ana Júlia (marcado aos 18 minutos) que nos mostrou um pouco da movimentação intensa e da concentração para “ler” os espaços tão desejada por Simone Jatobá. Dudinha corta para o meio e passa para Carol. Esta tabela com Lara e vê a camisa oito da Seleção Feminina atacando o espaço aberto pela movimentação das atacantes brasileiras e faz o passe. Ana Júlia recebe na frente e só tem o trabalho de deslocar a goleira Salazar com um leve toque. Belo gol e bela jogada coletiva.

Dudinha inicia a jogada e abre o espaço que Ana Júlia ataca no lance do segundo gol da Seleção Feminina sobre a Bolívia. Boa jogada coletiva. Imagens: Reprodução / SPORTV

Lara fez o terceiro em chute que a goleira boliviana não segurou dois minutos depois. E aos 21 minutos, Jhonson rouba a bola no meio-campo e aciona Dudinha que parte em velocidade da direita para dentro. Notem na animação abaixo como a camisa 9 da Seleção Feminina arrasta toda a zaga adversária e permite que sua companheira de equipe tenha tempo e espaço para escolher a melhor definição para esse contra-ataque iniciado poucos segundos antes. É aí que vemos um pouco daquilo que Simone Jatobá tanto defende: objetividade, intensidade e concentração. Dudinha teve que finalizar duas vezes para fazer seu primeiro gol no Campeonato Sul-Americano. Embora o escrete canarinho tenha diminuído um pouco o ritmo, o Brasil ainda balançou as redes mais uma vez antes do intervalo com mais um gol da camisa onze após jogada ensaiada.

Jhonson rouba a bola no meio-campo e arrasta a marcação até a entrada da área. Tudo para que Dudinha tivesse espaço para avançar e concluir a gol. Imagens: Reprodução / SPORTV

A segunda etapa nos apresentou uma Bolívia que tentou sair mais para o jogo, mas que esbarrava nas próprias limitações. Aos 19 minutos, Amanda (que havia entrado no lugar de Kedima) fez belo cruzamento na cabeça de Jhonson no lance que originou o sexto gol brasileiro. Embora não tenha feito tantos gols como no primeiro tempo, a Seleção Feminina conseguiu realizar mais jogadas de ultrapassagem pelos lados do campo e ter as laterais mais presentes no apoio. Todo o lance do sétimo e último gol da partida ressalta bem aquilo que Simone Jatobá tanto pede da sua equipe. Intensidade, objetividade e muita movimentação. Lara encontra Duda Calazans no meio da defesa boliviana e a jogadora do Fluminense dá um belíssimo passe de calcanhar para Natália Vendito dominar dentro da área e deslocar a goleira Salazar com um leve toque. Golaço.

Lara recebe de Ana Júlia e encontra Duda Calazans na entrada da área. Esta deixa Natália Vendito na cara do gol com um belíssimo passe de calcanhar. Imagens: Reprodução / SPORTV

A gente tenta fazer com que todas joguem. Obviamente, haverá jogos em que isso não acontecerá. Mas o máximo que a gente puder de dar minutagem para a atleta jogar, dentro da estratégia e da tática adotada, vamos fazer. É importante que o grupo esteja todo unido. O coletivo predomina, isso que importa.” As palavras de Simone Jatobá ao site oficial da CBF após a goleada sobre a Bolívia resumem bem o espírito e a estratégia de se potencializar o talento de todas as jogadoras da Seleção Feminina. Por mais que o adversário desta sexta-feira (4) tenha oferecido pouquíssima resistência, as alterações feitas antes e durante a partida surtiram efeito e mostraram que a treinadora brasileira tem o elenco na mão. Falta ainda o salto de qualidade que somente as partidas contra adversários mais fortes podem proporcionar.

Seja como for, a Seleção Feminina dá a impressão de que está no caminho certo para conquistar seu principal objetivo: a vaga na Copa do Mundo Sub-17 da Índia. Eu e você vemos uma equipe com alternativas interessantes em todos os setores, um vasto repertório de jogadas e muita organização com e sem a bola. E uma vitória sobre o Paraguai na próxima terça-feira (8) praticamente encaminha a classificação para o quadrangular final do Campeonato Sul-Americano Sub-17.

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