Home Futebol Brasileiro rodou o interior paulista, rejeitou a Série A e agora brilha na ‘Champions League’ da Concacaf

Brasileiro rodou o interior paulista, rejeitou a Série A e agora brilha na ‘Champions League’ da Concacaf

O volante Higor Meritão, do Pumas, teve caminho pouco comum no futebol

Lucas Ayres
Jornalista no Torcedores.com desde 2021, sou editor responsável pela coordenação de toda a produção audiovisual do site desde 2022, além de produzir matérias especiais, entre entrevistas, coberturas de eventos e artigos analíticos. Completamente apaixonado por esportes, mas em especial por futebol, seja pela sua parte técnica e tática, seja pela sua parte humana, social e sociológica, trabalho na área do jornalismo de esportes desde que me formei, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Passei pela Revista PLACAR, pela Premier League Brasil, pela Esportelândia e pela produção do programa "Esporte Record News", da Record News. No futebol, me especializo na cobertura dos seguintes campeonatos: Brasileirão Série A; Copa do Brasil; Copa Libertadores; Champions League; Premier League; La Liga; Campeonato Paulista. Também cubro basquete, em especial a NBA. Você pode conferir alguns dos meus melhores trabalhos aqui [https://lucasrayres.contently.com] e também um pouco do meu trabalho no audiovisual aqui [tiktok.com/@torcedorescom] e aqui [youtube.com/c/TVTorcedoresOficial/videos].

Enquanto no Brasil os times se preparam para o início do Brasileirão e da Libertadores, no futebol norte-americano o momento é de decisão. Nesta terça (12), Pumas e Cruz Azul, ambos do México, fazem a partida de volta das semifinais da Liga dos Campeões da Concacaf — a “Concachampions”, para os íntimos.

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Nesse jogo está envolvido um jogador que, há um ano, vivia a expectativa para saber se jogaria no restante da temporada. E hoje é uma das principais peças da equipe que é favorita para ir à final da “Libertadores da América da Norte”. Estamos falando, claro, de Higor Meritão.

Se o nome não lhe é familiar, não estranhe. A não ser que você seja um fanático pelo futebol paulista, ou torcedor do Paraná ou do Botafogo de Ribeirão Preto, o volante realmente não é tão conhecido pelo torcedor brasileiro. O que só torna sua história mais interessante.

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O volante vive, aos 27 anos, sua primeira experiência não só fora do país, mas no futebol de primeira divisão nacional. Até então — julho de 2021, para ser mais exato —, ele praticamente só tinha atuado em times do interior de São Paulo, e um par de outras equipes da Série B do Brasileirão.

Revelado pelo Monte Azul, Higor Meritão rodou por times como XV de Jaú, Olímpia, Sancruzense e Velo Clube até parar na Ferroviária, em 2018. O time de Araraquara tem uma gestão diferente em relação aos seus pares paulistas, que tem times com “prazo de validade”, geralmente até o fim dos estaduais. E fez um contrato longo com o jogador — e que segue vigente, é bom dizer.

Não bastasse o vínculo mais comprido, a “Ferrinha” manteve o jogador em ação, emprestando-o após os estaduais de 2019 e 2020, para o Botafogo-SP e o Paraná, respectivamente, ambos para a disputa da Série B. A experiência foi benéfica para ambos clube e jogador.

Em 2021, Meritão foi titular de um campanha notável da Ferroviária no Paulistão, que fez 21 pontos — a maior pontuação depois de São Paulo e Corinthians, e igual à do Palmeiras — e caiu nas quartas de final para o campeão, o São Paulo.

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As atuações do volante chamaram a atenção, e as propostas vieram. Mas o destino foi inusitado. “Depois do Paulistão, que eu fui bem, recebi duas propostas da Série A. Mas optei por vir para cá (para o México), por fé nos planos de Deus para mim, e na minha capacidade também”, revelou Meritão, em entrevista exclusiva ao Torcedores.

O “salto” de Meritão para o México

A proposta que Higor Meritão aceitou foi uma de empréstimo, por apenas uma temporada, para o Pumas, da Cidade do México. Então, em junho de 2021, ele “saltou” de um clube da quarta divisão, de uma cidade de 200 mil habitantes e um estádio com capacidade para 25 mil pessoas para um time tradicional da primeira divisão, numa das maiores cidades do mundo, com mais de oito milhões de habitantes e que joga numa arena onde cabem 70 mil pessoas.

O curioso que, para Meritão, nada disso pesou em sua chegada. O que não quer dizer que ela tenha sido exatamente tranquila. “A adaptação foi complicada, no começo. Principalmente pela velocidade do jogo e pela altitude.”

De fato, os mais de dois mil metros acima do nível do mar, na Cidade do México, além do atleticismo de uma liga de primeira divisão e num futebol notoriamente mais físico, podem ser grandes obstáculos — sem falar na velocidade do jogo.

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“O que mais me pegou foi a velocidade que jogam aqui. É um jogo de muita transição, que não para um segundo. Eu, que gosto de jogar de primeiro ou segundo volante e venho do Brasil, gosto de tocar mais na bola, carregar, girar o jogo, sofri um pouco no início. Mas graças a Deus consegui superar”, revelou o volante.

Realmente, Meritão conseguiu encontrar seu espaço. Tanto que hoje é titular — atuando numa dupla de volantes e alternando a função de primeiro e segundo marcador —, posto que alcançou de maneira definitiva no último par de meses, justamente nos momento mais decisivo da temporada.

Adaptado e titular do Pumas

Ao todo, são 39 partidas, dois gols (um que guarda com carinho, diante do América, em pleno estádio Azteca) e uma assistência pela “UNAM”. Um feito impressionante, se considerarmos os apenas 10 meses que separam a chegada de Higor ao México e os dias de hoje. Essa velocidade, aliás, ele condiciona à sua mentalidade.

“Eu desde que comecei sempre fui pé no chão. Tinha metas claras, sabe? Quando estava na A3 (do Paulista), tinha meta de jogar na A2; quando estava na A2, queria a A1; depois Série B e Série A, e por aí vai”, analisa.

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A Série A, pelo menos a brasileira, ainda não aconteceu. Mas a mexicana foi alcançada, e com êxito. O problema agora é a escolher a próxima meta. São vário objetivos ao seu alcance: um título, uma possível vaga no Mundial de Clubes (via Concachampios), a titularidade absoluta…

Mas, centrado como sempre, Meritão põe novamente os pés no chão e sabe a sua meta: ficar. “Estou muito feliz aqui, eu a minha família. E quero ficar. Se Deus quiser vamos conseguir”, ele anuncia.

Essa parte, infelizmente, não cabe somente ao jogador. Ele está, afinal, emprestado até o final de maio ao Pumas, e tem vínculo com a Ferroviária até 2024. Mas nada de pensar nisso nesse momento. Agora é decisão: às 23h, no estádio Azteca.