Nesta semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) negou o pedido do Ministério Público contra o youtuber Júlio Cocielo. O MP pedia que o influenciador pagasse uma indenização de R$ 7,5 milhões por dano social por causa de comentários racistas feitos em 2018 durante a Copa do Mundo envolvendo o atacante francês Mbappé.
“Mbappé ‘conseguiria fazer uns arrastão top na praia” disse Cocielo ao comentar na rede social o desempenho do jogador da seleção francesa de futebol no Mundial da Rússia. Na época, o youtuber perdeu vários contratos publicitários e apagou a publicação. Depois da repercussão, ele ainda publicou um pedido de desculpas alegando interpretações “diferentes” no seu tweet.
O portal Metrópoles informou que, “segundo o MPSP, pelo menos desde 2010, Cocielo “tem sistematicamente feito ‘piadas’ racistas, reforçando, assim, estereótipos cuja repetição contínua e criativa reforça o racismo da sociedade brasileira, que deve ser discutido e eliminado”.
A acusação já tinha sido negado em primeira instância, mas o Ministério Público recorreu da decisão. Como os casos anteriores já está prescrito, o tribunal analisou apenas o ocorrido contra o atleta.
A desembargadora responsável pelo caso, Viviani Nicolau, afirmou que “parece claro” que Cocielo “não teve intenção direta de disseminar uma mensagem preconceituosa”. Mas destacou que: “De fato, por um lado é possível fazer a leitura de que o requerido fez uma associação franca entre um atleta negro e o crime, afirmando que sua velocidade no futebol poderia ser proveitosa para realizar ‘arrastões’ nas praias”.
“Porém, não é possível descartar por completa a tese da defesa, no sentido de que, no momento da fala, apenas se reportou à velocidade do jogador e fez a piada, momentaneamente ignorando as características físicas do atleta e a associação ruim que poderia ser feita a partir disso”, completou ela.

